Pelo Amor ou Pela Vida

Capítulo 1

Cada um tem sua forma de se expressar, a minha é através de desenhos, sempre gostei de desenhar e dou minha vida por isso. Passo maior parte do meu tempo desenhando tudo que vejo, tudo o que sinto, tudo que me descreve, meus desenhos são como um diário onde essas garotas expõe suas vidas em linhas intermináveis.

Aqui estou em mais um dia tediante, e ao mesmo tempo perturbador, porém perto dela, a garota mais linda que meus olhos já viram, Lunie Parker. Ela esbanja uma beleza incrível, é dona do sorriso mais encantador e dos olhos mais azuis que o próprio céu.

- Ei Harry acorda! - Pude ouvir sentindo um tapa na cabeça em seguida.

Era o meu irmão, ele sempre invade a sala de aula para me perturbar na frente de todos, e principalmente na frente dela.

- Não enche Jack. - Respondi evitando que todos vissem meu ar de decepção.

- O que está fazendo? Vendo uma de suas revistas pornô de novo? - Indagou rindo. - Vou falar pra mamãe que trás isso pro colégio. - Disse em voz alta fazendo todos rirem da minha cara.

- Eu não sou você que paga de comedor, mas no fim das contas acaba na "mão". - Respondi me irritando, então peguei as minhas coisas e saí da sala.

- Volta aqui Harry Collins! - Pude ouví-lo gritar furioso.

Eu não sei porque diabos ele faz isso, eu odeio quando ele faz essas brincadeiras idiotas dele, já é de se esperar que em casa vou ouvir o que eu não quero. Pra minha sorte aquela era a última aula, mas pro meu azar ele é meu irmão, alguns minutos depois ao chegar em casa não foi diferente, minha mãe já veio me enchendo de perguntas.

- Oi filho como foi no colégio hoje? - Perguntou vindo em minha direção.

- Oi mãe, não sei porque a senhora pergunta se já sabe a resposta. - Respondi dando um beijo em sua testa.

- Seu irmão implicou com você de novo? - Perguntou já sabendo a resposta.

- Nem fiz nada com esse Bebezão. - Jack se defendeu ao entrar batendo a porta.

- Você nunca faz e onde estava? Devia ter chegado com seu irmão. - Críticou ela o encarando.

- Não posso dar uma volta com meus amigos? - Respondeu sem olhar na direção dela.

- Bom, continuem que eu vou pro meu quarto. - Disse me retirando rapidamente, evitando que os mesmos dissessem algo.

O único momento de paz eu só podia usufruir em meu quarto, lugar esse por sinal que eu não permitia que ninguém entrasse. Meu irmão já tentou várias vezes ver o que tanto escondo aqui, mas eu já tomei todas as precauções possíveis para ele não entrar.

Abri minha mochila que havia jogado sobre a cama e peguei meu caderno, abri o mesmo e arranquei a folha que estava rabiscando no colégio antes do meu irmão chegar, era um desenho dela, o pendurei em meu mural junto com mais de centenas deles, dei alguns passos para trás e fiquei observando como quem fica horas observando uma coleção rara.

Minutos depois...

- Harry visita pra você. - Pude ouvir meu irmão gritar escandalosamente da sala.

- Manda embora não quero falar com ninguém. - Respondi ao abrir a porta e gritar.

- Vai dispensar a Lunie assim? - Indagou me fazendo desacreditar nas palavras dele.

- O que disse? - Perguntei após sair rapidamente do quarto e olhar da escada.

- Acha mesmo que a gostosa da Lunie perderia o tempo dela  com você? - Disse agora me zuando. - Tinha que ver sua cara, acho que é caidinho por ela.

- Cala a boca. - Respondi já irritado.

- Não me manda calar a boca, ainda fiz o favor de te chamar, deve ser seu namoradinho. - Debateu.

