Olhando para trás, percebemos que a humanidade sempre oscilou entre momentos de profunda conexão e de indiferença. O cuidado com o outro, que era quase uma necessidade nos tempos antigos, hoje se tornou uma escolha, uma decisão intencional.
Na vida moderna, a distância emocional se esconde atrás da velocidade e do anonimato, especialmente nas cidades grandes, onde o mundo se move rápido e a empatia se torna quase um esforço extra. Esse evento do idoso na faixa e do motorista apressado nos lembra que, apesar de estarmos cercados de pessoas, podemos viver sozinhos em meio a uma multidão — e isso, talvez, seja um dos maiores paradoxos da nossa era.
Em cada gesto de descaso, em cada olhar impaciente, podemos ver que a conexão verdadeira se torna cada vez mais rara. Mas ela ainda existe e, como antes, ainda depende de nós. Se, no passado, a empatia era necessária para sobreviver, hoje ela é necessária para viver com humanidade. E talvez seja esse o verdadeiro desafio de nossa época: cultivar intencionalmente o cuidado em um mundo que, muitas vezes, parece indiferente.
Essa cena cotidiana — um senhorzinho vulnerável, um motorista irado e um observador impotente — pode servir como um lembrete. Não importa quanto tempo passe ou o quanto o mundo mude, a escolha de se importar, de ver o outro como humano, permanece em nossas mãos. E, em última análise, é essa escolha que define quem realmente somos.
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Século XXI
Randomuma reflexão, de uma cena que eu presenciei, e que me fez refletir sobre a sociedade.