- CAPÍTULO 01 -

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Era uma tarde cinzenta em Nova York, e a loja de conveniência onde Luccas Atlas trabalhava estava praticamente vazia. Atrás do balcão, ele observava as prateleiras, perdido em pensamentos. A vida não estava nada fácil. Desde que a mãe morrera, tudo se tornara um peso. Seu pai, consumido pela dor e pelo álcool, tinha abandonado qualquer responsabilidade, jogando em Luccas o peso de manter a casa. Era uma rotina sufocante, mas ele resistia, esperançoso de que algo pudesse mudar.

O silêncio foi interrompido pelo som do sino na porta, seguido por passos pesados. Seu chefe, um homem baixo e carrancudo chamado Sr. Collins, se aproximou do balcão, ajeitando a camisa amarrotada.

— Atlas! — ele chamou, com um tom impaciente. — Preciso que reponha as prateleiras de bebidas antes da próxima remessa. E vê se não demora.

— Sim, senhor, eu já ia fazer isso — respondeu Luccas, sem muito entusiasmo.

Sr. Collins o observou por um momento, franzindo a testa.

— E tenta parecer um pouco mais... acordado. Os clientes percebem quando você tá desanimado, sabia? — disse o chefe, gesticulando com as mãos.

Luccas assentiu, disfarçando o cansaço. Em seguida, um cliente entrou, um homem de meia-idade com um paletó desgastado. Ele se aproximou do balcão com uma caixa de cervejas.

— Então, jovem, você não parece gostar muito de estar aqui, hein? — comentou o homem, com um sorriso cansado.

Luccas deu um meio sorriso.

— Digamos que não é o trabalho dos meus sonhos — respondeu, colocando as garrafas na sacola. — Mas é o que tem para hoje.

O homem deu uma risada breve, pegando o troco.

— Entendo você, garoto. Vai por mim, todo mundo já passou por isso — ele piscou, saindo da loja com um aceno.

Luccas suspirou, observando a rua pela janela. Ele sabia que era verdade, mas queria mais do que isso. Sentia-se perdido, sem direção. Quando voltava para as prateleiras, lembrou-se de William Wiltmore, o fundador da FênixCorp. Para ele, Wiltmore era um exemplo de alguém que mudara o mundo. Luccas sonhava em conhecer a empresa um dia, talvez até trabalhar lá, criar algo que pudesse impactar a vida das pessoas.

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Naquela noite, depois do expediente, Luccas caminhava perto do prédio imponente da FênixCorp. Olhou para o alto, admirando as luzes que iluminavam o céu. Então, ele percebeu um alvoroço: as ruas ao redor estavam mais movimentadas que o normal, com pessoas se aglomerando, olhando para o edifício. Helicópteros sobrevoavam o local, e uma leve tensão parecia tomar conta do ar.

Curioso, ele se aproximou mais. Rumores circulavam entre a multidão: o próprio William Wiltmore estava ali, fazendo algum tipo de experimento inovador. Luccas não podia acreditar na sorte. Ver Wiltmore em ação era algo que ele sempre quisera.

De repente, tudo aconteceu muito rápido. Uma explosão surda sacudiu o ar, e uma onda de energia escura começou a se espalhar como um manto sobre a cidade. Luccas sentiu algo estranho: um choque percorreu seu corpo, e seus sentidos foram tomados por uma dor intensa. Ele tentou se afastar, mas seus pés não obedeciam, e a última coisa que viu antes de perder a consciência foi o edifício da FênixCorp, envolto em uma névoa negra.

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Luccas abriu os olhos lentamente, ainda confuso e sentindo-se fora de lugar. O teto branco e as luzes suaves acima dele não faziam sentido. Ele piscou algumas vezes, tentando lembrar onde estava.

— Onde… onde eu estou? — murmurou, com a voz fraca.

Um médico entrou no quarto ao ouvir sua voz, caminhando calmamente até a cama. Ele usava um sorriso tranquilizador, tentando acalmar o jovem.

— Senhor Atlas, você está no hospital. Foi encontrado desacordado próximo ao prédio da FênixCorp — explicou, com um tom calmo. — Houve uma explosão no prédio, e você foi uma das vítimas. Infelizmente, esteve em coma… — O médico fez uma pausa, parecendo escolher as palavras com cuidado. — Por cinco meses.

Luccas arregalou os olhos, sentindo o chão sumir sob seus pés, mesmo deitado. Cinco meses? Ele tentou processar a notícia, mas seu coração disparou. O que teria acontecido com seu pai? E seu emprego? Ele não conseguia pensar em mais nada.

— Mas… como eu…? — começou a dizer, sem saber bem como continuar.

— A explosão na FênixCorp liberou uma onda de energia que atingiu várias pessoas. Felizmente, você está bem agora — o médico completou, colocando uma mão reconfortante no ombro de Luccas. — Fizemos alguns exames e, embora você ainda precise de repouso, está em condições de ir para casa em breve.

Ainda confuso, Luccas agradeceu e aceitou o conselho do médico. Algumas horas depois, ele deixou o hospital, sentindo a brisa fria da noite e, ao mesmo tempo, um peso no peito. O que ele iria encontrar em casa? Seu pai nem sabia o que acontecera.

