1 𝙙𝙚 𝙛𝙚𝙫𝙚𝙧𝙚𝙞𝙧𝙤 𝙙𝙚 2016
Após os longos e intermináveis dias desde a primeira vez que pisara na escola, as aulas finalmente iriam começar. Na noite anterior, Josué havia colocado seu despertador para tocar às 6 da manhã. No entanto, ele rolou pela cama a noite toda, consumido pela ansiedade. Assim que ouviu o despertador tocar, levantou-se num pulo, como um gato, e correu para o banheiro de seu quarto para tomar um banho. Afinal, ele não poderia estar desarrumado nem cheirando mal para encontrar seus novos amigos, especialmente Renata.
Ao sair do banho, vestiu o uniforme da escola: a calça azul-escura com listras finas azul-claro nas laterais e a blusa branca com detalhes em azul-escuro e azul-claro. A blusa tinha gola polo com botões e o logotipo da escola bordado no peito esquerdo.
O rapaz foi então para a cozinha preparar seu café, mas, ao chegar, percebeu que sua mãe já havia preparado o café para todos.
— Caramba, mãe! A senhora já fez o café de todo mundo! — exclamou o rapaz. — Deve ter acordado muito cedo.
— Claro que fiz, pelo menos no primeiro dia de aula dos meus filhos — disse a mãe, rindo.
— Obrigado, mãe! — respondeu o garoto, enquanto pegava o café para tomar sentado em uma das cadeiras da mesa. — Cadê os outros?
— Estão se arrumando; difícil foi acordar o Sales.
Josué sorriu; era difícil mesmo acordar seu irmão mais novo, principalmente por ele ser pequeno, e estudar de manhã não era lá uma das coisas mais legais de se fazer.
Depois do café, Josué terminou de se arrumar e entrou no carro junto de seus irmãos e seu pai, despediu-se da mãe e foram para a escola. O caminho foi tranquilo e não demorou muito para chegarem à escola, vendo dessa vez que o prédio já não estava mais em construção e que havia muitos alunos entrando. Como se seu corpo já o conhecesse, algo dentro de si apertou o interruptor do nervosismo. O rapaz ajudou seus irmãos a saírem do carro, e caminharam juntos pela entrada da nova escola.
Dessa vez, pôde olhar com mais atenção os cantos do prédio escolar e visitar outros lugares que não tinha visto no dia do evento. A escola não era grande, mas também não era pequena, e ele se perguntava onde seria sua sala. Não demorou muito e o sinal tocou, indicando que já era hora das aulas enfim começarem. O jovem usou os alunos com o mesmo tipo de uniforme como guia, pois não sabia para onde tinha que ir, então viu que a maioria dos alunos estava indo para a quadra, onde havia várias cadeiras e vários alunos espalhados por elas e pelas arquibancadas atrás delas. Decidiu sentar-se numa cadeira ao fundo, perto das arquibancadas, e ficou de olho para ver se avistava algum dos colegas que tinha feito no evento, inclusive Renata.
Pouco tempo depois, o diretor chega na quadra e começa a dar as boas-vindas aos alunos. Ele explica alguns detalhes sobre o novo ano e pede aos alunos que forem chamados para seguirem para suas salas. Demorou um pouco para Josué ser chamado, afinal, ele estava no primeiro ano do ensino médio, e vários alunos de turmas menores estavam ali e foram chamados primeiro. Quando foi chamado, Josué seguiu a pessoa que fora chamada anteriormente a ele, subindo a rampa e chegando numa sala quase em frente à rampa. Aquela era sua sala de aula. Não havia nada além de um quadro e as carteiras; a princípio, achou a sala esquisita, mas depois descobriu que as salas do ensino médio ainda não estavam prontas. Descobriu também que aquela sala era, na verdade, a biblioteca, que teve que ser desfeita para virar uma sala de aula temporária. O garoto ouviu isso de alguns alunos da sua sala que conversavam não tão baixo perto de onde havia escolhido sentar.
Josué ficou um pouco incomodado com as conversas altas dos colegas ao seu redor. Ao prestar mais atenção, percebeu que logo à frente estava Lucas, o colega com quem havia conversado no primeiro dia de aula. Ele até pensou em chamá-lo, mas havia esquecido completamente o nome do garoto.
Josué estava ansioso pelo primeiro dia de aula e ainda não tinha visto a tão sonhada Renata, nome que não saía de sua cabeça. Ao notar que Renata ainda não havia chegado e que não tinha colegas próximos ao seu redor, começou a olhar para o nada, perdido em seus próprios pensamentos.
