Prólogo

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A ansiedade era uma fera indomável dentro de mim enquanto eu subia as escadas da faculdade, segurando os dois embrulhos com mãos trêmulas

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A ansiedade era uma fera indomável dentro de mim enquanto eu subia as escadas da faculdade, segurando os dois embrulhos com mãos trêmulas. Cada passo parecia ecoar pelos corredores, onde estudantes passavam com ares de maturidade e responsabilidade que eu ainda não possuía.

Meu coração batia descompassado enquanto eu procurava pelo quarto dele, conferindo os números das portas. Fazia tanto tempo que não o via pessoalmente. Nossas conversas se resumiam a rápidas chamadas de vídeo, cinco minutos no máximo, entre meu último ano do ensino médio e meu trabalho. Ele também estava atolado com a faculdade e o emprego na biblioteca do campus.

Finalmente, encontrei a porta com o número 201. Estava apenas encostada. Respirei fundo e empurrei-a lentamente, tentando conter a euforia que ameaçava transbordar.

Mas assim que a porta se abriu o suficiente para revelar a cama de solteiro no pequeno quarto, meu mundo desabou. Meu sorriso se desfez, substituído por uma sensação avassaladora de traição. Tudo ao meu redor desapareceu, restando apenas a cena diante de mim e o som ensurdecedor do meu coração batendo freneticamente.

As duas pessoas mais importantes da minha vida. Deitadas juntas, dividindo a cama como se fossem mais que amigos.

Os embrulhos escorregaram das minhas mãos trêmulas, caindo no chão com um estrondo que ecoou pelo quarto. Vi os olhos sonolentos dela se encontrarem com os meus.

- Laura. - Sua voz saiu quebrada, carregada de arrependimento. Mas não tão quebrada quanto meu coração.

Ela se levantou num salto, vindo na minha direção. Instintivamente, dei um passo para trás, lágrimas já escorrendo pelo meu rosto.

Não

Não.

Não.

- Laura? - Meu nome foi repetido, desta vez por uma voz masculina, a voz dele, soando confusa.

Quando ele finalmente afastou a neblina do sono, seus olhos se fixaram em mim. Patética, assustada e incrédula, parada na porta do seu dormitório, com lágrimas escorrendo.

Ele se levantou da cama e tentou me alcançar, mas eu fui mais rápida. Virei-me e corri de volta pelo corredor.

Meu coração batia descontrolado, à beira de um colapso. Eu mal conseguia respirar, o ar parecia ter sumido. Minha garganta ardia, mas eu continuava soluçando como uma criança. As lágrimas nublavam minha visão, mas eu não parava de correr, ouvindo meu nome ser chamado repetidamente.

Só parei quando cheguei ao meu carro. Ele bateu com os punhos no vidro, implorando que eu o escutasse. Ela se colocou na frente do carro. Com mãos trêmulas, girei a chave, e dei ré, girando o volante e acelerando, deixando para trás as duas pessoas que eu mais amava. As duas pessoas que partiram meu coração.

- Para onde você está indo? - Perguntou a funcionária do aeroporto, mexendo no computador.

Segurei com firmeza a única mala que havia feito às pressas e funguei, limpando rapidamente uma lágrima com a manga do meu moletom.

- Califórnia.

Para bem bem longe daqui.

Continua...

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