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Ao chegar em sua rua, Luccas respirou fundo, tentando se preparar para o que viria. Quando entrou na casa, o silêncio foi quase ensurdecedor. Ele viu o pai sentado no sofá, com os olhos fixos na televisão desligada. Ao ouvir a porta, o homem ergueu o olhar, e por um instante, ambos ficaram parados, apenas se encarando.

Para sua surpresa, o pai se levantou devagar e caminhou até ele, os olhos levemente marejados.

— Luccas… eu… sinto muito, filho. Eu fui um péssimo pai, e nada disso é sua culpa — disse o homem, em um tom que parecia mais sóbrio do que Luccas estava acostumado a ouvir.

Por um momento, Luccas quase acreditou na sinceridade de seu pai. Mas conhecia aquele olhar vazio, sabia que era uma máscara, uma fachada que provavelmente não duraria. O abraço que seu pai lhe deu foi curto e contido, como se também tivesse dificuldade em manter a farsa.

— Está tudo bem, pai. Não precisa se preocupar — respondeu Luccas, apenas para encerrar o assunto. Ele sabia que, cedo ou tarde, tudo voltaria ao que era antes.

Após um breve silêncio, ele decidiu que precisava resolver outra coisa: seu emprego. Afinal, havia desaparecido por cinco meses, e não fazia ideia do que encontraria lá.

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Chegando na loja de conveniência onde trabalhava, Luccas viu seu chefe, Sr. Collins, conversando com outro funcionário no balcão. O rapaz, que parecia novo ali, arrumava os produtos enquanto o chefe falava sobre algo que Luccas não conseguiu ouvir.

Ele se aproximou, hesitante.

— Sr. Collins, bom… eu… sou o Luccas. Voltei agora, depois de um tempo — começou ele, sentindo o nervosismo crescer. — Fiquei em coma por cinco meses depois do acidente na FênixCorp.

Sr. Collins parou, reconhecendo-o, e sua expressão mudou para algo entre surpresa e compaixão.

— Luccas? Meu Deus, rapaz… ninguém sabia o que tinha acontecido com você. Ficamos preocupados, mas nunca imaginamos… — Ele suspirou e fez um gesto para o novo funcionário, indicando que Luccas precisava de um momento.

— Eu entendo, Sr. Collins, mas… preciso desse emprego. Minha situação em casa não está fácil — explicou Luccas, tentando conter a ansiedade.

O chefe olhou para ele, com uma expressão sincera.

— Luccas, eu entendo sua situação, e realmente sinto muito pelo que aconteceu. Mas, como você sabe, a loja precisa seguir funcionando. Depois de um tempo, tive que contratar alguém para o seu lugar.

Luccas sentiu o peso das palavras e engoliu em seco.

— Então… quer dizer que estou demitido?

Sr. Collins assentiu, parecendo realmente lamentar.

— Não é uma decisão fácil, mas sim. Lamento muito, Luccas. Sei que você era um bom funcionário e sempre esforçado.

Luccas apenas assentiu, aceitando a decisão. Sentiu uma mistura de tristeza e frustração, mas sabia que, depois de tudo que acontecera, era apenas mais um obstáculo a superar.

Enquanto saía da loja, ele olhou para a rua e sentiu uma estranha onda de energia percorrer seu corpo, como se algo novo estivesse desperto dentro dele.

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Na manhã seguinte, Luccas acordou com o som ensurdecedor do despertador. Ele piscou os olhos com dificuldade, ainda se acostumando com a luz que entrava pela janela. Ao olhar para o relógio, percebeu que já estava atrasado – de novo.

— Droga! — murmurou, levantando-se rapidamente.

Vestiu-se às pressas, pegou a mochila e saiu correndo. Graças a uma bolsa de estudos conquistada com uma prova extremamente difícil, ele não precisava se preocupar com as mensalidades, mas os atrasos constantes podiam colocar essa bolsa em risco. E, sabendo o quanto aquilo era importante para sua independência, ele não podia se dar ao luxo de vacilar.

Já no campus, Luccas entrou apressado na sala de aula, tentando não chamar muita atenção. Sentou-se e respirou fundo, relaxando um pouco ao perceber que o professor ainda não havia começado a aula. No entanto, ele logo percebeu um movimento estranho no corredor.

— Ei, Luccas, você viu isso? — cochichou um colega ao seu lado. — A galera do time de futebol está discutindo com alguns alunos do curso de Física lá fora.

Curioso, Luccas se levantou e foi até a porta. Lá fora, viu uma confusão envolvendo dois grupos de estudantes. Aparentemente, alguém havia esbarrado em um equipamento caro, derrubando-o no chão e quebrando-o. O líder do time de futebol, um rapaz conhecido por ser impulsivo e de temperamento forte, segurava um dos alunos pelo colarinho.

— Olha o que você fez! Esse equipamento custa mais que a sua vida! — ele vociferava, enquanto o aluno tentava se defender.

Instintivamente, Luccas sentiu-se compelido a intervir. Ele deu alguns passos à frente e falou:

— Ei, solta ele. Foi um acidente.

