A chuva caía intensamente sobre a cidade de Milagres, transformando o colégio em um refúgio aconchegante. Os professores, surpreendidos pelo temporal, decidiram ficar para jantar com as crianças. A cozinha do colégio, sempre cheia de sabores e histórias, se tornou o ponto de encontro perfeito.
Dalete sorria enquanto preparava um jantar especial.
— Tá caindo o mundo lá fora! — disse ela enquanto Pilar à ajudava, arrumando à mesa.
— Pois é Dalete. Logo hoje eu não trouxe guarda-chuva. — disse Pilar. — Eu vim com tanta pressa que esqueci.
— Pressa? Por que minha filha? — perguntou Dalete surpresa.
— Porque ela tava com peso na consciência, Dalete! — provocou Gabriel. — Ela veio hoje cedinho só para me elogiar para a diretora.
— Você gosta de me provocar, né?! — disse Pilar brava.
— Se você não tá brava, não tem graça, meu amor! — provocou Gabriel.
— Gente! Vocês não vão brigar agora, né?! — perguntou Dalete tentando apaziguar a situação antes que fique pior.
— Eu não tô brigando com ninguém, ela que me trata mal. — disse Gabriel se fazendo de coitadinho.
— Tudo bem. — disse respirando fundo. — O Gabriel tá certo. Eu vim cedo para conversar com diretora para tentar fazer ela mudar de ideia, mas esse cabeção conseguiu ganhar um soco e o emprego antes que eu chegasse.
— Cabeção?! — perguntou Gabriel, fazendo Dalete e Tonico rirem. — Minha cabeça nem é tão grande assim...
— Sério que cê tá preocupado com isso?! — perguntou séria, fazendo Gabriel rir.
(...)
Os professores se sentaram ao lado de Dalete e Tônico, compartilhando histórias e risos. A chuva batia contra as janelas, criando um som reconfortante.
— Que sorte a gente teve hoje! — disse o professor Gabriel olhando para Pilar.
— Olha pelo lado bom professor, é um jantar em família, longe da rotina. — disse Dalete.
— Sim, é um momento especial. E com a chuva, parece que o mundo lá fora parou. — disse Pilar sorrindo.
Todos jantaram, riram, conversaram e os adultos brincaram com as crianças.
— Bom, meus amores, já está na hora de vocês irem tomar banho, escovar os dentes e dormir. — disse Pilar enquanto abraçava Nina.
— Aaaa... Não! — respondeu todas as crianças em uníssono.
— Aaaa.. sim. Vamos já tá na hora! — disse Gabriel ajudando Pilar.
— Mas por quê? Porque a gente tem que dormir enquanto vocês adultos ficam acordados. Isso não é justo! — disse Felipe fazendo bico e cruzando os braços.
— Epa, parou! Se eu falei que tá na hora de dormir, é porque está na hora de dormir. — disse Gabriel cortando o protesto do aluno. — Nós adultos, não vamos ficar "brincando". Assim que vocês forem para à cama, a gente vai embora porque também precisamos dormir. Ou, você prefere ficar aqui ajudando à Dalete a arrumar à cozinha?
— É claro que não! — disse Felipe bravo. — Você tá muito chato!
— Boa noite, Felipe! — disse Gabriel sorrindo.
As crianças saem todas juntas para se organizar para dormir. Deixando apenas os quatro adultos na cozinha.
— Impressionante! — disse Dalete. — Pois não é que o professor conseguiu fazer o Felipe ficar quieto.