A desperate will to live

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Okay, a Marvel roubou meu fim de semana e ressuscitou dos mortos minha capacidade de escrever fanfics de tanta de raiva, tristeza e vazio que o final de Agatha All Along me fez sentir.

Essa é minha vingança Marvel, tudo que vocês não me deram eu fui lá e inventei!

Estive sentindo todas essas coisas sobre a perspectiva de luto da Rio enquanto personificação da Morte, e pensei que poderia ser uma boa oportunidade para fazer tanto um estudo de personagem, quanto um prequel da história dela com Agatha e Nicky.

Tem muito sofrimento e explicações que a Marvel simplesmente jogou pela janela, então eu os resgatei pelo bem da minha própria saúde mental.

Essa obra foi pensada para ter 5 partes, porém eu só consegui escrever metade até agora.

As 3 primeiras funcionam como um prequel delas e Nicky ainda em 1700 e as duas últimas acompanham a série + um final descente para a minha família de lésbicas favorita desse universo caótico.

Aubrey Plaza eu vou te dar um final feliz, eu juro!


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Ela tinha essa concepção muito específica, já a algumas eras, de que o que separava a humanidade de entidades como Ela, nada mais era do que uma incapacidade processual de lidar com o tempo.

O tempo foi feito por e para humanos, algo para marcar seus próprios ciclos de existência, para valorizar cada experiência com mais afinco, para sentirem que havia algo de especial ali, mesmo que o momento fosse apenas um como tantos outros já foram antes. O nascimento, o crescimento, a morte. Um ciclo perfeito e contínuo. Eternamente contínuo. Como Ela mesma era.

E aqui está o pulo do gato: a eternidade não é uma medida de tempo.

A eternidade não se mede em escala, não se captura em relógios, não reside em marcações. A eternidade simplesmente é. Mais um conceito do que qualquer outra coisa.

A ideia de algo tão, tão, mas tão permanente e longínquo em si mesmo que nenhum humano poderia conceber. Até porque, para aqueles que têm o privilégio de recomeçar de novo e de novo, simplesmente existir, sem segundas chances, pode ser um tanto quanto aterrador.

Ela não era como humanos em nada. Humanos tinham começos e fins. Eles nasciam, cresciam, machucavam, curavam, insistiam, sentiam e, inevitavelmente, morriam. Havia certa regularidade mágica no processo, uma beleza intrínseca à existência. Nunca a mesma coisa por muito tempo.

Ela não se lembrava de não ser, não houve nascimento. Ela não lembrava de começar e, com certeza, não tinha a menor previsão de se algum dia terminaria, porém, dada a natureza de si mesma, Ela sabia bem, não adiantava questionar muito as nuances. Ela simplesmente era, pronto.

Isso deveria bastar, certo?

Ser pela eternidade. Um ser com propósitos: vigiar, cultivar e atravessar. Vigiar os homens, cultivar a vida, atravessar os mortos. Manter o ciclo funcionando e respeitar as regras, nada assim tão difícil. Deveria bastar e, sendo sincera, por um tempo bastou.

Havia muita beleza em fazer o seu trabalho e, apesar de não estar condicionada ao tempo dos homens, achava curiosa a forma como eles pareciam valorizá-lo na mesma medida em que o temiam. Cada segundo como se fosse o último, porque às vezes era, e Ela estaria lá quando fosse. Ela sempre estava.

Vagava entre os intervalos. Observando as flores crescerem, se tornarem frutos, apodrecerem, voltarem a ser sementes e darem origem a vida nova. Bosques, florestas, animais e humanos. Tudo indo e vindo, sendo e deixando de ser. Era bom, ela lembra de ser bom, mas depois, como tudo que deixa de ser novo, perdeu a graça.

Death For To Long - Shortfic AgatharioOnde histórias criam vida. Descubra agora