Prólogo

5 1 2
                                    

Eu abri os olhos devagar, sentindo uma brisa densa tocar meu rosto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu abri os olhos devagar, sentindo uma brisa densa tocar meu rosto. Tudo ali era gelado, quase mórbido. Eu olhei ao redor; estava vestida com o pijama com o qual tinha ido dormir. Respirei com dificuldade; o ar pesado entrava em meus pulmões. Tudo ali era cinza, enevoado, denso. Eu tentei mover minhas pernas, mas elas pareciam pesadas demais. Mesmo assim, comecei a andar, mesmo sem ver em que eu pisava, mas meus passos ecoavam por aquele lugar.

Tudo ali era escuro; mal dava para ver um palmo diante do meu rosto. Eu não ouvia nada além de ruídos e sussurros. Eu andei devagar, já sentindo o frio percorrer minha espinha; a sensação do caminho estreito era claustrofóbica. Havia galhos secos e retorcidos em todo lugar, como mãos esqueléticas.

Ouvi um som na névoa e firmei a visão para tentar enxergar. Eram sombras de criaturas se movendo na neblina; seus olhos brilhavam como brasas na escuridão. Não conseguia ver claramente, mas sentia suas presenças, observando, esperando. Meu coração batia descompassado, e cada som, cada movimento fazia meu medo crescer. Era uma pura sensação de desespero.

Não me lembrava de ter chegado ali, nem de onde estava antes. Eu forçava a mente, mas tudo que lembrava era de estar ali e pronto. Tentei encontrar uma saída, talvez gritar o nome de alguém, mas até falar me dava medo. E se alguém me ouvisse? As criaturas? Eu andava em círculos, passei pelas árvores que tinha visto anteriormente mais vezes do que me lembro. Era um labirinto?

Eu me belisquei. Talvez fosse um sonho. Não senti nada. Era mesmo um sonho, então. Se era um sonho, eu iria acordar em breve. Pelo menos era o que eu achava.

O labirinto parecia se estender infinitamente. Cada corredor levava a mais névoa, mais galhos, mais olhos brilhantes. Senti o suor frio escorrendo pela minha testa. Devia estar sonhando. Eu precisava acordar. Apertei os olhos com força e os abri rapidamente. Nada.

Ter sonhos assim era normal, não era?

Tudo ali parecia uma eternidade. Um sonho longo e assustador. Depois de tanto andar, eu parei e sentei em um tronco no meio da névoa e ali esperei. Não via ninguém, sentia apenas desespero. Depois de tanto tempo ali, sozinha, eu decidi caminhar de novo. Mas eu não saía do lugar.

Foi então que vi o motivo do meu desespero em tantas noites. Por tantas vezes tive aquele pesadelo. Eu comecei a chorar desesperada, beliscando sem parar o meu braço. Eu precisava acordar.

A velha de olhos costurados, sua pele pálida e enrugada, se destacava na névoa. Seus cabelos eram longos e desgrenhados, caindo em mechas sujas sobre seus ombros. As rugas em seu rosto eram profundas, seus lábios também eram costurados com um fio grosso e escuro, e ela emitia um som gutural ao tentar falar.

O cheiro que emanava dela era nauseante, uma mistura de mofo, terra úmida e algo podre, como carne em decomposição. Era um odor tão forte que quase podia sentir o gosto amargo na boca. Cada vez que ela se aproximava, o cheiro se intensificava, fazendo meus olhos lacrimejarem e meu estômago revirar. Eu queria correr, eu precisava correr, mas era como se estivesse paralisada.

Anjo da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora