---Kim Miller desceu da sua moto esportiva, o rugido do motor ainda reverberando em seus ouvidos. Com um movimento rápido, ele retirou o capacete, revelando seus cabelos negros bagunçados e os olhos verdes intensos que pareciam brilhar com uma mistura de desprezo e desinteresse. Ele era alto, imponente, e a maneira como se movia mostrava que ele não estava ali para agradar a ninguém.
Enquanto caminhava em direção à escola, Kim sentia a pressão habitual dos olhares em sua direção. Todos sabiam quem ele era: o único filho da família Miller, herdeiro da MedTech, a empresa de tecnologia mais famosa do país. Mas para ele, aquele título era mais uma cadeia do que uma honra. Desde pequeno, ouviu que deveria ser o "próximo gênio" da companhia, que deveria "honrar o nome Miller". Contudo, o que seus pais não entendiam era que Kim não se importava com esse legado.
Ele odiava a forma como seus pais o tratavam, como se ele fosse um produto a ser moldado, e não um ser humano com seus próprios desejos. Para eles, o futuro de Kim já estava traçado – ele deveria se formar em administração, começar a trabalhar na empresa e, eventualmente, liderar tudo. Mas a ideia de vestir um terno, participar de reuniões e discutir estratégias de negócios o enojava. Isso era tudo o que ele não queria. Em vez disso, o que ele realmente amava eram suas motos, a música e a adrenalina das brigas.
Na escola, era conhecido como o delinquente que não seguia regras. Suas constantes infrações e a reputação de brigão só alimentavam a lenda ao seu redor. Ele não apenas ignorava as autoridades; ele desafiava-as. As discussões com professores e diretores eram comuns, e cada suspensão recebida parecia ser mais um troféu em sua coleção de rebeldia. Quando não estava se metendo em brigas com alunos de outras escolas ou se esbaldando nas ruas com sua moto, Kim passava horas no estúdio, tocando guitarra. Era a única coisa que realmente o fazia sentir-se livre. A música era sua forma de expressão, a única maneira de se livrar do peso que carregava.
Enquanto caminhava pelos corredores da escola, acendeu um cigarro, o fumo subindo como se quisesse dissipar suas frustrações. As regras da escola, as ordens dos pais – tudo isso se perdia na fumaça. Ele se encostou na parede, observando o movimento dos outros alunos, a maioria dele distante, como se uma linha invisível o separasse deles. Eles eram o tipo de pessoas que se encaixavam nas expectativas, que sorria e seguiam as normas. Kim, por outro lado, tinha orgulho de ser o oposto. Ele gostava de ser visto como o "garoto problemático", o "rebelde sem causa".
E, claro, havia as brigas. Kim nunca se esquivava de um desafio. Ele procurava conflitos, não por medo ou insegurança, mas pela emoção. Naquela semana, já tinha se envolvido em três brigas, todas com colegas que achavam que poderiam provocá-lo impunemente. Ele se destacava no meio da confusão, os punhos cerrados e a determinação em seu olhar. Para ele, era mais do que uma simples briga; era uma forma de afirmar sua presença, de mostrar que ninguém poderia passar por cima dele.
Ao entrar na sala de aula, sua postura era desafiadora. O professor, um homem idoso que já não tinha mais paciência para lidar com Kim, apenas suspirou ao vê-lo chegar. O clima de tensão se instaurou imediatamente. O resto da turma olhava para Kim com uma mistura de respeito e medo. Ele se sentou no fundo, cruzando os braços e apoiando os pés na mesa da frente, uma atitude que dizia que ele não estava ali para ser contido ou moldado. Na mente dele, o futuro que seus pais sonhavam para ele era algo que ele jamais aceitaria.
Durante a aula, ele pegou seu caderno e começou a rabiscar letras de músicas, os versos expressando sua raiva e sua luta interna contra a pressão que o cercava. Era o seu jeito de escapar, e, enquanto a caneta dançava pelo papel, ele sentia que a música poderia libertá-lo de alguma forma. Ele não queria se tornar um executivo de terno e gravata; ele queria ser um músico, um homem livre para escolher seu próprio caminho.
Quando o sinal tocou, Kim saiu da sala rapidamente, quase ignorando a voz do professor chamando-o. Ele precisava de ar, de liberdade, e as ruas o chamavam. Com um sorriso desafiador, ele saiu da escola e se dirigiu para sua moto, pronto para acelerar, pronto para deixar para trás as expectativas que o prendiam.
kim era mais do que um simples herdeiro – ele era um rebelde em busca de sua própria identidade, e não havia nada que pudesse pará-lo.
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