Waves 2 - JJ Maybank.

023.

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I feel like you could save me now.
Eu sinto que você poderia me salvar agora.

—— James Arthur.

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Os passos cuidadosos de Liv ecoavam suavemente pelo interior metálico do navio. O coração dela batia descompassado, cada batida ecoando em seu peito como um alerta constante. Estava nervosa — e com razão. O medo de ser flagrada por algum capanga a bordo a assombrava a cada passo que dava.

Em silêncio, agachou-se atrás de uma grande caixa de madeira marcada com símbolos estrangeiros quando ouviu passos próximos. Sua respiração ficou presa na garganta. Uma voz grave soou, seguida de uma risada abafada. Espreitou com cautela por entre as frestas da carga e avistou dois homens passando tranquilamente, conversando como se não houvesse nada de anormal. Eles entraram em um corredor à direita e desapareceram da vista.

Um suspiro de alívio escapou de seus lábios. Passou as mãos trêmulas pelo tecido do short jeans, tentando recuperar a coragem. Precisava continuar.

Olhando em volta, escolheu seguir por um corredor mais estreito à sua esquerda. A iluminação era fraca, com lâmpadas de emergência piscando intermitentemente. O ar ali dentro era abafado e carregado com o cheiro de óleo e ferrugem. Liv andava com cautela, os passos leves como os de um gato. Ao entrar no corredor, avistou uma série de portas metálicas alinhadas nas paredes.

Ela parou, olhou por cima do ombro, certificando-se de que estava sozinha, e então se aproximou da primeira porta. Encostou o ouvido na madeira fria e esperou. Nenhum som. Seguiu para a próxima. Repetiu o gesto — dessa vez, ouviu ruídos abafados. Alguém estava lá dentro.

Talvez fosse Rose. Ou Sarah. Ou até mesmo... Sofia.

Aproximou-se da maçaneta, as mãos tremendo levemente. Mas antes que pudesse girá-la, passos pesados ecoaram do outro lado da porta. O susto a fez recuar imediatamente. Procurou abrigo no corredor ao lado, escuro e estreito. O coração martelava em seu peito. Escondeu-se atrás de uma pilha de tonéis e espiou com cuidado.

A porta se abriu. Rose saiu e seguiu calmamente pelo corredor, sem notar sua presença. Liv respirou fundo, pronta para se aproximar novamente, quando quase caiu para trás de susto.

Sarah Cameron surgiu de dentro do quarto, esgueirando-se com agilidade. Ambas se assustaram ao se verem.

— Ai, meu Deus! — Liv sussurrou, levando a mão ao peito, tentando conter o coração disparado. — Você quase me matou do coração!

Sarah a olhou, incrédula, ainda em alerta.

— O que você tá fazendo aqui? — ela perguntou, puxando Liv consigo por um caminho que a outra mal reconheceu.

— Estamos todos aqui — Liv explicou, ofegante. — JJ, Kie, Pope, John B... até a Sky. Viemos atrás de você. E da cruz.

Sarah parou de andar, olhando para ela, surpresa.

— Então era mentira — concluiu, com um riso seco e amargo, empurrando uma porta à frente. As duas entraram num grande compartimento de carga, cheio de caixas empilhadas e grades metálicas.

— Como assim, mentira? — Liv perguntou, confusa, observando o ambiente.

— O papo da troca. A cruz por mim — Sarah riu sem humor e encarou Liv. — Meu pai acabou de me enganar de novo.

Liv paralisou.

— Como assim, seu pai...? — sentiu um frio no estômago. As mãos voltaram a tremer.