Splashes of death in life

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Com todo carinho do mundo, esse capítulo é pra quem gosta de sentir coisas.
E eu sinto que Marvel nos privou de sentir muitas coisas da pouca relação entre a Rio e o Nicky, mas eu não privei em nada (risos culpados).

Enjoy.

Ps. As próximas partes vão sair quando o fim do meu semestre na pós permitir, amém.


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Agatha. O nome da bruxa era Agatha.

Esse foi apenas o primeiro de muitos detalhes que Ela passou a colecionar de sua amada desde o jantar na cabana. Suas cicatrizes, marcas de nascença e habilidades físicas proeminentes das tentativas mútuas de assassinato, eram alguns dos outros.

Não era nada sério, não queriam se machucar de verdade. Não mortalmente pelo menos. Mas gostavam da sensação. O formigamento entre os dedos quando se agarravam pelo cabelo, a força grotesca de seus corpos se chocando contra as paredes e um contra o outro, o arrepio profundo ao fazer a outra sangrar com as mãos nuas. Tudo com ela, por mais bagunçado que fosse, beirava o divino.

Foi estranho no começo. Todos os flertes seguidos por brigas que demoravam horas e sexo que se estendia por dias. Dor e prazer caminhando juntos em uma só carne. Rio nunca se sentiu tão em paz. Tão livre para ser ela mesma.

Rio Vidal.

Esse foi outro presente que Agatha lhe ofereceu. Além de uma vida, um nome. Um nome que nada remetia a horrífera experiência de morte, mas sim a etérea sensação de fluxo, de criação, de vida. O rio da vida, foi como Agatha explicou sua escolha, em uma das noites que compartilharam juntas na velha cabana. Cabana que agora era também uma parte delas.

Foi estranho no começo e nunca deixou de ser. Rio tinha agora um lugar para o qual voltar todas as noites depois de um dia de trabalho intenso. Tinha um nome pelo qual atender quando Agatha a chamasse. Tinha desejos, uma vida e uma mulher com a qual partilhar tudo isso. Ela nunca percebeu que humanos tinham tanto até que ela desejou ter o mesmo.

Em algumas das noites mais sombrias perguntava-se sobre punições. Tinha desviado de seus propósitos, tinha transformado a natureza de seu próprio ser para estar com Agatha, e não se arrependia de nada, mas temia por ela. De quanta dor isso poderia causá-la.

Alguns dos momentos mais enfurecedores e tristes de sua nova existência foram os que passou ouvindo a jovem bruxa chorar em seu colo depois de acordar de seus pesadelos recorrentes. Esses eram os únicos instantes em que o sorriso irreverente de Agatha dava lugar a lágrimas profundas e imparáveis, frutos das dores que ela buscava esconder de todo o resto do mundo. Mas não de Rio, nunca de Rio.

Ela tentou no começo. Fingia que precisava ir na floresta, sumia por horas sem fim e voltava sempre mais cansada do que antes. Rio respeitou sua vontade de estar só. Esperava por Agatha com diligência contida em frente a cabana pelo tempo que fosse necessário. Deixava preparado sempre um chá de sua preferência e criava o mais belo buquê de flores para presenteá-la quando voltasse. Uma flor diferente para cada noite que passaram juntas, seja chorando ou se amando.

Agatha merecia ser cuidada, tão desesperadamente cuidada. Ela merecia saber que não havia nada entre essa terra e os sete reinos do inferno mais precioso do que ela, e Rio não descansaria um só segundo de sua imortalidade até que isso fosse feito.

Ouviu Agatha lhe contar sobre sua mãe, sobre o coven de bruxas que tentou assassiná-la naquela noite. De como sua infância inteira foi um pedido de socorro que ninguém parecia se importar o suficiente para ouvir. De como ela tentou de novo e de novo ser exatamente o que sua mãe queria que ela fosse: alguém bom. Mas Agatha era mais do que boa, ela era fantástica, poderosa e incompreendida.

Death For To Long - Shortfic AgatharioOnde histórias criam vida. Descubra agora