Pedro Palhares vivia à espera de que algo grandioso acontecesse em sua vida. No entanto, a validade da aposta que fez dez anos atrás estava cada vez mais perto de chegar ao fim.
Prometeu, inicialmente, que aos vinte e cinco anos estaria casado com o homem dos sonhos, tendo feito entrevistas que mudariam o rumo da humanidade e com uma boa grana no banco. Aos vinte e quatro, percebendo que a promessa estava longe de ser cumprida, fez uma pequena alteração no prazo: agora, precisava realizar a meta até chegar aos trinta.
Palhares leu certa vez na faculdade uma frase que o impactou de imediato. Estava impresso com um espaço de destaque em um material de apoio da matéria de Semiótica: "Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas". Enquanto o professor comentava para a turma sobre o amor fati, descobriu que, em essência, para Nietzsche, precisávamos aceitar e aprender a amar a nossa realidade, independentemente de como fosse.
Mas, para Pedro, aquilo tudo era uma grande besteira. Se fosse amar tudo que recebia, jamais teria saído de sua cidade natal para tentar a sorte na cidade grande, nunca teria a coragem para abraçar a sua sexualidade, e muito menos se formado em uma das faculdades mais disputadas da região. Ele construía o seu próprio destino.
Contudo, ainda estava longe de conseguir chegar onde desejava. No momento, era incapaz de amar o próprio trabalho, já que o via apenas como algo temporário até conseguir um bom emprego na área que era formado para exercer.
"Hoje seria um dia perfeito para pedir demissão", Pedro pensou, desistindo antes mesmo de concluir a frase. "Claro, se eu tivesse coragem de olhar diretamente nos olhos do meu chefe, controlar a culpa pelo transtorno gerado e solicitar o desligamento da empresa."
É uma pena que as contas não se pagavam sozinhas e, por isso, pedro precisava de uma reserva financeira que o permitisse procurar outro emprego, antes de ser
Despejado do apartamento alugado. Na verdade, apartamento era uma palavra muito pequena para descrever a kitnet de 10m² que, após vários meses, conseguiu reunir alguns grupos de desapego. Pedro odiava o modo como parecia que tudo estava dando errado em sua vida, especialmente nas últimas semanas, quando começou a repensar as escolhas que fizera e a diferença que poderia fazer na vida de outras pessoas, ser um jornalista extraordinário e pela frente, Poderia permanecer na casa dos seus pais para sempre, mas essa escolha também não o faria feliz.A cidade grande parecia engoli-lo um pouco mais a cada dia, mas jamais voltaria para o interior. Embora amasse muito os pais e sentisse falta deles todos os dias, não havia oportunidades para ele em Itacuruba e não conseguia se imaginar longe da capital.
Com um longo suspiro, João leu a nova reclamação atribuída a ele e pegou o telefone em seu ramal, esforçando-se mais que o habitual para ser simpático enquanto atendia um novo cliente.
-Olá, aqui é o Pedro, do Time de Relacionamento Saldo Seguro, eu falo com... - Ele olhou para a tela do computador aberta no site Proteste Aqui, checando o nome do consumidor. - Carlos?
Pedro trabalhava em uma empresa de CRM¹ que prestava serviços a várias outras corporações. A operação em que atuava era a de um aplicativo de carteira digital que, além de facilitar o pagamento do cliente, ainda oferecia vários benefícios como cashbacks, promoções e sorteios especiais.-Sim, sou eu - o cliente respondeu de forma áspera.
-Carlos, eu tô ligando porque recebi a reclamação que você compartilhou no Proteste Aqui e vou fazer todo o acompanhamento do seu caso. Vi que não conseguiu pagar pelo App na sua última compra, você tem um print da tela de erro para eu enviar para o nosso time técnico analisar?
-Print? Não tenho print nenhum!
-Tudo bem, Carlos. De toda forma, vou entrar em contato com o time técnico para... - João aumentou o tom de voz. - Esse aplicativo é uma droga, só vive fora do ar. - O cliente interrompeu. - Isso acontece sempre. Do que adianta tantas vantagens se nunca consigo utilizar?
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Amor em jogo| Pejão
RomanceEssa história foi totalmente copiada de um livro amor em jogo do Felipe Mateus o q muda são o nome dos pps