Quando ele falava "namoradinho" se referia ao Eduardo meu amigo de infância, chamo ele de Duca, ele é o único que sabe que eu realmente amo a Lunie e o único que entra no meu quarto, até porque é onde posso conversar com ele sem meu irmão ficar passeando perto pra ouvir.

- Cara você está desenhando demais, mas acho que sua paixão pela Parker já virou doença. - Brincou ao olhar novamente o mural em meu quarto.

- Eu tento desenhar outras coisas, mas sempre tem que ter um desenho dela também. - Respondi suspirando ao olhar pela varanda do meu quarto.

- Meu crescemos todos juntos, você já devia ter dito tudo o que sente a ela. - Comentou aproximando logo atrás de mim.

- Eu sei, mas eu nunca soube como fazer isso. - Murmurei comprimindo os lábios.

- Só espero que quando venha descobrir não seja tarde demais. - Disse me olhando.

- Talvez ela não seja pra mim. - Debati entrando no quarto ao passar por ele. - E vamos parar de falar dela que já está ficando meio complicado o clima aqui.

- Vou fuçar no seu notebook. - Disse ao entrar sorrindo.

Ele está certo, eu devia ter contado isso há muitos anos atrás, assim independente da resposta e da reação dela eu já estaria livre dessa situação. Fiquei desenhando enquanto ele mexia em meu notebook, e mal percebi que ele estava se passando por mim no meu face ao puxar assunto com ela.

- Mas que droga está fazendo Duca? - Perguntei arrancando o notebook de suas mãos.

- Estou te ajudando, ainda vai me agradecer por isso. - Respondeu se gabando pelo que fez.

- Não era pra ter mandado nada pra ela, agora estou ferrado quando ela ver isso. - Disse sem tirar os olhos da tela.

- Para de drama foi só um "oi" , ela não vai te matar, no mínimo se não quiser falar com você vai apenas te ignorar. - Respondeu levantando-se da cama. - Vou pra casa tá, qualquer novidade me avisa.

- Não devia ter feito isso droga. - Resmunguei jogando o notebook na cama.

- Vai pensando em algum assunto legal pra falar com ela caso ela responda, ou mostra os seus desenhos. - Sugeriu me olhando com cara de besta.

- Que vontade de socar a sua cara, some daqui vai. - Disse abrindo a porta do quarto e o acompanhando até a sala.

- Relaxa cara. - Pediu dando de ombros.

- As bichinhas brigaram? - Ouvimos Jack dizer ao nos ver descer as escadas discutindo.

- Ai Jack todo mundo sabe que você é um viadinho não precisa jogar isso pra cima da gente pra tentar se esconder. - Eduardo respondeu sem pensar duas vezes.

- Viadinho é você. - Debateu levantando furioso ao ouvir.

- Vai embora logo Duca. - Sugeri antes que meu irmão quisesse arrumar briga.

- Fui... - Disse por fim retirando-se.

- Foi bom ele ter ido ou ia sair daqui de cadeira de rodas. - Resmungou meu irmão voltando pro sofá.

Eu nem respondi mais nada pra não me desgastar, ele sempre foi metido a machão, até ele arrumar alguém que faça com ele o que ele faz com todo mundo. Voltei pro meu quarto e fui tentar tirar um cochilo da tarde apesar de estar com o que o Eduardo fez na cabeça e curioso pra saber se ela irá mesmo responder, jamais teria coragem de fazer o que ele fez no meu lugar.

- Filho vem jantar. - Acordei ao ouvir minha mãe dizer enquanto batia na porta do meu quarto.

"Jantar? Mas eu nem almocei."

Pensei...Só me dei conta de ter dormido demais quando olhei pra varanda e vi a lua, em poucos minutos me lembrei do notebook e logo abri o mesmo pra dar uma olhada, pra minha decepção ela não respondeu. Me levantei desapontado e fui para a sala de jantar, eu só desejei que o dia terminasse logo enquanto revirava a comida em meu prato sem ao menos ter colocado um só grão na boca.