Unidos pelo mistério

Furacão Ágatha

POV: ANABIA
Domingo- 31/10/24
09:27

Eu tinha acabado de acordar, estava super cansada devido a festa de ontem. Dormi na casa de Anna pois iriamos pra praia surfar hoje, tínhamos marcado de ir com o pessoal de ontem, o mesmo grupo que estava jogando verdade ou desafio.

09:52
Eu e Anna estávamos saindo de casa para ir pra praia, que ficava a 3 minutos da casa da loira. Chegando la avistamos o pessoal.

—Acho que vamos ter que remarcar hoje— disse Lara Titoneli, e todos nós olhamos com uma cara de "??" para a mesma

—Ta maluca?? Qual foi a ultima vez que vc viu uma onda com mais de 4 metros??— disse indignada após a fala da garota.

— Vocês que sabem, eu fico aqui cuidando das coisas— a morena disse, geral concordou e fomos para o mar.

O furacão Ágatha havia acabado de chegar em outer banks, justo no dia em que havíamos marcado de surfar todos juntos. Raramente os pogues e os kook's se misturavam, mas difícil mesmo era manter a paz entre os lados enquanto ambos estavam no mesmo lugar. Logicamente não íamos perder a oportunidade de surfar em pleno domingo, com uma onda de mais de 4 metros.

Ficamos ali a manhã toda surfando, alguns apenas tentavam, ja que não tinham tanta experiência no esporte. Eu e Jm estávamos arrasando, ja que fazia alguns meses que fazíamos aulas de surf juntos.

Quando foi por volta de 12:40 fomos pra lancha da Carol, por mais que a garota fosse uma pogue, seu pai era um kook e tinha pedido para um cara encontrar a gente na praia para darmos uma volta de lancha e preparar um churrasco para nós. Até então não havia caído uma gota do céu, só estava ventando um pouco a mais que o normal.

14:18
Todos já tinham almoçado. As meninas estavam ouvindo musicas e jogando papo fora enquanto eu e os meninos tentávamos jogar altinha na parte da frente do barco. Como previsto, essa ideia de gênio não deu muito certo, portanto a bola caia toda vez na água e eles tinham que ir la buscar, afinal, eu que não me molharia toda para pegar uma bola. Ficamos nessa por papo de 30 minutos, até que começou a chover um pouquinho, mas ignoramos esse fato. A bola caiu na água pela vigésima vez e agora quem foi buscar a mesma foi Luiz, estávamos perto de umas rochas, longe da praia em si. Assim que o moreno pulou na água todos gritamos achando que ele tinha batido a cabeça em uma das pedras, afinal fazia uns segundos que o garoto não aparecia na superfície.

Começamos a gritar por Luiz preocupados, até que o mesmo aparece em pé em uma das pedras com a bola nas mãos rindo muito da nossa cara.
—CARA VOCÊ É RETARDADO?? PORRA— gritei e o mesmo parecia estar gostando de nos ver preocupados, afinal não parava de rir. Luiz então pula na água novamente para voltar pra lancha, mas assim que caiu no mar um raio atinge o garoto, fazendo todos gritarem e se desesperarem.

Segunda- 01/11/24
14:03

Estava no carro, a caminho do velório de Luiz, o garoto infelizmente não resistiu ao raio que o atingiu. Não consegui dormir essa noite pensando que a culpa por parte era minha, afinal, eu chamei eles, eu fiz todos ficarem na praia mesmo sabendo do Furacão Ágatha. Sei que não sou tão próxima do garoto, mas mesmo assim, Luiz não deixava de ser meu amigo, um ótimo amigo aliás, sempre me tratava bem e fazia questão de perguntar como eu estava pois sabia que minha cachorrinha tinha falecido esse ano.

14:12
Cheguei no velório e logo fui prestar minhas condolências a Tia Tatiana e ao prefeito, pai do garoto.

—Meus sentimentos tia!— disse dando um abraço apertado na mesma, passei por ela e fiz a mesma coisa no prefeito.

Passei pelo caixão que estava fechado, devido ao corpo do garoto ter ficado todo queimado, e logo sinto meu olhos se encherem d'água vendo a foto do moreno que estava em uma espécie de tripé com um arco de flores em volta.

Rapidamente avisto o pessoal, pude reparar que todos estavam com a cara vermelha e inchada de tanto chorar. Estavam conversando e relembrando de momentos que passaram com Luiz, eles riam e choravam ao mesmo tempo devido as lembranças que o garoto trazia. Luiz sempre foi de fazer todos rirem e era um menino muito carinhoso.

Me juntei na conversa e ficamos ali conversando até a hora do velório de fato.

Assim que deu a hora fomos todos em direção a cova de Tayano. Jg, Bruno, Davi, Jm, Pedro e Gabriel estavam juntos levando o caixão e logo atrás deles estávamos eu e as meninas de mãos dadas chorando. Não estava enxergando nada devido a visão turva que as lágrimas deixavam em meus olhos, então quase tropecei várias vezes.

POV: ANNA LAURA

Meu rosto estava em situação deplorável, sempre tive o rosto redondinho, mas quando eu chorava ficava três vezes pior. Perder o luiz é como se agora fosse ficar um vazio em nosso grupo, um lugar que ninguém conseguiria tomar.

Ja estavam descendo o caixão quando as pessoas começaram a jogar pétalas de flores, os meninos jogaram uma camisa de seu time junto pois sabia que Luiz gostaria de ser enterrado com uma.

Não conseguir evitar e cai aos prantos com o pessoal e todos nos abraçamos. Quando estávamos saindo do enterro, vi Bruno sentado sozinho olhando para baixo, Me aproximei até o garoto me sentando ao seu lado.

—Vai ficar tudo bem, amor! Ele com certeza ta em um lugar melhor agora e se orgulha da pessoa que você é!— disse tentando acalmar o garoto

Bruno me olha com o rosto todo vermelho e os olhos cheios d'água e cai em meu ombro me dando um abraço, um dos abraços mais fortes que ja senti.

POV: BRUNO

Nunca fui de chorar, principalmente na frente das pessoas, mas nesse dia não consegui segurar. Levar Luiz até a cova com os meninos foi uma das coisas mais difíceis e dolorosas que eu ja fiz na vida.

Luiz tinha um coração enorme, se ele não gostava de você é porque você deve ter feito algo que o chateou ou magoou muito. Lembro do dia em que nos conhecemos:

* FLASHBACK ON *

13/05/17
09:38

— Eii, sai daqui garota— disse Luiz a Sofia

— Mas eu quero jogar bola com vocês!!— a morena disse pegando a bola da mão de luiz e tentando fazer uma chapa, a bola foi tão alto que a isolou em cima do prédio ao nosso lado.

— Caraca Sofia! Isso que da por mulher para jogar futebol, vai brincar de barbie com as garotas.— diz o garoto com seu jeito machista desde os 10 anos

* FLASHBACK OFF *