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E ali estava ele, de novo, no mesmo lugar.

Já não havia sido idiota o suficiente para desejar, ainda que mentalmente, felicidades ao casal, ele ainda tinha que estar ali.

O mesmo lugar onde haviam se conhecido.

Muito idiota não?

Quem diria que o mesmo lugar que antes era seu refúgio, agora se tornaria como um corredor da morte.

Ele respira profundamente, sentindo a maresia, como isso o acalmava antes?
Agora a única sensação que o trás é ânsia de vômito.

Mas ele deveria estar acostumado a isso, afinal ele nunca teve nada do que queria mesmo.

E com ele não seria diferente.

Desde que o conhecera, nessa mesma pedra, dessa mesma praia, ele vinha pontualmente todos os sábados ao pôr do sol nessa praia.

Eles tinham uma espécie de compromisso todo o sábado.

Ao menos era assim que costumava ser.

Quando tudo mudou? Pete não fazia ideia, mas algum dia tinha mudado.

Talvez no dia que ele chegou e o outro já estava aqui, jogando pedras no mar e olhando para o horizonte, perdido.

Ou talvez tenha sido o único dia que o outro sugeriu para eles fazerem a única coisa que nunca fizeram em todos os meses que se conheciam e vinha a praia para se encontrar: entrar no mar.

Ele deveria saber que algo estava estranho, mas o amor cega as pessoas.

E Pete com toda a certeza estava apaixonado.

Aos olhos de Pete ele era radiante como o sol, tão lindo e caloroso como qualquer dia de verão, mesmo no dia nublado em que se conheceram.
Mas também era impetuoso como o mar, o arrastando como uma forte correnteza, o puxando para si como uma onda devastadora que puxa a areia para si.

Simplesmente inevitável, e Pete não passava de um minúsculo grão de areia, tão frágil e pequeno, arrastado sem nenhum esforço para o vasto oceano.

Que patético.

No fundo ele sabia, não podia negar, que não era recíproco e que os sentimentos eram unicamente de sua parte, mas o ver com outra pessoa... realmente machucou muito.

Parecia ostentar seu sorriso mais brilhante e lindo na presença de seu amado, mas Pete não poderia o julgar.

Por Deus! O garoto de cabelos rosé era simplesmente lindo com sua pele morena, os búzios pendurados no pescoço, seu corpo simplesmente divino, igualmente emparelhado com seu rosto angelical.

Pete não poderia competir com isso.
Com nada disso.

A verdade é que ele nunca esteve realmente na jogada.

Apesar de toda a gentileza e o carinho que tinham, não passavam de dois desconhecidos que tinham um compromisso todo o sábado ao pôr do sol e nada além disso.

Pete sabia de tudo isso.

Mas ainda assim, ali estava ele, na mesma praia, na mesma pedra, quase no mesmo horário que sempre se encontravam, chorando.

Chorando por seus sentimentos, por sua ingenuidade, por todos os momentos que compartilharam ali e por todas as palavras que nunca disse a ele.

O quanto ele o admirava e o queria para si, o quanto ele realmente desejava Vegas.

Mas não adiantava, nunca adiantou.

Mas ele precisava disso, pela última vez, naquela praia, precisava pôr tudo pra fora.

Ipanema [vegaspete]Onde histórias criam vida. Descubra agora