Deadly Poison - JIHAN

Again;

Jeonghan abriu a porta de sua casa com um movimento brusco, os ombros tensos e o olhar duro mesclando frustração e uma raiva fervente. Ele ignorava qualquer detalhe ao seu redor, os móveis ao longo do corredor, as luzes que estavam acesas por onde passava, nem mesmo as marcas de suas próprias mãos deixadas na madeira das paredes quando subia as escadas pareciam chamar sua atenção. Cada passo era carregado de tensão, e seus sapatos batiam com força sobre os degraus, ecoando pelo silêncio da casa enquanto ele seguia direto para o escritório. Ao chegar à porta, abriu-a com um empurrão, deixando-a bater contra a parede.

No instante em que entrou no cômodo, sua frustração explodiu. Ele se dirigiu à mesa em um impulso, e antes de pensar, já estava varrendo com o braço todos os papéis e documentos ali cuidadosamente organizados. As folhas voaram pelo chão, espalhando-se em desordem – todas as pesquisas meticulosas que ele havia feito sobre Joshua, todos os detalhes, os passos, os pontos fracos e as brechas que acreditava ter encontrado. Eram informações que ele havia garimpado com precisão, investindo horas de seu tempo, noites sem dormir e todos os recursos ao seu dispor, acreditando que tudo aquilo o levaria à perfeição em seu plano. Mas no final, nada disso havia servido. Apenas o deixou com o gosto amargo da possível derrota, algo que fazia o ódio dentro dele crescer a cada segundo.

Ele se apoiou na mesa, o peito subindo e descendo com a respiração pesada. Suas mãos cerraram em punhos até que os nós dos dedos ficaram brancos.

ㅡ Filho da puta… desgraçado… ㅡ As palavras saíam entre dentes, carregadas de rancor. Ele bateu a mão na mesa de madeira, o som reverberando pelas paredes enquanto ele se inclinava, tentando manter o controle. Mas a raiva era maior, e ele sentia que estava prestes a explodir. ㅡ Aquele empresário de merda… arrogante… ㅡ Em um movimento instintivo, suas mãos foram até os cabelos, puxando-os, como se de alguma forma esse gesto pudesse aliviar a pressão em sua cabeça, como se arrancar os próprios fios pudesse aliviar o tumulto em sua mente.

Foi então que um leve e hesitante de alguém batendo à porta tirou Jeonghan de seu próprio turbilhão mental. Ele levantou a cabeça, ainda com as mãos entrelaçadas nos cabelos, e seus olhos escuros fitaram a entrada, onde Mingyu, seu assistente, observava a cena com certa cautela. A porta estava entreaberta, e ele não sabia há quanto tempo o outro estava ali, mas a expressão de Mingyu deixava claro que ele percebera o caos que preenchia a sala – e Jeonghan, nesse momento, pouco se importava com o impacto que aquilo pudesse causar.

ㅡ Mingyu… ㅡ Murmurou, numa voz grave, porém baixa.

ㅡ Boa noite, Jeonghan. ㅡ O assistente deu um passo para dentro, segurando um copo de água em uma das mãos. Ele tentava manter a compostura, embora fosse evidente que a visão de seu chefe em tal estado o deixava desconfortável. ㅡ Como foi? ㅡ arriscou perguntar, estendendo o copo.

Jeonghan o encarou por um segundo, com os olhos cansados. Ele não queria água; queria uma solução, uma forma de fazer o maldito empresário se arrepender de cada segundo de tamanha arrogância e orgulho. Ainda assim, pegou o copo e tomou alguns goles rápidos, na esperança de aplacar pelo menos um pouco da raiva que queimava em seu peito. Ele deixou o copo sobre a mesa com um leve tilintar e respirou fundo, olhando para o chão coberto de papéis espalhados, antes de finalmente quebrar o silêncio.

ㅡ Deu tudo errado… ㅡ Soltou, quase num suspiro de derrota. ㅡ Não foi nada do que eu imaginei.

Mingyu franziu as sobrancelhas, visivelmente confuso. Jeonghan raramente falhava em algo que planejava. Ver o chefe desabar daquela forma era perturbador.

ㅡ Perdão? Mas… o senhor usou a Cicuta, não usou? ㅡ Arriscou, tentando entender onde tudo havia saído do controle. Mingyu lembrava-se de todas as etapas cuidadosamente elaboradas. O veneno foi cuidadosamente escolhido, não havia como falhar.