(D)ear

LUGAR 1: SILENT FACES AND REVELATIONS.

- O que tanto você olha lá para baixo, Daaron? – disse a esfinge, incrédula.

- E-eu a perdi, c-certo? (Tossindo fortemente) – responde Daaron, com o sangue escorrendo pela boca.

- Se eu fosse você, apreciaria esta cena. Ela está feliz com outra pessoa. Poderia ser vocês dois, mas você é imprevisível.

(De repente, uma lágrima escorre do rosto de Daaron).

- Você está morto para os humanos, certo, Daaron? Virou um anjo caído, um demônio. Virou não, sempre foi um na vida dela. O que vai fazer agora?

- Eu quero encarnar em alguém melhor. Se for em um animal doméstico, que seja um animal dócil, mas valente, que a proteja do mal. Se for em um animal selvagem, que ronde e guarde a casa dela. Se for em um ser humano, que a ame todos os dias, e que demonstre isso a cada segundo. Se for em um verme, que seja um verme que elimine qualquer praga da casa dela. Se for em uma flor, que embeleze a janela dela. Se for em um anjo, que eu a guie para o Paraíso.

- É tão lindo na teoria, mas na vida real, você não é tudo isso. Você não suporta o fato de vê-la com outra pessoa. Responde uma coisa, meu caro. Qual é a sensação de ter ciúmes de alguém que não é mais seu?

- A sensação é de morte, Ayua.

- Tipo, não faz sentido na minha cabeça. A pessoa é livre por natureza, e você, um ser como qualquer outro, tira essa liberdade dela? Amar é deixar ir, se fosse para ser seu, ela teria voltado.

- Então, o que eu posso fazer para tê-la de volta?

(Ayua se aproxima lentamente ao ouvido de Daaron).

- Vou te fazer uma proposta. Você poderá voltar a conviver com Christine. Porém, se fizer mal a ela, você volta a ser um gárgula. E se você se apaixonar, você morre, como da última vez.

- Isso é ridículo! - diz Daaron, enfurecido.

- Ou você aceita, com a oportunidade de viver perto dela, ou nada feito.

- Tudo bem. Eu aceito a proposta. Mas com uma condição: se eu morrer, quero levá-la junto comigo!

- Como quiser, meu garoto – disse a esfinge, de forma irônica.