Jungkook sentiu os ossos doerem, a cabeça latejar e todos os ralados arderem simultaneamente. Apertou os olhos antes de abri-los e sentiu o sangue seco em seu rosto, muito provavelmente da pancada que levou na cabeça.
Quando finalmente abriu os olhos, se viu em um lugar totalmente escuro. Ainda era noite e não podia enxergar absolutamente nada, não sabia onde era.
Ergueu o corpo com dificuldade e gemeu de dor. Ainda estava zonzo. Levou a mão no bolso e encontrou o celular. Por um milagre, depois dos acontecimentos.
25% de bateria.
Ligou a lanterna. Olhou em volta e viu o que parecia ser uma casa abandonada. A tal casa estava em entulhos quebrados. Madeiras, lajotas, cerâmicas, pregos, pedaços do teto, tudo que antes era uma casa inteira. E aquele fedor. O fedor podre que sentira antes de ser acertado.
Pensou que talvez poderia ter sido sequestrado pela mesma pessoa que sequestou Taehyung. E agora, além de assustado, estava pensando em como Taehyung poderia estar agora. Tinha acabado de ser resgatado e não havia recebido uma visita do melhor amigo. Pensou se ele escaparia. Se veria Taehyung novamente.
"Se os outros escaparam, eu também posso." Pensou ele enquanto tampava o nariz com o antebraço e começava a andar pela casa. Saiu de onde estava e deu em um corredor, que era cheio de outros quartos como o que ele estava. Iluminou o outro lado do corredor e uma escada descia ao final dele.
Não pensou duas vezes, saiu correndo até a escada, escutando o piso ranger. Quando chegou ao final e pisou no primeiro degrau mas a madeira se partiu, fazendo Jungkook cair entre os entulhos do andar de baixo em um baque estrondoso.
20% de bateria.
Tossiu com a poeira e pelo fedor de podridão que piorou. Gemeu de dor e sentiu todas as dores se intensificarem. A porta de entrada estava aberta. Levantou mancando, e com muita dificuldade, correu pra lá. Mas algo o impediu. Jungkook paralisou. A porta a qual estava aberta se fechou sozinha, como se o vento tivesse uma mão e a puxara com toda a força. Jungkook tremia até as pontas dos seus cabelos e podia jurar que a batida da porta fez a casa toda tremer.
Iluminou o outro canto da casa, viu um vulto entrando por entre a porta que tinha ali. Será o sequestrador?
15% de bateria.
"Droga de bateria!" Pensou Jungkook enquanto tentava abrir a porta, mas falhando. Jogou o ombro contra ela, mas de nada adiantou a não ser pra piorar a dor.
Escutou um barulho de coisas caindo, como se um armário de panelas de ferro tivesse caído no chão e espalhado todas as panelas. Antes fosse um armário.
— Jungkook.
Era a voz de Taehyung. Jungkook se arrepiou por inteiro e tinha certeza de que estvaa alucinando. Não podia ser Taehyung. Ele estava no hospital.
— Jungkook.
12% de bateria.
Jungkook saiu em direção a voz, que por um acaso estava na mesma direção do vulto que passara um minuto antes. O fedor ficou quase insuportável. Fez o estômago revirar e os olhos arderem.
— Taehyung...?
O garoto deu passos medrosos, mas não parecia ter nada de diferente e definitivamente Taehyung não estava ali. Se sentiu idiota por ainda dizer o nome do amigo.
Iluminou a parede e viu molduras redondas, com fotografias muito antigas e empoeiradas. Talvez fotos do possível sequestrador.
4% de bateria.
Jogou a luz do seu celular pro outro lado e o que viu fez o garoto gelar. Nada do que vira e sentira antes fez o garoto sentir tanto desepero quanto o que viu ali.
Uma corda pendurada ao teto e o seu melhor amigo amarrado pelos pés, pendurado.
Morto.
Moscas voavam em volta do corpo que já estava quase irreconhecível. Tinha também uma poça de sangue velho no chão.
Jungkook quis desmaiar, vomitar, chorar, gritar, não sabia o que fazer. Seu corpo entrou em um colapso interno que o fez paralisar e ficar estático, vendo a corda se movimentar lentamente e ranger as vigas do telhado velho.
Como poderia o melhor amigo estar aqui? Como poderia? Se na TV... só poderia ser uma peça de sua mente atordoada. Não podia ser real. Não podia ser verdade o que estava vendo ali.
3% de bateria.
Caiu de joelhos não chão. Sentiu que poderia morrer ali mesmo. Ao final, o som que saiu de sua boca não foi um choro, e sim um grito sofrido.
Mas Jungkook se recusava a aceitar que era seu amigo. Movido pelo choque, iluminou o pulso do corpo. Uma pulseira artesanal manchada de sangue estava amarrada ao braço. Era ele.
Como poderia?
2% de bateria.
— Me mate! Me mate agora!
Gritou quase se engasgando com as palavras. Soltou o celular no chão, que caiu com a lanterna pra baixo, deixando tudo escuro novamente e agora sim caiu no choro.
Até que a corda que amarrava Taehyung se partiu e o corpo caiu como uma fruta podre em cima da poça de sangue.
O garoto não queria olhar.
1% de bateria.
— Me mate!
Gritou novamente até escutar passos.
Pegou o celular e iluminou. A última coisa que viu foi o corpo, que antes morto, agora vinha em sua direção com uma enorme faca na mão, a introduzindo em seu tórax.
Retirou a lâmina e perfurou mais uma vez. E outra. E mais outra, que ficou presa.
A lantera tremeu, até escorregar da mão de Jungkook. Seu corpo caiu logo em seguida. Pôde sentir o sangue vindo de sua vísceras sair por sua boca e escorrer.
Jungkook morreu de olhos abertos, tendo como última visão, o corpo de Taehyung de pé ao seu lado.
0% de bateria. Escuridão total.
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CASA DOS GRITOS
Paranormal2 capítulos do mistério sobre o paradeiro do garoto desaparecido.