Pedaços de suas memórias

Uma maneira fácil de deixá-lo louco

Camisa branca. Mancha vermelha. O som de um tiro. Ela ouve pássaros voando. Está muito quieto na rua, um homem está morrendo em seus braços, e ela chora, o beija, o chama, o chama de amado, mas ele não responde, o medo se tornou seu eterno companheiro, suas mãos tremem.. Ela tenta abraçá-lo, sufocando com os soluços e percebendo todo o horror. Uma camisa branca, uma mancha vermelha é a última coisa que ela vê antes de acordar. Ela está chorando. Curiosamente, ela chora por causa do pesadelo. Muitas vezes ela tinha pesadelos, mas eles nunca terminavam em lágrimas. Este era de alguma forma especial e ela não conseguia entender o porquê, ou não queria. Desta vez ela acordou em seu apartamento, uma pequena bola fofa de calor aquecia seus pés e roncava calmamente, protegendo sua patroa, ela tentava agrupar seus pensamentos, mas havia problemas com isso. Problemas, problemas, problemas... Isso se tornou o principal sinônimo de sua vida, ela tentou ser forte, tentou recomeçar a vida, sem suas lembranças, mas não conseguia deixar a sensação de que havia esquecido algo importante, sem o qual ela não era ela mesma. Foi amor ou alguma parte que faltava em sua personagem? Ela não sabia. Ela tentou não pensar no cara lindo de olhos castanhos, ela estava com medo, não sabia o que fazer com isso, toda a sua vida mudou de cabeça para baixo literalmente em um dia. A mãe dela não é a mãe dela, o irmão dela não é o irmão dela. E ela também tem marido. Ela definitivamente precisa consultar um psiquiatra. Ela gostava da vida dela, gostava da vida em Londres com o irmão e a mãe, ela os amava muito, os considerava sua família. Ela adorava o irmão, mas com a mãe tudo era mais complicado, ela sofria de dupla personalidade e a princípio a tratava com bastante frieza, como se ela não fosse sua filha. Seiran sorriu tristemente. Ela não era sua filha. Agora ficou claro o estranho comportamento da mãe após o "acidente", assim como suas brigas abafadas com o filho fora da enfermaria. Porém, para Seiran eles ainda eram uma família, o único que ela amava e lembrava. Mas ela se lembrava de apenas 2 anos de sua vida. Engraçado e triste. Seiran tentou recuperar o fôlego. Vários pensamentos surgiram em sua cabeça, a menina não sabia o que fazer com eles, ela queria fugir. Ela deveria ter ligado para Tiffany e avisado que talvez ela não pudesse ir a Paris e relaxar. O relógio marcava 3 horas da manhã, começava a clarear do lado de fora da janela e ouvia-se o chilrear dos pássaros. Seiran não conseguia dormir. Seus pensamentos a traziam de volta aos acontecimentos de ontem e ao cara bonito que a queimou com os olhos. Cada vez que ele olhava para ela, ela parecia esquecer de respirar. Banal. Deus, a garota riu de Tiffany centenas de vezes quando ela contou como se apaixonou por esse ou aquele cara à primeira vista. Embora tenha sido assim que sua melhor amiga conheceu Jake, um cara gentil e doce com quem ela agora tem um casamento feliz. Embora, no fim das contas, ela também fosse casada, ela não se lembrava de nada. O casamento dela era feliz, ela amava o marido, ele a amava,eles brigavam com frequência? Essas milhares de perguntas giravam incessantemente em sua cabeça. Ela tentou não pensar em sua família verdadeira, porque não queria. Algo lhe dizia que ela os havia esquecido por algum motivo e que havia algo em suas vidas que poderia aterrorizá-la. Talvez ela seja uma covarde e alguém a culpe por fugir de suas memórias, mas ela não se importou. Já eram 3h30, ela percebeu que não iria adormecer. A garota saiu silenciosamente de debaixo do cobertor, tentando não tocar em Rick, com medo de acordá-lo. Depois de se lavar com água fria e vestir sua camiseta masculina favorita, que a acalmava constantemente, ela sentou-se para reler Orgulho e Preconceito mais uma vez. Este era seu romance favorito, que seu irmão lhe trouxe há cerca de 2 anos, enquanto ela estava no hospital. A propósito, esta camiseta. Depois de amarrar o cabelo em um coque, preparar um chá de jasmim, ela mergulhou na leitura. Seus pensamentos a levaram muito além dos limites deste apartamento, direto para Foggy Albion. Porém, meia hora depois ela ouviu uma batida persistente na porta e ficou desconfiada. Meu irmão estava com as chaves e não teria voltado naquela hora, embora pudesse simplesmente ter esquecido alguma coisa ou deixado as chaves em casa... Ela levantou-se suavemente da cadeira. As batidas não pararam. - Alá, Alá, irmão. Você esqueceu alguma coisa? - ela disse, abrindo a porta. Mas não era Kaya que estava lá. Balançando de um lado para o outro, estava ninguém menos que Ferit Korhan. Ele estava desgrenhado, exausto e obviamente alguém o havia espancado. - Ferit Korhan? - ela perguntou surpresa. -Seyran Korhan? - ele imitou. Ele claramente não era ele mesmo. "Acho que você deveria ir embora", disse ela. Ele balançou a cabeça negativamente e literalmente invadiu o apartamento dela. E então algo estranho aconteceu. Mais precisamente, ela nem entendeu em que momento isso aconteceu, mas um segundo depois ela já estava nos braços dele. Ela não o abraçou de volta, mas também não o afastou, ela simplesmente não sabia o que fazer ou o que fazer. Um aroma leve e agradável de perfume masculino Dolce Gabbana chegou até ela, vagamente familiar, mas ela não conseguia se lembrar de onde o conhecia. Seu coração começou a bater descontroladamente. O cara inalou o cheiro dela como um louco, como se não houvesse nada mais bonito em sua vida antes. Ele também chora, molhando o ombro da camiseta dela. Seiran está em estado de estupor. Ela ouve fragmentos de suas frases: "Seiran, Seiran Seiran..." Ele beija levemente seu ombro. - Como senti sua falta, como tive medo... Seu olhar está nublado e sua língua emaranhada. Ele estava claramente bêbado. O latido alto de Rick pode ser ouvido diante dela, aparentemente, ela acidentalmente o trancou no quarto. Ela tenta se desvencilhar do abraço, mas eles não a deixam ir. - Férito. É como se ele não ouvisse. - Ferit, não consigo respirar.. Ele a solta com relutância e continua a olhar penetrantemente. Para ser honesta, ela duvida que ele entenda onde está. Ela rapidamente chegou à porta da sala e deixou Rick sair. O bravo cachorrinho correu até aquele que ousou perturbar a paz de sua dona. Ele rosna para ele, tenta mordê-lo, mas não funciona. Ferrite olha para ele,balançando levemente e de repente começa a sorrir: "Sabe, você sempre me pediu para comprar um cachorro". - ele exala. - Assim mesmo, peludo, fofo, cacheado, e eu... adio constantemente a compra para mais tarde. Você não se lembra disso? Depois de acalmar o cachorro, ela olhou para ele - Ferit, você não é você mesmo. - Não, não, não, Seiro. - ele balançou a cabeça, como uma criança que aprendeu algo terrível e não quer acreditar, - você não poderia esquecer, não é verdade, certo? Você e eu já passamos por tanta coisa. "Ferit, não me lembro", disse ela com pesar. Nos olhos do cara, várias emoções mudam em um segundo: incompreensão, ressentimento, raiva, que acaba virando raiva.. - Eu vou matar ele, ele te levou embora por 5 anos inteiros sem me contar nada, ele estava ao seu lado todo esse tempo, eu deveria estar lá, não ele. Vou expulsá-lo da mansão e do negócio. A ansiedade apertou sua garganta; ela entendeu perfeitamente de quem ele estava falando. - Ferit, escute, não, vamos ficar sóbrios e conversaremos. Mas o cara não pôde ser parado. - Por que você o está protegendo? Por que? Ou há algo mais entre vocês, não é? E então, ela não se lembra de como, no meio do nevoeiro, atravessou a sala, dando-lhe um tapa na cara com toda a força.

