Secret Point Of View.
Cruzei a enorme extensão daquela sala, ouvindo o barulho de meus passos sobre o assoalho desgastado daquele galpão abandonado. Olhei pela janela de vidro, suja por falta de cuidado, o movimento quase nulo de pessoas ao lado de fora, o horário já não era propicio para ter tantas pessoas na rua. Fitei meu relógio pela quarta vez em menos de vinte minutos, os ponteiros pareciam se mover mais lento que o normal, ou talvez apenas fosse à ansiedade do momento. Já passava das duas da madrugada, quando a luz de um farol chamou minha atenção. O carro mais do que conhecido por mim estacionou bem à frente da porta lateral do galpão. Os faróis se apagaram, fazendo o carro negro quase se perder em meio à escuridão da noite. Afastei-me da janela, e caminhei em direção a uma das mesas que havia ali, servindo-me de uma boa quantidade de whisky depositada em uma bela e refinada garrafa. Despejei algumas pedras de gelo no copo, juntamente do álcool que lá já estava. Movi o líquido de um lado para o outro, antes de erguer até meus lábios, tomando um gole significativo da bebida, o que fez minha garganta aquecer.
– Desculpe a demora, eu tive que passar para buscar alguém. – Falou ao abrir a porta e entrar na sala.
Abaixei o copo sobre a mesa, e encarei com uma expressão confusa e assustada.
– Alguém? Do que está falando?
– Calma, eu vou explicar.
– Acho bom que explique. – Me virei em direção à procura de um lugar para sentar-se.
Ouvi um suspiro pesado e passos lentos, informando que se aproximava. Sentei-me na poltrona estufada, para relaxar meu corpo e manter a calma.
– Bom...Você sabe que dá última vez que tentamos não deu muito certo, lembra?
Ergui o copo de whisky novamente até os lábios, que logo foram molhados pelo álcool de aroma tão forte. Um gole, apenas.
– Sim.
– Devido a isso, eu pensei que precisaríamos de mais alguém para nos ajudar. E tratei de procurar alguém de confiança que se unisse a nós. E bom, eu encontrei.
– Eu não acredito que você fez isso. – Bufei em irritação.
– Era a melhor escolha.
– Você deveria ter me perguntado! Como toma uma decisão sem mim?
– Era a melhor saída.
– Que seja, poderia ter falado antes de fazer.
– Você não aceitaria. – Exclamou um pouco mais alto.
– Obvio que não, isso é perigoso!
– E quer ficar na mesma? Você viu que a última vez foi um fracasso. Entramos no sistema, mas o setor financeiro estava bloqueado.
– Poderíamos resolver isso. Com um tempo e um bom trabalho. – Soltei impaciente.
Levantei-me da poltrona, caminhando em direção a janela de vidro novamente. Eu respirei fundo, tentando manter a calma para não explodir naquele momento. Invadir o sistema da Owens e ter aquele dinheiro era uma questão de honra, e eu não poderia deixar que nada, absolutamente nada desse errado. Mas, colocar mais uma pessoa dentro do esquema não estava em meus planos, nunca esteve.
– Eu resolvi isso por nós. A solução é perfeita, e totalmente confiável. Não sairá nada daqui.
– Como posso ter certeza? – exclamei ao me virar, e fitar aqueles olhos receosos.
Eu vi seu peito subir e descer em uma respiração forte, como se estivesse tomando forças para manter sua decisão firme.
– Dou a minha palavra. – Seu tom de voz saiu confiante como de um rei.
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Xeque Mate - REBILES
RomanceUm jogo perigoso, repleto de armadilhas. Uma disputa de poder, dinheiro e desejo. De um lado do tabuleiro, a delegada Rebeca Andrade, do outro, a esposa de um magnata, Simone Arianne Billes. Nesse jogo, apenas um cairá. Quem terá a melhor estrategia...