CAPITULO UM
seja bem vinda, novataAlguns dizem que a primeira impressão é a que fica. E quando Briony viu o internato pela primeira vez, teve a pior impressão possível.
O prédio era claramente velho. Ele também era grande, muito grande. Parte das paredes estavam rachadas e a pintura acinzentada deixava o ambiente pesado. A única coisa bonita daquele lugar era o jardim. A grama incrivelmente verde e as flores muito bem cuidadas.
Enquanto segurava uma mala em cada mão, Briony, Samantha e Elliot — seu irmão — assistiram o grande portão abrindo lentamente. Foi quando uma mulher — não muito velha — saiu de dentro do colégio. Sua postura era simplesmente perfeita. As vestes impecavelmente limpas e passadas, sem uma marquinha que fosse. Os fios prateados presos em um coque muito bem feito.
Samantha sorriu gentilmente ao vê-la se aproximar.
— Vocês devem ser a família Brown. Sejam bem vindos. — ela retribuiu o sorriso de Samantha e estendeu a mão para cada um deles — Venham, vamos entrar.
— Obrigada por nos receber Sra. Miller — disse Sam.
Enquanto passavam pela florada, Briony avistou um senhor que cuidava de todas elas com muito carinho. Ela sorriu amigavelmente para ele que retribuiu com um aceno.
— Aquele que cuida de nosso jardim é o senhor Alfred — Sra. Miller apontou. Por um instante, a Brown sentiu certa pena de Alfred. Ele parecia ser um senhor tão gentil, e ao mesmo tempo tão solitário.
Os quatro caminharam até a porta do colégio feioso, e ao entrarem, Briony pôde imediatamente ver o refeitório. Onde naquele exato momento, os alunos tomavam café da manhã. Ela passou os olhos por cada um deles, e franziu o nariz quando um garoto colocou suco na boca e cuspiu em outro menino.
Por dentro, a escola contava com decorativos de halloween por toda parte. Briony riu sozinha em seus pensamentos: "Pra que decorativos de Halloween? Essa pintura cinza já é assustadora por si só"
Subindo as escadas, seguindo em direção a diretoria, algumas meninas que passavam por eles olhavam Elliot de cima a baixo. Ele era mais novo, mas não parecia. Tinha quinze anos com altura de um menino mais velho — ele era mais alto que sua irmã Briony — E além de tudo, Elliot era muito bonito.
Elliot sorriu assim que percebeu o que estava acontecendo.
— Acho que quero ficar por aqui também — ele se gabou.
— Deixe de ser folgado — A brown mais velha puxou o irmão pelo braço e seguiu a Sra. Miller acompanhada de Samantha.
Quando entraram na sala, a Sra. Miller se acomodou em sua grande poltrona rosa e pediu para que a família Brown se sentasse também. Ela explicou por alguns minutos como funcionariam as regras e horários das aulas. Explicou também sobre os dormitórios e deu ênfase sobre ser terminantemente proibido a entrada de meninos nos quartos das meninas.— Bom, acho que é só — ela disse revirando sua gaveta — Ah! Aqui está. A chave de seu quarto — ela esticou o braço e entregou a peça brilhante para Briony — Você está liberada. Se quiser ir conhecer seu dormitório, fique a vontade. Vista seu uniforme e siga para sua primeira aula que começa... — Miller checou o relógio no pulso, semicerrando os olhos com certa dificuldade para enxergar — em exatos vinte minutos.
— Certo. Acho que já vou indo.
Ela girou os tornozelos e saiu pela porta de madeira.
Quando colocou a cabeça para fora da sala, se assustou com a presença de dois garotos que provavelmente tentavam ouvir a conversa. Eles também se assustaram, e deram um pulo para trás assim que a Brown abriu a porta.
— Estavam me espionando? — ela perguntou firmemente.
— Por que estaríamos? — um deles cruzou os braços e entortou a cabeça para o lado.
Briony passou os olhos por cada detalhe dos garotos. Eles eram incrivelmente idênticos, gêmeos idênticos. Eles eram altos, magros e sua característica mais marcante com certeza eram os olhos: grandes e azulados. Os meninos pareciam estar sempre em sintonia. Talvez seja só coisa de gêmeos, Briony pensou.
— Eu sou o Daniel — o outro estendeu a mão para cumprimentar — e ele é o Oliver.— Não — o suposto Oliver corrigiu — ele é o Oliver e eu sou o Daniel.
Briony revirou os olhos. Ela não respondeu nenhum dos dois e muito menos estendeu a mão de volta. Ela continuou andando com as malas e a chave como se Oliver e Daniel nunca tivessevem aparecido.
Os irmãos se entreolharam e assim que perceberam a Brown saindo, correram para mais perto da garota — cada um de um lado, fazendo com que ela ficasse no meio — Briony olhou para os lados e suspirou ao presencia-los.
— Então você é a famosa aluna nova de que todos estão comentando? — Daniel perguntou tentando puxar assunto.
— O que vocês querem? — Briony perguntou ríspida, querendo paz.
— Olha, já que é aluna nova, eu e Daniel pensamos que precisaria de ajuda para certas coisas — começou Oliver.
— Como agora, para encontrar seu quarto — Daniel apontou para a chave.
Eles não estavam totalmente errados. Briony não fazia ideia de onde ficava seu quarto e precisaria de ajuda para encontrá-lo, mas o orgulho falou mais alto.
— Não preciso de ajuda.
— Certo, e agora você não está indo em direção ao banheiro — ironizou Daniel.
Briony revirou os olhos. Ela certamente precisava de ajuda, e teria de ceder. O colégio era grande demais para que ela encontrasse o quarto sozinha e a tempo da primeira aula.
— Tudo bem, eu aceito a ajuda de vocês.
Os meninos se entreolharam e sorriram maliciosamente.
— Bom, sendo assim, por aqui — Oliver tomou a frente e caminhou para um longo corredor.
O corredor era mal iluminado e não tinha muitas portas. Briony estranhou, mas não disse nada. Quando eles passaram pela primeira das portas, Briony parou de andar.
— Tem certeza que estamos no lugar certo?
— Claro — um deles disse.
— Pode abrir a porta — o outro também disse.
Briony enfiou a chave na maçaneta, mas ela não entrou. Então ela girou a bola dourada e empurrou a porta. Foi quando ela sentiu algo caindo em sua cabeça: algo molhado e gelado. Ela olhou para suas roupas e se viu coberta por tinta vermelha. Briony girou os tornozelos lentamente se virando para os gêmeos que gargalharam ao ver o estado da garota.
— Seja bem vinda, novata — Oliver disse entre risadas. Os irmãos logo saíram correndo para longe da garota e do corredor sujo.
Briony nunca sentiu tanta raiva na vida. Suas mãos se apertaram imediatamente. Seu maxilar travou e olhos semicerrados. Agora ela estava atrasada e completamente suja.
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HALLOWEEN, nicholas chavez.
HorrorHALLOWEEN, nicholas chavez. Quando a noite do dia trinta e um de outubro, a mais esperada de Salem acontece, os estudantes de um colégio interno preparam a maior festa que o internato já teve. Eles só não contavam que a chegada de uma nova aluna...