Parece que naquele momento tudo na sala ficou em silêncio, até o cachorro franziu as orelhas de medo e correu para se retirar para sua casa. Ela estava com muita raiva e nem entendia por quê. - Eu fui uma esposa para você? Você trapaceou? Kaya é meu irmão, claramente! E me perdoe se aconteceu de eu não me jogar no seu pescoço, porque perdi a maldita memória, lembro de apenas 2 anos da minha vida e todos esses dois anos, você tem razão, ele estava comigo, mas ele está meu irmão. E ponto final. Se ele não me trouxe na hora, significa que ele tinha motivos para isso - parece que o cara esqueceu de respirar, queria falar mais alguma coisa, mas ela continuou. - Também estou insatisfeito com a decisão dele! Quero também lembrar de tudo, quero saber como eu era, quem é minha família! Mas durante esses dois anos ele cuidou de mim. Se você, Ferit Korhan, fizer algo com meu irmão", ela destacou a palavra para seu irmão, "então me divorciarei de você sem hesitação. Ele ficou pálido e agarrou a mão dela: "Você não ousará". Ela sorriu. -E o quê? Apostamos? Você já está se preparando para se casar, então não vou incomodar você, case-se. Irei para Londres e trabalharei lá. - A cada palavra que ele parava, ele ficava cada vez mais sombrio. -Seiran! - ele gritou. -O que, Seiran, o que? Ela queria dizer mais alguma coisa, provavelmente algo ofensivo porque estava muito zangada com ele. Quando de repente ele a puxou com força e a beijou. Não havia mais pensamentos em sua cabeça e não havia ar em seus pulmões, e para seu horror ela percebeu que o estava beijando de volta. O beijo não foi gentil, não ficou claro que o cara estava com raiva, ele mordeu avidamente os lábios dela, penetrando sua língua, tirando dela os últimos resquícios de ar. E então tudo parou tão inesperadamente quanto começou. "Tolo, que idiota você é", ele encostou a testa na dela, tentando recuperar o fôlego. - Você vai me deixar louco, Seiran, sabia disso? Mas eu não me importo. O principal é que você está bem. Seiran não conseguia entender o que estava acontecendo. Seu coração estava batendo forte. Meus lábios estavam agradavelmente doloridos por causa do beijo. - Mas você não pode contar com o divórcio. Ele a soltou e estava pronto para sair, quando de repente olhou para ela surpreso. -Onde você conseguiu essa camiseta? Para ser sincero, Seiran, que ainda estava em estado de estupor, ergueu uma sobrancelha surpreso e disse baixinho: "Kaya deu para você, mas o quê?" E então ele sorriu o sorriso mais feliz que foi capaz. - Bem, obrigado por isso, primo. Depois disso, ele se virou e saiu do apartamento, fechando a porta atrás de si e deixando-a em completo estado de choque.