Los Angeles, novembro de 2024
Morgam;
Minha mãe sempre dizia que seguimos dois caminhos nessa vida, o quê queremos, ou o que querem para nós.... não sei ao certo em qual deles estou, eu estou fazendo a faculdade que desejo, mas não estou sentindo que estou feliz....tenho minha amiga, mas não sinto quê mereço essas coisas, pensei que aos vinte cinco encontraria meu caminho, que estaria extremamente realizada no que criei para mim, pensei que todos aqueles monstros do passado desapareceriam, mas por alguma razão, eles parecem mais vivos a cada dia que passa.... não me orgulho, mas se eu parasse com tudo, será que eles iriam sumir também? O vazio iria embora se eu decidisse deixar de estar aqui?
— Você está fazendo de novo, Morgam. — Andy me sacudiu pelos ombros enquanto me encarava com os olhos arregalados e certa impaciência em sua voz, era estranho vê-la assim, sua voz sempre foi calma, quase angelical, mas autoritária quando necessário.
— Eu estava pens..
— Você estava pensando em como lhe falta algo, em como você sente que não está fazendo o que gostaria de fazer, eu sei, Morgam, mas.... Quando vai perceber que morremos por estarmos sempre pensando no que não temos e por nunca estarmos satisfeitos com o que temos?
— É fácil para você falar. - Retruquei.
& Ah, é mesmo? — ela arqueou as sobrancelhas e senti automaticamente o arrependimento se entrelaçar no meu estômago e aperta-lo como se precisasse disso para sobreviver, como alguém que se segura num penhasco para não cair.
— Me desculpa, não foi isso o que eu quis dizer, eu só... não sei o quê eu sinto, Andy, e isso assusta. — Sinto meu celular apitar dentro do bolso da minha calça antes que eu pudesse lhe dizer mais alguma coisa. Levantando o brilho do celular para conseguir ver melhor a tela.
— Quem é? — Andy perguntou-me lançando um olhar curioso.
Meu estômago embrulha novamente com a chamada de casa aparecendo na tela de notificação do meu celular, uma...duas...três chamadas seguidas, e volto a colocar o celular dentro do bolso.
— Sua mãe?
Concordei com a cabeça seguindo até a porta da casa de Andy, iria ajudar ela com os estudos dela, não que eu entendesse muito de psicologia, mas ela pediu ajuda, e companhia, claro.
— Se lembra quando eu comprei essa casa? - ela deu uma risada curta, e por alguns segundos pude ver seus olhos brilhando antes de abrir a porta e entrarmos. — Você me disse que comprar uma casa enquanto estava na faculdade seria loucura.
— Porque é loucura, Andy. — Sorri pendurando meu casaco e olhando para as escadas de mármore, adorava tudo naquela casa, os quadros em um tom dourado pouco escuro, o lustre no centro, brilhava tanto que chegava a doer os olhos, o cheiro de lavanda que parecia nunca sumir por onde quer que eu fosse nessa casa, e sem falar na área de spar....
Tento voltar meus pensamentos para minha quinetizinha sentindo minha esperança esvaindo rapidamente do meu corpo
— Então, você e eu, vamos a uma festa essa noite. — Andy pega meu pulso me puxando escada acima, tropeço algumas vezes, mas ela continua o caminho como se não fosse nada.
— Não posso. — Proferi dando de ombros, tocando na prateleira de vidro.
— Qual é, Morgam!! Você tem ficado no quarto a semana inteira, estudando igual uma condenada, uma festa não deve ser nada demais.
— Não, não é nada demais, eu apenas não sinto vontade de sair.
Vejo Andy soltar um suspiro pesado e se sentar na poltrona, dando batidinhas leves na outra poltrona ao lado. Desisto de ficar em pé após ela me encarar por mais de um minuto, ela era ótima em encarar pessoas, desde o nosso tempo na escola, Andy conseguiria colocar qualquer garoto para correr com um olhar só, agora ela consegue chegar em qualquer homem com um olhar só, é engraçado pensar como as coisas mudaram.
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O acordo
RomansTodos temos uma ideia do que é o amor, para alguns é se dedicar na faculdade que você tanto sonhou, é conseguir seu emprego dos sonhos, é se casar.... Para outros, amor é sacrifício, é devoção, até obsessão, é dar sua alma para apenas uma pessoa sua...