*Narrador
30 de outubro de 1865 - 03h45 A.M
As batidas aceleradas dos dois corações eram tão altas quanto o som dos cavalos se aproximando. Abaixados entre as moitas que ali haviam, o casal troca olhares desesperados, não poderiam ser pegos, não dessa vez.
- Por ali. - a garota aponta para o estábulo que não ficava tão distante das árvores, talvez conseguiriam alcançar.
- A ordem é para matar. - a voz grossa fez com que a garota engolisse em seco e apertasse as mãos do rapaz ao seu lado.
- Matar? - a voz um tanto quanto surpresa fez com que Samuel trocasse olhares com a namorada, eles reconheciam aquela voz, era de um dos caseiros da casa, Abel.
- O patrão já disse que dessa vez não tem conversa. - o mesmo homem da voz grossa repete, esse que era conhecido como o braço direito do pai da garota, o coronel Elias.
- Acho isso meio precipitado, . - o caseiro fala. - Mas continuem procurando pelos dois. - ele fala para os outros dois funcionários que os acompanhavam.
- Devem ter ido pro rio. - Elias fala e logo se ouve uma risada em tom de deboche vinda do colega.
- Rio? A essa hora? A menina é meio louca, mas não o suficiente para ir até o rio, coronel. - ele acaricia o cavalo. - Ainda não entendo o motivo dessa perseguição, já é a terceira vez que saímos durante a madrugada para ir atrás dela e do namorado.
- O rapaz não é o namorado dela e nunca vai ser, caseiro. - Elias fala em um tom sério. - Dessa vez nós vamos encontrar os dois e ele não volta vivo pra casa.
Samuel tampa a boca da namorada com a boca quando percebe que ela está prestes a chorar.
- O coronel vai mesmo matar o rapaz? O que vamos fazer com o corpo? E a família? Eles vão vir atrás e devemos lembrar que são tão importantes quanto seu amigo, coronel. - o caseiro insiste.
- O pai de Sol aguentou por muito tempo as fugas da filha, ele já não se importa mais com ela, mas deixou claro para a família Reis que caso não houvesse acordo sobre as terras ao sul, eles iriam pagar de outra forma. - o coronel fala e Abel engole em seco, sabia como o patrão era quando se tratava de dinheiro ou terras.
A verdade é que o patrão Álvaro não tinha muito apego a família, era um homem ganancioso e após a morte da esposa, usou a filha para tentar ganhar dinheiro em cima de casamentos forçados e com pessoas da alta sociedade. Só não esperava que tudo viria água abaixo quando a garota, que já havia sido prometida para um alemão em troca de terras no sul, foi pega com Samuel Reis, caçula de uma das famílias mais influentes da região.
A família Reis conhecida por ter um padrão social alto, mas manterem a humildade e serenidade, não se esforçaram para impedir o relacionamento proibido, eles acreditavam no amor.
Só não esperavam que o amor custasse tão caro.
- Onde ela está? Ainda não a encontraram? - a voz de Álvaro se faz presente e Sol se encolhe ainda entre as moitas ao ver o pai se aproximar com uma espingarda.
- Ainda não, senhor. - o coronel fala e a expressão de Álvaro fica ainda mais irritada.
- Abel, volte pra casa e leve os dois idiotas com você. - Álvaro se refere aos dois funcionários que ainda procuravam o casal. - Eu e o coronel vamos resolver isso.
- Certo, patrão. - Abel suspira. - Vocês dois, vamos embora. - ele não precisou falar duas vezes para que os dois homens voltassem para a residência.
O cavalo começa a andar, mas para perto dos arbustos, Abel arregala os olhos levemente ao ver os dois abaixados e escondidos entre as folhas. Sol nega com a cabeça, implorando com o olhar para que ele não falasse nada, já Samuel permanecia com os braços ao redor da namorada, a protegendo como podia.

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Inevitável •• Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)
FanficSol, uma garota de vinte e um anos vive com o pai e a irmã mais velha desde o falecimento da mãe. Seu pai, um homem sério e super protetor criou a filha caçula de uma forma diferente que a mais velha e embora essa proteção nunca tenha lhe incomodado...