Após um pequeno intervalo desde a chegada de Josué na sala, o professor entrou pedindo silêncio e se dirigiu à mesa, colocando seus materiais de aula. Josué, ainda distraído, não notou a presença do professor e continuava olhando fixamente para o quadro no centro da sala. O professor, então, caminhou para o meio da sala, justamente para onde o garoto olhava. Surpreso, Josué percebeu que o professor era um homem careca, musculoso e tatuado. Ele virou-se para o colega ao lado e sussurrou:
– Ele parece o The Rock, né? — o garoto riu um pouco alto.
Sem resposta do colega, Josué notou que o professor estava olhando diretamente para ele. Rapidamente, ele se ajeitou na carteira, tentando não chamar mais atenção.
– Então, bom dia a todos — disse o professor com um tom sério.
A sala respondeu com um “bom dia” desanimado, já que era bem cedo.
– Meu nome é Roger, e serei o professor de Português, Literatura e Argumentação. Então, nos veremos muito durante a semana.
Houve um breve silêncio após a fala do professor, e a sala parecia ecoar com a ausência de sons. Em seguida, o professor começou a explicar os motivos pelos quais não estavam na sala principal e falou sobre o seu método de ensino. Ele comentou que preferia aulas mais dinâmicas, com debates e muita leitura, algo que pegou muitos de surpresa, mas que despertou a curiosidade de Josué.
Enquanto o professor falava, Josué notou uma movimentação no fundo da sala. Seu coração acelerou ao ver que era Renata, que entrava discretamente, tentando não chamar a atenção. Ela se sentou na última fileira, exatamente onde Josué a podia ver. Seu nervosismo cresceu, mas ele decidiu focar no que o professor estava dizendo.
Roger continuou:
– Ao longo do ano, quero que vocês se sintam à vontade para expressar suas opiniões. Aqui, não tem certo ou errado, tem argumentação. Quem souber defender bem suas ideias, terá destaque nas minhas aulas.
Josué mal conseguia se concentrar nas palavras do professor, seus olhos sempre voltando para Renata.
Seu olhar era discreto, mas fixo. Ele viu que ela conversava com as pessoas próximas, e seu sorriso acalmava o grande mar agitado dentro do peito. Josué não sabia o que era aquilo, mas sabia que amava sentir aquilo, um sentimento tão único e indescritível. Quando percebeu, boa parte da manhã já havia passado; ele tinha se perdido no tempo admirando Renata. Então, o sinal do recreio ecoou em seus ouvidos, despertando-o dessa hipnose.
O recreio foi diferente do que havia imaginado. O garoto pensou que se sentaria sozinho e comeria seu lanche em um canto isolado. Mas não foi isso o que aconteceu; na verdade, Lucas e Miguel o chamaram para conversar durante todo o recreio. O menino ficou tão entretido que nem viu o tempo passar e, quando se deu conta, o recreio já havia acabado. Então, subiu de volta para a sala de aula, onde passou o restante da manhã concentrado nos professores – quer dizer, quase concentrado, já que de vez em quando olhava para Renata, que também estava prestando atenção nos professores.
Ao chegar em casa, Josué se sentiu mais leve, feliz por não ter ficado sozinho e animado por poder ver a garota que não saía de sua cabeça quase todos os dias. Talvez, assim como nos livros de romance que as garotas gostam de ler, não seja assim tão impossível um amor à primeira vista. Com esse pensamento, Josué foi para sua cama, já que estava na hora de dormir e precisava acordar cedo. Estava mais do que ansioso para ver Renata no dia seguinte.
"𝘐 𝘤𝘢𝘯'𝘵 𝘴𝘵𝘰𝘱 𝘵𝘩𝘪𝘯𝘬𝘪𝘯𝘨 𝘢𝘣𝘰𝘶𝘵 𝘺𝘰𝘶, 𝘢𝘯𝘥 𝘪𝘵 𝘮𝘢𝘬𝘦𝘴 𝘮𝘦 𝘵𝘩𝘪𝘯𝘬 𝘢 𝘭𝘰𝘵 𝘮𝘰𝘳𝘦". – Heart Attack (Chuu, Loona).
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Oii, voltamos!
Para os desqueridos que estavam me cobrando, veio ai mais um capítulo. Espero que não me cobrem denovo, vocês nem sequer comentam comigo sobre os capítulos. Enfim, não tenho muito o que falar então é isso e tchau.
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Um Tempo Por Você
RomanceJosué é um jovem marcado pelo fim de um relacionamento que transformou sua vida. Incapaz de superar o rompimento com Renata, seu grande amor, ele vive mergulhado em lembranças do passado, onde os momentos ao lado dela eram sua única fonte de felicid...