Onde Rebeca é uma aspirante a taróloga e amante de astrologia e Simone aceita ser sua cobaia nas tiragens
ou
Onde Simone busca no tarot as respostas sobre o futuro do seu atual relacionamento, afinal, tarôs não podem mentir
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"A primavera não floresce sem que antes haja o recolhimento invernal. O dia não nasce sem que a noite escura o preceda. Mesmo a pedra bruta precisa deixar seu silencioso repouso no ventre da terra, passar por mãos habilidosas e transformadoras para se tornar a joia que está destinada a ser."
Embora o nome possa assustar, a morte não é uma carta de mau presságio, pelo contrário, o arcano 13 representa a necessidade de se reencontrar, finalizar ciclos, romper amarras, libertar-se para conhecer o novo.
Eram 04:50 da manhã e Simone tinha acabado de despertar. Jonathan ainda dormia quando ela seguiu para o banho. O dia nem havia começado e ela já sabia que seria agitado. Desde que começou a trabalhar no Hospital São Roque, estava tentando se adaptar à nova rotina, já completamente diferente do que estava acostumada em sua cidade natal. Vinda do interior, em seus dias mais movimentados no hospital municipal onde trabalhava, não atendia mais do que cinco ou seis pessoas.
Preparou o café da manhã, organizou o de seu noivo, separou o almoço em pequenas porções, lavou a louça e, por fim, colocou as roupas na máquina de lavar, orando para que, dessa vez, Jonathan se lembrasse de tirá-las quando o ciclo terminasse. Guardou seu próprio almoço e seus pertences de trabalho e caminhou até a estação mais próxima de metrô. Partiria às 06:20; contando as paradas, seriam mais ou menos 35 minutos de sua casa até o bairro onde ficava o hospital. Se tudo desse certo, chegaria pontualmente às 07:00 da manhã. Mas só se tudo desse certo.
Felizmente ou infelizmente, não deu.
Não se sabe ao certo o que aconteceu. Em uma fração de segundos, a única coisa que Simone sentiu foi um baque surdo em seu ouvido. Quando deu por si, já estava no chão, a vários metros de onde deveria estar.
Abriu os olhos; estava viva. Não sentia dor, já que o sangue ainda estava quente graças à adrenalina. Ouvia apenas burburinhos de vozes da multidão que se formava à sua volta.
"Não mexe nela! É melhor não tocar!" "O filha da puta fugiu! Furou o sinal e fugiu!" "Alguém anotou a placa?" "Moça, a senhora tá me ouvindo?"
— Oi! Fui atropelada, né? — Sim, um cara de moto furou o sinal e te arremessou longe da faixa — disse uma transeunte loira. — Eu já chamei a ambulância; foi uma queda feia, você voou! — explicou um jovem que estava por perto. — Você pode ligar pra alguém? Falar com a sua família? — perguntou a loira. — Eu não sou daqui, moro só com meu noivo. Você pode pegar meu celular na bolsa, por favor? — respondeu Simone, fechando os olhos com força; sua cabeça estava começando a latejar. — O nome dele é Jonathan! — E seu nome? Consegue me dizer que dia é hoje? Onde estamos? — Simone Biles, hoje é segunda-feira, 27 de setembro, estamos na Avenida Getúlio Vargas! — Ótimo! Não sou profissional de saúde, mas já fiz uns cursos de primeiros socorros. Sou a Flávia, Simone. Vou tentar falar com seu noivo; se não conseguir, posso te acompanhar quando a ambulância chegar. — Ah, não precisa; eu acho que tá tudo... caramba! Minha perna! — Não olha agora, mas a sua perna tá bem feia — disse Flávia, enquanto tentava contatar Jonathan, deparando-se mais uma vez com a caixa de mensagens.