- Não vai dizer nada?
Estava dentro do seu carro no banco do passageiro, coberta por seu terno social cinza que exalava o cheiro de colônia cara. Dessa vez senti que havia dado uma quantidade exagerada de trabalho para a mulher neste dia e as coisas estavam estranhas entre nós, ou melhor dizendo, ela estava estranha comigo.
— Parece que não consegue se virar sem mim — Ela diz concentrada na rua.
— Sinto muito, não foi um bom dia...
O silêncio entre nós se tornou como uma terceira pessoa neste carro, alguém que eu definitivamente queria que saísse de lá. Por que ela não está falando nada? Está me deixando maluca! Ela nunca foi assim!
— Por que você está estranha?
Sinto que por um breve momento ela tira seus olhos da estrada e olha para mim pelo canto do olho. Posso sentir sua respiração ficando mais pesada.
— Eu sou uma adulta você sabe disso?
— Eu sei...
— Fui infantil e você acabou se machucando.
Ah, ela se refere a minha mão hoje de manhã... realmente se não fosse por sua distração isso não teria acontecido mas...
— Não! é culpa minha eu deixar você me distrair! — Rebato aumentando meu tom de voz.
Reparo que me exaltei um pouco. Não tem pra que defende-la, mas é tão estranho ver ela agindo dessa forma comigo, parece que está fingindo ser outra pessoa.
Não gosto que ela finja ser essa pessoa.
Paramos em um sinaleiro e nos olhamos por um breve segundo, enquanto ambas tentavam ler o comportamento uma da outra. Me incomodava que não conseguíamos colocar nada em palavras, mas já usei toda minha força ao enfrenta-la do motivo de estar agindo comigo dessa forma.
- !?
Repentinamente sinto minha mão sendo levantada. Quando eu a vejo, p'Faye leva minha mão até seus olhos para ver como estava e reparou que o curativo estava se desfazendo e logo o arrumou para deixar mais apertado e também... a beijou... ela beijou meu machucado. Mas ela tinha um olhar tão triste em seus olhos que podia partir meu coração em cinco.Acho que realmente não somos de palavras.
— Você pode me recompensar me preparando uma janta — Disse com um sorriso envergonhado para tentar disfarçar minha vergonha.
— Uma janta? O que você quer? — Ela levanta sua sombrancelha.
Sim!! Funcionou, o clima está melhor.
— Não sei... O que você sabe fazer?
Ela engasga por um segundo mas ainda olhando para a estrada.
— Honestamente não sou a melhor na cozinha mas faço um ótimo Khao Pad (Arroz frito), não é muito mas uns anos atrás era meu almoço diário na minha escola antiga.
Ah... ela está se abrindo, acho que nunca ouvi falar sobre seu passado antes.
— Desde quando você dá aula? — Tento extender o assunto sorrateiramente.
— Desde que posso, é o que eu mais amo fazer.
Quando tento fazer mais uma pergunta o som do freio de mão indica que estamos em casa.
Droga, faltou tão pouco para eu saber mais...
— Onde está todo mundo?
Ao entrar na casa noto que ela está vazia mais uma vez, mal há sinais que minha mãe, Jay e Santa moravam ali nos ultimos dias. Parecia que estava morando somente com p'Faye.
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Todos os caminhos me levam a Ela - fayeyoko
RomanceYoko foi obrigada a se mudar para Bangkok no meio do ano letivo e recomeçar sua vida. Seu maior desafio tem sido o relacionamento com a filha mais velha do seu padrasto que repentinamente passou a morar no quarto a frente do seu. Não importa o quan...