Parada diante das três grandes e retangulares janelas da sala de jantar, a viscondessa observava os acendedores de lampiões enquanto eles faziam seu trabalho de iluminar as ruas do lado nobre de Londres. Atrás dela, as serventes preparavam a mesa, com guardanapos de algodão e talheres de prata novos.
As noites de primavera eram conhecidas pelo clima quente e agradável, perfeitas para uma festa ou jantar no jardim. Mas não na mansão dos Hawkins, pois o véu do luto havia caído sobre aquela casa há duas semanas.
— Tudo pronto, minha senhora.
— Obrigada, Judite. Pode avisar meu filho que o jantar está servido, e não esqueça de dizer que pedi que fizessem o favorito dele hoje.
— Sim, senhora. — A servente saiu da sala para fazer o que havia sido ordenado.
A viscondessa reparou que o cheiro da comida convidava seu apetite, este que estava sumido há muitos dias — uma grande novidade, considerando que tudo o que ela vinha fazendo desde o funeral de seu marido era acordar de manhã, melhorar a aparência, comer um pão amanteigado; se fosse um dia de sol, ela saía no jardim e depois se trancava no escritório pelo resto da tarde. Só se alimentava para não morrer de fome, pois sequer sentia o gosto do que entrava em sua boca. Mas a comida que Judite acabara de servir era de comer com os olhos.
A viscondessa puxou uma cadeira, a mesma de sempre, na extremidade da mesa de mogno que apontava para a janela central. Depois, ajeitou o vestido preto e volumoso enquanto sentava no estofado cor de ocre.
O som de passos lentos ecoava pela casa, tornando-se ainda mais perceptível quando alguém se movia pelas escadarias, que ficavam perto da cozinha. Poderia ser Judite subindo, ou Cassiel descendo.
Mesmo que a viscondessa tivesse deixado de ser o tipo de mulher que acreditava em boa sorte — e em qualquer outra forma de se conseguir algo através do querer — naquela noite, ela cruzou os dedos debaixo da mesa. Era vital que aquele jantar tivesse êxito.
Passos ficavam ainda mais nítidos sobre o mármore da sala de jantar. Cassiel.
O rapaz de cabelos loiros e volumosos veio se sentar, sem nenhuma expressão diferente no rosto, sem trazer nada de novo, exceto o jornal dobrado debaixo do braço.
A viscondessa não gostava da ideia de trazer para a mesa essas coisas que serviam como distração durante as refeições. No entanto, as gazetas traziam notícias recentes, o que era sempre bom para gerar assunto.
— Cassiel, filho — a voz dela saiu doce e branda. — Que bom que veio! O jantar de hoje vai te deixar muito feliz.
— Filete de robalo com crosta de panko e ervas secas — ele analisou a mesa antes de puxar uma cadeira. A que pertencia a ele agora.
— Com tomates assados e azeite verde para o acompanhamento — ela complementou.
— Meu prato favorito — um sorriso modesto começou a crescer no semblante de Cassiel.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bridgerton | Taylor Swift
FanfictionUm marido morto, um filho ausente e uma escritora anônima publicando mentiras. A viscondessa Taylor 𝘏𝘢𝘸𝘬𝘪𝘯𝘴 tinha muito com o que se preocupar na primavera de 1813, e, quanto mais pedia por um momento de paz, mais problemas o universo esperav...