III.

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Eram quase 23:00 e o jovem Mingi sequer havia conseguido fechar os olhos para ter pelo menos um sono digno. Sua mente estava contaminada pela outra garota na qual sentia fortes sentimentos, Aurora.

O quarto estava silencioso e frio, com uma luz fraca que emanava da lâmpada noturna ao lado da cama. A temperatura estava baixa, mas o edredão macio e quente que o cobria proporcionava um conforto contraditório ao ambiente gelado. O aroma de lavanda que vinha do difusor de aroma no canto do quarto ajudava a relaxar, mas não conseguia afastar a tristeza que sentia.

Após alguns minutos pensando, Mingi se levantou e seguiu lentamente até o banheiro. Ao adentrar o espaço, ele se encarou no grande espelho à sua frente e observou atentamente cada mísero detalhe de sua face; seus belos lábios carnudos agora estavam levemente ressecados das grandes noites em claro chorando por conta de sua amada.

Seu rosto refletia a tristeza que sentia, com olheiras escuras e uma expressão de desamparo. O jovem levou sua mão destra até seus fios escuros, tentando ajeitá-los, mas infelizmente não teve sucesso na tentativa. Sua testa franzida e os cantos da boca abaixados revelavam a dor que sentia.

O banheiro estava escuro, com apenas uma luz fraca que vinha da janela, e o silêncio era quase palpável. Mas o aroma de sabonete e xampu que permeava o ar proporcionava um conforto familiar. O som suave da chuva que caía do lado de fora da janela criava uma melodia triste, mas acolhedora.

Seus fios de cabelo estavam bagunçados, dando-lhe uma sensação de que seu cabelo estava mais feio do que estava. Mingi suspirou com cansaço, após alguns minutos apoiou seus braços na pia de mármore, e dessa vez deixou apenas um grunhido baixo sair como um sopro de sua boca.

"Por que eu não consigo esquecê-la?" O jovem murmurou com tristeza, olhando-se no espelho e começando a lembrar de sua amada com uma pitada de arrependimento.

Na sua mente passava um filme doloroso, lembrando-se das risadas doces de Aurora, de cada sorriso que ele não achava nada demais, mas que agora significava tanto para ele; cada abraço que ela dava nele, que o esquentava tanto ao ponto que seu coração iria explodir como um vulcão em erupção.

Cada vez que ele fazia ela sorrir de maneira doce e gentil, cada penteado que ela usava para vê-lo, algo que na época era tão normal, mas agora ele percebe o quão significativo aquilo foi para ele.

Seus corações eram como somente um só, almas entrelaçadas numa dança apaixonada. Mas, infelizmente, agora eles não eram apenas um, suas almas estavam sozinhas numa dança de sofrimento sem fim.

O jovem retirou seus braços da pia e seguiu lentamente para fora do espaço, começando a caminhar com uma certa pressa para sair do banheiro e caminhar até a cozinha da casa.

A cozinha estava escura e silenciosa, com apenas a luz da geladeira iluminando o espaço. Mas o aroma de café e pão que permeava o ar proporcionava um conforto acolhedor. O som suave do relógio da cozinha marcava o tempo, lembrando-o de que a noite estava avançada.

Chegando ao local desejado, ele levou uma mão para a geladeira e abriu-a, tirando, de maneira cuidadosa, uma garrafa com água.

Em seguida, Mingi optou por pegar um copo e derramou o líquido gelado e transparente no mesmo. Após colocar a água, com um pouco de lentidão, ele levou o copo até sua boca já entreaberta para receber o líquido, sentindo o frescor da água descer por sua garganta. O gosto era simples, mas era exatamente o que ele precisava naquele momento.

"Eu não vou conseguir dormir hoje...esse assunto não some da minha mente." Falou sentindo uma breve dor de cabeça, parecia que sua cabeça estava sendo martelada diversas vezes. Sua expressão de frustração era evidente, com as sobrancelhas franzidas e os lábios apertados.

Por fim, deixou o copo já sujo na pia e voltou a andar, porém, desta vez, seu rumo era para a sala de estar da casa. O ambiente estava escuro e silencioso, com apenas a luz da lua entrando pelas janelas. O som suave do vento que balançava as cortinas criava uma melodia suave.

Ao chegar perto do sofá, Mingi ouviu uma notificação vir de seu aparelho telefônico. Ao pegar o eletrônico e ver quem era, o garoto pôde ver que vinha da pessoa na qual estava mais desejando naquele momento, que era Aurora.

"O que ela...quer comigo a esta hora?" O mesmo abriu a mensagem e logo viu as mensagens levemente carinhosas. Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios, e seus olhos brilharam com esperança.

O jovem sentiu seu coração esquentar de maneira irreal naquele momento, e um sorriso bobo cresceu em seus lábios enquanto ele sentava de maneira desajeitada no sofá. Sua expressão de tristeza foi substituída por uma de surpresa e curiosidade.

Já haviam se passado minutos após a mensagem da garota, Mingi havia respondido todas em questão de segundos. Ao encarar novamente a tela do aparelho, notou-se ser 01:03 da madrugada, com isso, percebeu que já estava extremamente tarde, algo incomum para o garoto, já que, normalmente, sua rotina era de sempre adormecer cedo, mesmo se fosse em momentos como aquele.

Sem ao menos perceber, o moreno já estava com seus olhos pesados, seu corpo estava relaxando e sua respiração estava consequentemente mais calma. Com o passar dos minutos e segundos, o garoto sentia mais daquelas sensações só que mais fortes, e por fim seu corpo adormeceu calmamente.

Para quem não estava sentindo nem um pingo de sono, isso parecia uma simples brincadeira ou algo anormal digamos assim. Mas para Mingi, era exatamente o que ele precisava: um descanso para esquecer, mesmo que por alguns momentos, a dor que sentia.

O sono o envolveu como um abraço quente, e ele se deixou levar, sabendo que, pelo menos por algumas horas, poderia esquecer a tristeza que o consumia. E, quem sabe, talvez em seus sonhos, ele pudesse encontrar Aurora novamente, e reviver os momentos que compartilharam juntos.

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⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

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