turbulence; seongjoong

turbulence

"Senhoras e senhores, estamos passando por uma área de turbulência. Pedimos que todos retornem aos seus assentos e mantenham os cintos de segurança afivelados. A tripulação interromperá o serviço e também permanecerá sentada até que seja seguro continuar. Agradecemos pela compreensão."

ㅡ Turbulência? ㅡ Seonghwa murmurou sobre sua respiração, apertando as mãos no braço do assento. No mesmo instante, ele sentiu a aeronave chacoalhar e seu coração doeu contra seu peito com tanta força que bateu. ㅡ Pelos elementos! Ai meu Deus... Vou morrer. 

Ele odiava aviões. 

Seonghwa achava extremamente inconcebível uma coisa com uma tonelada sobrevoar porque duas turbinas estavam girando, era difícil de acreditar que fosse o meio de transporte mais seguro. Veja só, a evolução e modernidade tinham trazido sim grandes inovações para o mundo, sem dúvida, e ele ficava feliz em comemorar os passos que a humanidade dava em direção a plenitude tecnológica. Mas, ficar preso dentro de uma caixa de metal a não sei quantos metros de altura, sobrevoando o oceano era... Aterrorizante! 

Seonghwa fechou os olhos, apertando bem suas pálpebras e soprando em palavras baixas uma prece para qualquer deus que estivesse ouvindo. 

ㅡ Ei, você está bem? ㅡ Seonghwa abriu os olhos ao som da voz. O avião já tinha parado de balançar violentamente e agora se mantinha num nível aceitável, mas ainda sim chacoalhava, o que causava em Seonghwa um solavanco vez ou outra. 

O homem que notou seu nervosismo, estava na fila de assentos do outro lado do corredor, os olhos escuros e límpidos fitando Seonghwa que parecia um filhote medroso agarrado ao assento. Por sorte, não havia ninguém do seu lado presenciando a humilhação e ele imaginou que ninguém estava prestando atenção no seu momento de fraqueza, esperando pelo pingo de dignidade que lhe restava ao se comportar como uma criança, que seu corpo não estivesse lhe denunciando, liberando o odor de medo de si. O homem do outro lado, no entanto, estava bastante ciente do nervosismo dele.

ㅡ S-sim. Eu... ㅡ Seonghwa sufocou as palavras com um pequeno choramingo quando o avião balançou mais uma vez. 

ㅡ Não é fã de aviões? ㅡ Seonghwa balançou a cabeça porque se achava incapaz de abrir a sua boca e não soltar um gemido de dor no momento. ㅡ Já tentou dormir? 

ㅡ Não consigo. Tenho medo dessa merda cair e não consigo dormir, ou ouvir música, ou ler, ou qualquer coisa. ㅡ ele balbuciou sincero, respirando fundo para se acalmar. Falar ajudava, apesar. Só que geralmente, Seonghwa viajava sozinho para realizar as campanhas e conversar sozinho era além de um motivo para alguém julgá-lo fora de suas capacidades mentais. 

Ele era um homem adulto, já deveria estar acostumado com as viagens, mas elas nunca ficaram mais fáceis. Ele era um modelo, bastante conhecido e viajava pelo mundo com uma frequência suficiente para fazê-lo ser familiarizado com aeronaves, mas, a quantidade de vezes que precisava visitar um novo aeroporto não tornava nada mais fácil. E a última viagem para Los Angeles, no ocidente, o prendia em um avião por mais de dez horas. 

Não importava se ele estava na primeira classe ou em um jatinho da realeza com o maldito Deus dos aviões nele para lhe assegurar que estava seguro, o medo e ansiedade sempre ganhavam o melhor de si. 

ㅡ E beber? ㅡ O estranho sugeriu, recebendo um olhar aflito de Seonghwa.

Sem esperar por uma resposta, o homem, um alfa, pelo que Seonghwa pode notar apesar do seu nervosismo nublando seus sentidos, chamou uma aeromoça e pediu por duas bebidas. Ele nem tinha notado que elas já estavam circulando pela nave, assegurando os passageiros. Seonghwa não se importou, se beber lhe ajudasse a distrair sua mente, ele ficaria feliz em mergulhar em uma garrafa de tequila.