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          --- CAPÍTULO 1: OUTONO ---

"A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os bons homens não façam nada." - Edmund Burke

Bangchan POV

1840, outono. Bangchan caminhava nos jardins do palácio depois de uma longa discussão sobre política. Tudo que eu queria agora era um pouco de ar e se encontrar com meu amigo no mirante próximo do local.

"Surpresa!" Seungmin disse, atrás de mim, rindo. Me assustei com o gesto repentino.

"Oh, pelo amor de Deus, Seungmin..."

Disse com um suspiro de alívio depois do susto, mas sorrindo pela (in)esperada aparição.

"Me desculpe, não pude perder a chance." O jovem fala.

Deixo outro suspiro, desta vez quando olho pros seus olhos castanhos que refletiam as cores do pôr-do-sol e seus lábios que esboçavam um belo sorriso.

"Achei que chegaria apenas de noite e viesse amanhã da viagem." Digo. Já havia um tempo que seungmin viajou à negócios e eu já estava quase tendo uma taquicardia de tanto esperar.

"No início realmente achei que iria me atrasar por causa do trânsito, mas conseguimos achar uma outra rota e chegamos mais rápido." Seungmin diz com um leve sorriso. "E você? Algo de novo?"

"Novo? Talvez o fato de todos estarem se revoltando contra o governo... espere, isso não é novidade." Rio, seungmin também.

"Bom, eles também não tem culpa. Na verdade, você sabe bem que você e seu pai..."

"Seungmin.." Eu o corto.

"Me desculpe." Ele diz.

"Tudo bem." Digo com um meio sorriso. Não, não estava tudo bem em falar nisso. Mas deixei pra lá.

Ele soltou um suspiro e olhou para o horizonte, observando o céu que agora já tomava tons dourados e laranjas.

"O outono tem um jeito de trazer certo peso, não é?" disse ele, quebrando o silêncio. "Como se cada folha que caísse lembrasse do que estamos perdendo..."

Assenti, ainda pensativo. Havia, de fato, uma sensação de perda no ar. Tudo estava mais caótico do que nunca, com gente pressionando para aumentar os impostos, enquanto o povo apenas tentava sobreviver. Eu sabia que as coisas estavam em um ponto crítico, mas me sentia preso entre minha posição como rei e minha consciência que clamava por justiça. Era um conflito que Seungmin entendia bem, talvez melhor do que qualquer outra pessoa.

"Bangchan," ele disse suavemente, virando-se para mim. "Sabe que, se precisar, eu vou estar por perto."

Seus olhos estavam sérios, o brilho de sempre agora mais intenso. Ele estava ao meu lado desde que me lembro, meu confidente, meu melhor amigo... e talvez algo mais. Às vezes, me pegava pensando se ele sentia a mesma coisa que eu, mas sempre afastava essas ideias. Vivíamos em tempos difíceis, e qualquer sentimento que fosse seguro para nós dois parecia um luxo que nunca encontraríamos.

"Eu sei, Seungmin." Digo, pensativo.

Ele sorriu, mas parecia também pensativo como eu, como se quisesse dizer algo a mais. No entanto, antes que pudesse falar, passos apressados ecoaram pelo jardim. Viramos-nos e vimos Minho, um dos assistentes pessoais de meu pai, vindo em nossa direção com expressão séria.

Quem Não Disse Não CesseOnde histórias criam vida. Descubra agora