Um Tempo Por Você

The answer to my heart is you

31 𝙙𝙚 𝙖𝙜𝙤𝙨𝙩𝙤 𝙙𝙚 2024

Hoje ele havia visto o rosto dela pela última vez. O olhar dela continuava doce e seu sorriso ainda cativante; Renata, o nome da mulher que destruiu sua vida. Josué abriu a porta do seu quarto e viu a espingarda do pai de Renata que foi roubada pelo rapaz em um impulso, a espingarda estava jogada na cama, demorando um pouco para desviar o olhar, a cama parecia estar confortável. O silêncio no quarto era ensurdecedor, o coração do rapaz estava batendo tranquilamente e suas mãos nem ao mesmo tremia. Em suas mãos, os dois cartuchos esperavam para serem colocados, e foi isso o que Josué fizera. Logo pegou a arma e colocou as munições na espingarda. O homem puxou a cadeira da escrivaninha de estudos e sentou-se nela e abriu sua boca, colocando o cano da espingarda dentro dela. Já estou pronto pro que deve ser feito, ele pensou. E no fundo da alma daquele jovem rapaz, ele relembra a voz dela o chamando pelo nome, a tristeza consumiu o coração de Josué, e então, sem pensar duas vezes, o gatilho é puxado.

28 𝙙𝙚 𝙟𝙖𝙣𝙚𝙞𝙧𝙤 𝙙𝙚 2016

O jovem Josué acabara de terminar o ensino fundamental II e estava em transição de escola para cursar o ensino médio. A escola em que ele estava prestes a entrar organizava um evento para que os calouros pudessem conhecê-la melhor antes do início do período letivo. Josué estava receoso com a troca de escolas, ainda mais por ser uma pessoa que não sabia lidar bem com mudanças e se recusava a aceitá-las. Mesmo assim, seus pais já haviam feito a matrícula e estavam indo com Josué para o evento.

No carro, a caminho do evento, Josué reclamou:

- Eu não quero ir para essa escola! - resmungou Josué.

- Você não tem escolha, filho. Eu e seu pai já decidimos e a matrícula já está feita, não é, Jorge? - disse a mãe, dirigindo-se ao pai de Josué, que estava no volante.

- Sim, querida! - respondeu o pai enquanto dirigia para a escola.

- Aliás, seus irmãos também estão matriculados nessa escola, mas esse evento é somente para o ensino médio.

A mulher no carro só conseguiu ouvir um resmungo vindo do banco de trás do carro. Sabia que o filho não gostava de mudanças, mas era para o seu bem e ele precisava aceitar e acostumar com a nova rotina que ele iria ter a partir daquele momento.
Não demorou para chegarem na escola, até porque sua casa não era tão longe. Josué desceu do carro e ficou de frente para a janela do carro onde sua mãe estava sentada. O nervosismo tomava conta do garoto aos poucos e a mão já começava a suar. Sua mãe, percebendo a agitação hesitante do filho deu um sorriso.

- Não se preocupe, você vai se acostumar logo. Aposto que seus novos amigos vão ser ótimos. Vamos entrar com você, mas depois vamos embora, tá? - disse a mulher, abrindo a porta do carro, enquanto seu marido fazia o mesmo do outro lado.

Os três caminharam até a entrada da nova escola do rapaz. Ela não era tão grande, nem tão bonita, até porque estava cheia de poeira, com vários andaimes perto das janelas. Nitidamente, estava em construção. Josué até perguntou aos pais como aquilo poderia ser uma escola particular. Mas era ali que passaria o ano todo, quem sabe até o ensino médio inteiro.
Felizmente, Josué estava na companhia dos pais para se sentir mais seguro. Sua mãe era alta, de cabelos longos e escuros. Josué sempre dizia que ela era a mãe mais linda do mundo, porque além de bonita, era legal e gentil com as outras pessoas. Seu pai era mais rígido, mas não deixava de ser uma boa pessoa. Era igualmente alto e mais forte que a esposa - nada de novidade por aqui - e também era gentil com os outros. Além dos pais, Josué tinha mais dois irmãos, que não foram chamados, pois o evento era apenas para os alunos do ensino médio.
Conforme caminhavam mais pela escola, mais curioso o jovem ficava. Quem seriam seus professores? Será que faria amigos? Será que as provas seriam difíceis?
A cabeça de Josué estava cheia de pensamentos e questionamentos.

Chegaram até a secretaria, e o garoto observou seus pais conversando com uma moça sentada atrás de uma mesa cheia de papéis, enquanto ele esperava na porta. Não demorou muito para que os pais saíssem e o chamassem.

- É lá em cima, no auditório. A partir daqui, você vai sozinho. É só subir as escadas e abrir aquela porta - disse a mãe, apontando para uma porta no andar de cima, em frente à escada.

- Tenha cuidado, e quando acabar, nos ligue que vamos vir te buscar, tá bom? - disse o pai, e recebeu um aceno positivo do filho. - Tchau!

Então, o garoto começou a subir as escadas, sentindo aquele nervosismo de antes voltar, como se seus pensamentos tivessem apertado o botão do pânico.
Quando subiu as escadas, hesitou um pouco, mas abriu a porta, entrou e olhou ao redor.
De repente, sentiu-se no céu, como se estivesse flutuando, deitado nas nuvens. Não muito longe dali, para onde Josué olhava, estava ela. A menina mais linda que ele já tinha visto na vida.
Renata, a garota de cabelos meio loiros e enrolados, olhos castanhos escuros, pele clara e alta, que vestia uma camisa branca do Mickey e uma calça jeans escura. A garota estava sentada ao lado de outras pessoas que ele também nunca havia visto na vida.
Sentindo-se deslocado e vendo que havia uma cadeira vazia onde a menina estava sentada, decidiu ir e se sentar ali mesmo. De início, foi recebido por sorrisos gentis vindo das pessoas que estavam ali, inclusive Renata.

- Oi! Qual é o seu nome? - perguntou um garoto de cabelos cacheados escuros, pele morena e que parecia ser alto para Josué.

- Meu nome é Josué - respondeu Josué. - Qual é o de vocês?

- Eu me chamo Lucas, essa é a Renata-Lucas apontou para garota ao seu lado que olhava para os garotos e depois apontando para o outro presente - Esse é o Miguel.

Josué acenou com a cabeça e deu um sorriso tímido mas gentil. Passaram o resto do evento conversando. Josué tinha gostado deles e o nervosismo já havia passado. O rapaz deixou-se relaxar, e esperava que pelos próximos anos, pudesse ter a companhia do seus mais novos amigos. Esperava que pudesse ser mais próximo de Renata também, o garoto sem ao menos perceber, passou o evento todo olhando para a menina que conversava alegremente com os amigos.

Já em casa, Josué, deitado em sua cama no seu quarto, relembrava o que acontecera ao longo do dia, e feliz permitiu-se adormecer ansioso para que as aulas começassem logo.

"𝘞𝘩𝘢𝘵 𝘺𝘰𝘶'𝘷𝘦 𝘣𝘦𝘦𝘯 𝘸𝘢𝘪𝘵𝘪𝘯𝘨 𝘧𝘰𝘳. 𝘐'𝘷𝘦 𝘸𝘢𝘪𝘵𝘦𝘥 𝘧𝘰𝘳". - Truth In The Eyes (PondPhuwin)