Cinquenta Segundos

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O ponteiro do relógio marcava os minuto, cada um, uma lembrança do que já não era mais.

A escuridão envolvia tudo
Inclusive, o vazio que ficou no coração

Apertou os olhos, com tanta esperança de conseguir fazer aquela dor parar. Com tanta esperança de, apenas esquecer. Mas tudo o que enxergava naquela escuridão, eram os bons momentos que foram vividos tão, tão, intensamente.

Lembrava-se do último beijo onde prometeram uma eternidade à cada toque. Lembrava-se do último abraço onde prometiam o Lar no conforto dos braços do outro. Lembrava-se do último olhar...

O olhar... Aquele, que suplicava por mais uma chance antes de dar as costas para ir embora.

Aqueles olhos que, antes, quando o encarava, o fazia sentir-se no céu, ou no inferno, quando o queimava por dentro.

O amor ardia como uma faísca no peito
Que péssima mania de brincar com fogo.

O silêncio era ensurdecedor onde antes haviam risadas e promessas de amor. Diego não era muito bom com promessas, mas aquelas, aquelas ele tinha esperança de poder cumpri-las. Sentou-se sozinho no escuro, cercado pelas sombras dos dias passados, e constantemente se questionava; como momentos tão bons se tornaram lembranças tão dolorosas?

♾️♾️

Era oito horas da manhã de uma terça-feira. Não era uma terça-feira como as outras. Naquela terça-feira, Diego estava de frente ao teclado que costuma ficar no canto de sua sala, sentado em uma cadeira com o estofado confortável, estralando os próprios dedos antes de leva-los até as teclas pretas e brancas do instrumento. Soou pela casa a melodia que estava em sua cabeça desde o momento em que abriu os olhos naquela manhã. Para ruivo, soltar a voz era uma boa, e talvez única tentativa, de tirar do peito todo aquele sentimento que vinha de sua alma, passava por sua garganta e saia em forma de música.

Em meio a tudo que ficou guardado
E-mails, fotos e os seus recados
Em meio a tudo que você esqueceu
Todas as coisas que me prometeu

E o "pra sempre" também foi esquecido
Em meio a tudo, me sinto perdido
Punhal de dor invade o coração
Dilacerando como a solidão

Sua atenção foi tomada pelo toque do celular que não parava de notificar novas mensagens. Todas elas vinha da mesma pessoa. Cada ligação que não era atendida carregava o peso da magoa em seu coração.

Quem poderia culpa-lo se, as únicas coisas que sofriam com tudo isso era seu coração que doía sendo ignorado, e seus dedos que foram apertados com mais força contra as teclas no piano.

Vou me refazer pra te esquecer
Vou jogar fora a nossa história

Vou renascer como um amanhecer
Fazer brilhar uma nova aurora em mim

Diego tinha o talento de transformar seus sentimentos em melodias, e de ocupa-las com palavras que não tinha coragem de falar.

Quem reparava muito nisso era Larissa, que parou na metade da escada para ouvir os sentimentos do ruivo que saiam tão afinados. Diego estava de costas para ela, então, não a veria ali. Não, agora.

A amiga, mais do que qualquer outra pessoa, sabia que naquele momento, ele poderia querer apenas um espaço para si. Sem choro. Sem abraço. Sem lamentações. Apenas ele e seus sentimentos.

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