𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐈𝐈

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ATENÇÃO!!!! Este capítulo terá conteúdo sensível como:
    

       ➥ Abuso sexual
       ➥ Abuso psicológico
       ➥ Ações que talvez seja consideradas     
            Satânicas

     04:56 da manhã. O céu ainda estava escuro quando acordei desesperada e com falta de ar, apenas o silêncio que era quebrado pelos barulhos das cigarras que soavam na escuridão da madrugada e pela minha respiração desregulada. Senti uma pontada em meu peito, uma pontada forte de dor, meus olhos se enchem de lágrimas rapidamente.
      Mas o que estava acontecendo? Qual era o motivo desta dor? Eu estou morrendo? Eu me encolho na cama debaixo dos cobertores. A dor só estava aumentando, meu choro era baixo, mas era possível escutar meus soluços. Quando olho para o canto do quarto, vejo um homem, ele se parecia com Jeff... Ele estava segurando um tipo de boneco em suas mãos, parecido com um voodoo. Em seu rosto estava um sorriso, um sorriso diabólico e perturbador. Ele enfiava uma agulha no peitoral do boneco, em específico, na altura de seu coração.
       Cada vez que a agulha perfurava mais a fundo, a dor aumentava. Eu queria gritar, mas era impossível. Me encolho mais ainda, agora eu  estava sem ar... Meu olhar desesperado se encontra com seu olhar maléfico. O que eu fiz para merecer isso? Isso é um pesadelo? Ou ele veio diretamente do inferno para me levar junto dele? O vejo se aproximar da cama, ele coloca o boneco de lado e tira a agulha sem nem um pouco de delicadeza. A dor vai embora, solto um suspiro de alívio e o vejo guardar a agulha em seu bolso e então ele sobe em cima da cama ficando por cima de mim.

    — o que você quer de mim?... — minha voz sai chorosa, enquanto ainda não conseguia me mover — por que está fazendo isso comigo? Por que você não me deixa em paz? — começo a chorar mais ainda, agora aparentava ser uma criança com medo.

   — Eu ando te observando desde que você era pequena.. — ele passa sua mão pelos meus cabelos —  sei que não compreende agora.. Mas depois, lhe prometo que vai se sentir melhor.. — ele se coloca entre minhas pernas e afunda seu rosto na curvatura do meu pescoço, o sinto respirar fundo, como se estivesse sentindo meu cheiro, assim como ele fez quando me abraçou. Sinto sua mão em minha cintura se deslizar até a minha coxa e apertar fortemente. Me sinto suja com seus toques, eu só queria que isso acabasse logo. Ele me dá nojo.

   — por favor, me deixe em paz! — tento me mexer novamente, mas algo espiritual me prendia na cama, algo mais forte e poderoso.. Algo.. Que seria um alguém, e este alguém era ele. Ele dá uma leve risada e então o sinto colocar sua mão por dentro da minha calça e massagear minha intimidade. — P-para! — minha voz sai quase como um sussurro na tentativa que saísse um grito. Era horrível, minha garganta doía como se um nó estivesse feito nas minhas cordas vocais, mas por sorte, um barulho na cozinha faz com que ele se afaste rapidamente e finalmente consigo me mexer. Ele me olha assustado e então pega o boneco voodoo e sai do meu quarto.

    Eu solto um suspiro de alívio e começo a chorar mais ainda, sinto nojo de mim mesma, nojo de estar viva e de ter sido tocada. Sinceramente, eu só queria morrer em vez de estar aqui. Sinto meu corpo formigar, eu quero rasgar minha pele, quero esquecer disso tudo. Eu quero morrer. Não quero estar viva, eu não quero estar aqui! Droga, mas que merda! Minhas lágrimas escorrem com mais frequência em meu rosto, começo a soluçar, sinto meu peito arder. Por que? Por que justo comigo? Por que logo agora? Porra, eu cometi a merda de um pecado tão grande ao ponto de Deus me castigar assim?! Minhas mãos apertam meu corpo, meus braços. Minhas unhas cravam em minha pele, e eu a puxo com força. Meu sangue escorre e suja as minhas mãos, os lençóis e cobertores brancos.

      A madrugada passa, apenas fecho meus olhos e continuo chorando até pegar no sono. Dessa vez, eu tenho um sonho, um sonho onde eu estava com Edward. Edward era papai... Papai estava aqui comigo! Ele estava correndo atrás do meu eu quando criança. Mamãe estava rindo enquanto lavava o carro. Eu via tudo em câmera lenta.. Dou um sorriso contente e tristonho ao mesmo tempo. Eu estava feliz por ver ele. Eu sinto falta dessa época.
     Assim que papai se senta ao lado da mini Elara, eu me aproximo dele, e então me sento ao seu lado. Será que ele me vê? Ou consegue ao menos me escutar? Ouso me aventurar com expectativa, e então o chamo.

     — Papai? — minha voz sai com ternura e chega a falhar um pouco — papai, você consegue me ouvir? — o olho com expectativa e então ouso tocar em seu ombro.. Mas por algum motivo minha mão ultrapassa sua pele como se eu fosse um fantasma. Me afasto assustada e começo a chorar, e então eu apago mais uma vez.
      A escuridão toma conta, e então eu escuto apenas meus pensamentos novamente.

 
    

 𝗘𝗟𝗔𝗥𝗔 𝗦𝗛𝗘'𝗟𝗟 𝗕𝗘 𝗗𝗘𝗔𝗗Onde histórias criam vida. Descubra agora