𝐃𝐀𝐑𝐘𝐋 𝐃𝐈𝐗𝐎𝐍 | 𝟎𝟎𝟐

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A capela estava silenciosa, um refúgio em meio ao caos do apocalipse. Você, uma freira que havia se refugiado ali, encontrava conforto nas paredes antigas e nas velas acesas, que lançavam sombras dançantes pelo altar. Depois de tantos meses vendo pessoas sendo devoradas e perdendo tudo, encontrar um lugar como aquele era como um milagre, uma pequena ilha de paz em meio à destruição.

Foi nesse ambiente sagrado que Daryl Dixon apareceu pela primeira vez. Ele entrou pela porta da frente, com o rosto coberto de poeira e uma expressão que parecia carregar o peso do mundo. A cruz que você carregava no peito chamou a atenção dele, e por um momento, você sentiu aquele olhar intenso sobre você.

"Precisa de ajuda?" você perguntou, aproximando-se com cautela. Daryl parecia perdido, mas não vulnerável. Havia algo de selvagem nele, uma presença que era ao mesmo tempo fascinante e perigosa.

Ele hesitou, olhando ao redor, e finalmente respondeu, a voz rouca e firme. "Não costumo precisar de ajuda… mas aqui não parece tão ruim."

Você sorriu, surpresa pela resposta direta. "É uma casa de paz. Quem entra aqui está seguro. Pelo menos, enquanto eu estiver."

Daryl franziu o cenho, claramente intrigado. "Uma freira… nunca pensei que encontraria alguém como você ainda por aqui. Eu sou Daryl."

"Prazer em conhecê-lo, Daryl. Eu sou a irmã S/N." Sua voz era suave, mas firme, com a confiança de alguém que havia dedicado a vida a uma causa maior.

Nos dias que se seguiram, Daryl voltou algumas vezes, sempre trazendo consigo uma espécie de tempestade silenciosa. Ele não falava muito, mas quando o fazia, suas palavras tinham peso. Aos poucos, você começou a notar um tipo de conexão entre vocês, algo que ia além das palavras.

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Certa noite, enquanto ele ajudava você a acender as velas na capela, você finalmente quebrou o silêncio.

"Por que continua voltando aqui, Daryl?"

Ele deu de ombros, evitando seu olhar. "Eu… talvez só goste do silêncio. Ou talvez você me faça esquecer o que está lá fora, por um tempo."

Seu coração deu um salto com essa confissão. "Sabe, eu também busco essa paz. Mas, às vezes, me pergunto se é possível mantê-la quando o mundo está… assim."

Daryl olhou para você, seu olhar mais intenso do que nunca. "Talvez não devêssemos tentar manter o que já era. Talvez devêssemos apenas… sobreviver."

Você se aproximou dele, tocando de leve seu braço. "Sobreviver é importante. Mas a fé também é. Talvez, juntos, possamos encontrar uma maneira de manter os dois."

Ele ficou em silêncio, mas a proximidade entre vocês parecia falar mais do que qualquer palavra. Era um gesto pequeno, mas significativo, e você percebeu que o peso do seu voto estava começando a desmoronar frente a essa atração silenciosa.

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Outra noite, o inevitável aconteceu.

Você estava rezando, sozinha na capela, quando ouviu passos. Era Daryl, e ele trazia consigo o cheiro da floresta e o ar de alguém que tinha visto o mundo como ele realmente era.

"Eu não sei por que continuo vindo aqui", ele confessou, parando próximo de você. "Mas parece que… que eu tenho que estar aqui."

"Daryl…" Sua voz falhou. Você sabia o que aquilo significava. Sabia o peso dos sentimentos que haviam crescido entre vocês. "Eu também sinto algo… algo que não consigo explicar."

Ele se aproximou, seus dedos roçando levemente a sua mão. "Acha que Deus aprovaria… isso? Acha que Deus ainda nos escuta, nesse mundo que virou o inferno?"

Você o olhou, seus olhos nos dele, e sentiu uma lágrima escapar. "Eu… eu não sei, Daryl. Mas eu sinto que, em meio a tudo, Ele me guiou até você."

A mão dele deslizou para o seu rosto, os dedos ásperos contra a sua pele delicada. Ele hesitou, mas depois se inclinou, seus lábios tocando os seus com uma ternura que parecia impossível para alguém como ele.

Foi um beijo curto, mas cheio de emoção, e quando ele se afastou, vocês estavam sem palavras.

"Daryl, eu… não sei como lidar com isso." Você sentia o peso da sua escolha, mas também sabia que algo maior estava em jogo.

Ele assentiu, a expressão dolorosa. "Eu também não. Mas eu sei que não vou desistir de você, S/N. Não agora."

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Os dias se tornaram uma espécie de dança silenciosa entre vocês.

Entre os momentos em que vocês se viam na capela e as vezes em que ele desaparecia, lutando contra os mortos-vivos, você percebeu que aquele vínculo era mais forte do que qualquer coisa que já havia sentido.

Então, numa manhã fria, Daryl voltou, ferido e exausto. Você o ajudou a se sentar, limpando suas feridas com delicadeza. Ele olhou para você, e você viu uma vulnerabilidade que nunca havia percebido antes.

"Por que… por que você ainda se importa comigo, S/N? Eu sou apenas um homem quebrado, cheio de cicatrizes."

Você segurou o rosto dele, seu coração se apertando. "Porque eu vejo algo em você, Daryl. Vejo bondade, vejo coragem. E… eu me apaixonei por isso."

Ele sorriu, um sorriso triste, mas genuíno. "Nunca pensei que ouviria essas palavras de uma freira."

Você riu suavemente, e seus lábios se encontraram mais uma vez, um beijo que era tanto uma promessa quanto uma rendição.

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Em uma das noites seguintes, enquanto estavam no altar, ele quebrou o silêncio.

"Eu não sei como vamos fazer isso, S/N. Esse mundo não é para… para algo assim."

Você segurou a mão dele, apertando com força. "Não importa o que o mundo diga, Daryl. Eu escolhi você."

Ele assentiu, a expressão determinada. "Então, vamos sobreviver juntos. E se esse mundo não quer que a gente exista… então vamos lutar contra ele."

Naquele momento, você soube que estava pronta para abrir mão de tudo o que tinha conhecido antes. Porque o amor, mesmo em meio ao apocalipse, era a coisa mais real que você havia encontrado.

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E assim, você e Daryl seguiram juntos, enfrentando os mortos e os vivos, lutando para manter viva a chama de um amor improvável.

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1006 palavras.

★━ 𝗜𝗠𝗔𝗚𝗜𝗡𝗘𝗦 ; the walking dead Onde histórias criam vida. Descubra agora