Two✨🥃🎷

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Era uma noite quente de verão em Nova Orleans, no ano de 1960, e o ar estava impregnado com o doce som do jazz, como uma canção que envolvia os corações solitários.
Ele, um homem de terno bem ajustado, havia passado o dia lidando com notícias ruins, cada uma mais pesada que a anterior.

A vida parecia ter uma maneira cruel de lhe lembrar que nem tudo era como ele sonhara.
Então, decidiu que precisava de um momento de fuga, um lugar onde pudesse afogar suas preocupações em uma boa bebida.

Quando entrou no bar iluminado, o clima vibrante e a música envolvente o acolheram como um abraço quente. Ele se aproximou do balcão e pediu um whisky com gelo, deixando que o líquido dourado escorresse pela garganta, aliviando a tensão que o acompanhava.
Enquanto observava a pista de dança, seus olhos caíram sobre uma mulher deslumbrante.

Ela estava cercada por amigas, todas rindo e se divertindo, e naquele instante, ele sentiu uma ponta de esperança em meio à escuridão que o cercava.

Ela o ataria e eles nem se quer se conheciam.

Movido por um impulso, pediu ao garçom que enviasse um drink não muito forte para a mesa dela. Quando ela recebeu o drink juntamente com a doce mensagem que o garçom lhe dissera, ele pôde ver as bochechas dela corarem, e o riso contagiante das amigas só aumentou sua curiosidade.
O homem sentiu que, por um momento, a tristeza que o acompanhava parecia estar se dissolvendo na atmosfera leve do bar.

Mas à medida que a noite avançava, as amigas dela começaram a dançar com outros homens, e, de repente, ela ficou sozinha, observando a cena com um olhar contemplativo.

Ele não podia deixar essa oportunidade passar, a coragem cresceu dentro dele a cada olhar perdido que preenchia o lugar. Levantou-se, tomando o último gole do seu bourbon, e caminhou em direção a ela.

Quando a música lenta começou a tocar, ele estendeu a mão, oferecendo um convite silencioso. Ela hesitou, mas o magnetismo entre eles era palpável, como se o destino estivesse conspirando para unir aqueles dois corações solitários. Assim que ela aceitou, seus corpos se moveram lentamente, a conexão entre eles crescendo a cada passo.

Quando a música chegou ao fim, ele percebeu que o tempo voava e que a realidade estava prestes a intervir. A mulher olhou para o relógio e, ao notar que suas amigas haviam partido, apressou-se em direção à saída. O coração dele disparou; ele sabia que não podia deixá-la ir assim. Com a chuva começando a cair, ele a seguiu, pegando sua mão e fazendo-a parar.

"Espere!" Sua voz soou, carregada de emoção. Ele a cobriu com seu blazer, um gesto simples, mas cheio de significado. O olhar dela, iluminado pela luz suave do bar, fez com que ele se sentisse como um verdadeiro cavalheiro, mesmo que estivesse lutando contra suas próprias inseguranças. Ele a guiou até um carro, abrindo a porta com um sorriso que tentava esconder a vulnerabilidade que sentia.

Dentro do carro, o silêncio era recheado de promessas não ditas e olhares que falavam mais que mil palavras. Ao chegarem na casa dela viu que a mulher hesitou ao abrir a porta do carro. Ele segurou seu braço gentilmente e, com um brilho nos olhos, perguntou: "Você não me disse seu nome."

Ela sorriu, e a simplicidade do momento fez seu coração aquecer. "Cecília ou Cici se preferir" respondeu a linda mulher antes de sair do carro, um frio na barriga tomou conta dele. Ela se afastou, mas antes de entrar em casa, olhou para trás, lançando um último olhar que parecia prometer um reencontro.

Ele permaneceu ali, no carro, com um sorriso no rosto, sabendo que aquela noite, marcada pela música, pela chuva e pelo inesperado, ficaria gravada em sua memória para sempre. Uma lembrança rústica, que surgira em meio a um dia sombrio, transformando sua tristeza em esperança. Era como se Nova Orleans, com sua magia e seu jazz, tivesse lhe oferecido uma segunda chance, um lembrete de que a vida pode surpreender de maneiras inesperadas.

 "Sob a Luz do Jazz"Onde histórias criam vida. Descubra agora