Projeto Nêmesis | ABO

01- Arcano da força

"A beleza e a melancolia da existência podem se manifestar em episódios como este: o epifânico reconhecimento, tardio e exasperante, de que se devota amor a uma entidade. Este infortúnio pode assolar até aqueles que se encontram sob a mesma penumbra neste momento. Aparenta ser um amor insípido e morno, uma chama prestes a se extinguir; e se, por ventura, se dissipar, que se dane, e só após longas eras você se dará conta de que nada era mais intenso e singular do que essa paixão avassaladora. Tarde demais é uma expressão impiedosa. Tarde demais é um instante perdido na obscuridade. Tarde demais é um abismo insondável. Não é nesse recanto sombrio que devemos permitir que floresçam nossas revelações profanas."

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Orvieto/ Itália. 09/05/2023 / 10:35 AM

A sociedade é dividida em três grupos principais: alfas, betas e ômegas.

Cada grupo tem uma função específica dentro da hierarquia social. Os alfas, por exemplo, ocupam a posição de protetores e provedores das famílias. Eles são incentivados desde cedo a encontrar um ômega, casar-se, prover sustento e exercer um papel de liderança no lar, como um chefe responsável. Entretanto, muitos alfas, por se considerarem numa posição "superior", acabam negligenciando essas responsabilidades ou tratando as relações familiares com descaso, sabendo que o sistema está ao seu favor.

Os ômegas, em contraste, possuem pouca ou nenhuma liberdade para escolher seu destino. Em geral, eles são pressionados a casar e a gerar filhos com um alfa, muitas vezes sem qualquer vínculo de afeto ou consentimento genuíno. Na sociedade, os ômegas são vistos como figuras vulneráveis e são constantemente controlados pelos alfas, que se veem no direito de decidir o futuro deles.

Já os betas ocupam uma posição mais neutra, muitas vezes funcionando como cidadãos comuns. Eles não têm os instintos intensos de alfas ou ômegas, nem são regidos por papéis tão fixos na sociedade, mas ainda assim sofrem pressão para se encaixar no sistema e tentar estabelecer alguma autoridade. Contudo, sua influência sobre o poder ou sobre as dinâmicas dos alfas e ômegas é geralmente limitada, o que os deixa, muitas vezes, à margem das disputas de status entre as outras dinâmicas.

Em meio a esse sistema rígido e estereotipado, encontra-se Yan, conhecido como o "ômega perfeito." Ele é a personificação das virtudes que se esperam de um ômega ideal: delicadeza, uma educação impecável e uma inteligência quase sobrenatural. Mas o que realmente o distingue é sua beleza deslumbrante, quase etérea.

A beleza de Yan é, sem dúvida, invejável. Seus traços são finos e delicados, conferindo-lhe um ar de fragilidade que atrai todos os olhares. Sua pele é pálida e macia, refletindo a luz com suavidade, enquanto seus cabelos, dourados e sedosos, brilham como se competissem com o próprio sol. Seus olhos, de um tom profundo de mel, são hipnotizantes — capazes de paralisar alfas, betas e até outros ômegas com sua intensidade.

Yan parece uma figura angelical, uma perfeição intocável. Seu corpo é visto como um prêmio inalcançável, algo que ninguém jamais ousaria tentar possuir.

Yan sempre foi e sempre será lembrado por sua aparência marcante, por uma beleza quase insuportável de tão intensa, e pela delicadeza que cativava a todos ao seu redor. No entanto, sua inteligência, embora igualmente impressionante, jamais recebeu o devido reconhecimento. Afinal, na sociedade, ômegas não precisavam ser inteligentes; bastava-lhes o encanto, a gentileza e a submissão. Yan nunca fora marcado por sua intectualidade, o que era um desperdício.

— Yan, pode nos explicar como a variação de um campo magnético gera uma corrente elétrica em um circuito fechado, e como as Leis de Faraday e Lenz se aplicam nesse processo? — A professora olhava para ele com uma expressão quase desesperada, como se a sua resposta fosse sua única esperança de salvar aquela aula. Ele era um dos poucos alunos que mostrava algum interesse genuíno nas explicações dela, e provavelmente o único que realmente prestava atenção. A maioria dos outros alunos estava alheia à matéria, mas ele entendia o esforço dela.