O jogador de futebol olhou para Luccas e riu, zombando da tentativa de defesa.

— E quem você acha que é, hein? Quer levar também? — disse o rapaz, avançando em direção a Luccas, com a expressão desafiadora.

Antes que pudesse pensar, Luccas sentiu uma onda de energia percorrer seu corpo, como se cada músculo estivesse se fortalecendo de repente. Quando o jogador avançou para empurrá-lo, Luccas segurou o braço do rapaz com uma força inesperada. Sem nem perceber o que fazia, ele o empurrou de volta, mas com tamanha intensidade que o jogador foi lançado para trás, caindo alguns metros à frente, com uma expressão de choque no rosto.

Todos ao redor pararam, surpresos. Luccas olhou para suas próprias mãos, confuso e impressionado. Algo estranho estava acontecendo.

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Nos dias seguintes, Luccas começou a notar mudanças ainda mais intensas em seu corpo. Parecia mais ágil do que antes, movendo-se com velocidade e reflexos fora do comum. Certa noite, enquanto estudava tarde em seu quarto, percebeu algo diferente. Ele olhou para o relógio e viu que já passava das três da manhã, mas sua visão estava nítida como se fosse plena luz do dia.

Ao sair para dar uma volta e clarear a mente, ele percebeu que conseguia enxergar perfeitamente no escuro. Cada sombra, cada detalhe parecia claro, como se seus olhos estivessem ajustados para captar a mínima luz. Curioso e animado com esses novos sentidos, ele continuou a caminhar.

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Certo dia, em uma aula prática na faculdade, ocorreu um incidente que despertou mais uma habilidade. Enquanto manipulavam materiais em uma sala escura do laboratório, um equipamento começou a sobrecarregar e soltar faíscas. Sem saber o que fazer, Luccas tentou correr para desligar o aparelho, mas, no desespero, seus sentidos pareciam se fundir com as sombras ao redor. Em um piscar de olhos, ele estava do outro lado da sala, próximo ao equipamento, como se tivesse se teleportado.

Confuso, mas determinado a salvar os colegas do perigo, ele se concentrou e, instintivamente, soube que podia controlar as sombras ao seu redor. Elas se envolveram em volta do aparelho, abafando as faíscas e impedindo que a situação piorasse.

Além disso, enfrentava a dolorosa realidade do relacionamento difícil com seu pai. A morte de sua mãe havia afetado profundamente a ambos, afastando-os ainda mais. Luccas sentia que seu pai estava sempre agressivo e distante.

Um dia, decidiu compartilhar seus segredos com sua melhor amiga, Jade, que sempre o apoiava. Juntos, tentavam entender o que estava acontecendo.

— É incrível e assustador ao mesmo tempo, Jade. Eu tenho todos esses poderes, mas não tenho ideia de como controlá-los completamente — disse Luccas, com voz insegura.

Jade colocou a mão no ombro de Luccas, oferecendo-lhe conforto.
— Não se preocupe, Luccas. Com o tempo e treinamento, tenho certeza de que você dominará esses poderes. Estou aqui para te ajudar em tudo o que precisar.

Juntos, começaram a praticar e explorar os poderes de Luccas. Sob a orientação de Jade, ele aprendeu a focar sua mente e controlar a Superforça, evitando acidentes e quebradeiras desnecessárias. Com o tempo, sua agilidade melhorou, permitindo-lhe saltar e se mover com mais precisão e controle. A manipulação das sombras, embora desafiadora, começou a mostrar progresso à medida que ele aperfeiçoava suas habilidades.

Com o passar do tempo, Luccas começou a utilizar seus poderes para faturar uma grana extra, apesar de ainda não entender completamente as consequências de suas ações. À noite, assumia sua identidade mascarada e se aventurava pelas sombras da cidade. Seus primeiros assaltos foram desajeitados e cheios de contratempos, mas com cada tentativa, Luccas aprendia e se aperfeiçoava. Sua Superagilidade o ajudava a escapar dos alarmes e câmeras de segurança, e sua invisibilidade era uma aliada perfeita para passar despercebido pelos guardas e transeuntes.

Embora seus poderes o tornassem habilidoso, ele sabia que não poderia depender apenas deles. Ele aprendeu técnicas de artes marciais e aprimorou suas habilidades em combate corpo a corpo, caso precisasse se defender. Ao longo do tempo, os assaltos se tornaram mais ousados e bem-sucedidos. Roubava caixas eletrônicos, lojas de conveniência e até mesmo cofres de empresas corruptas. No submundo da cidade, ele começou a ser conhecido como "O Vigilante”

Em seu quarto, após um bem-sucedido roubo a uma joalheria, Luccas analisava as joias caras em cima da cama. Pilhas de notas se espalhavam diante dele, e uma sensação de poder e euforia tomava conta de seu ser.

— Isso é louco... Eu nunca imaginei que poderia conseguir tudo isso — sussurrou para si mesmo.

Enquanto contava o dinheiro, uma voz interior começou a questioná-lo sobre suas ações. Ele se lembrou das palavras de Jade, que o encorajava a usar seus poderes para o bem, e não para o mal.

— Mas o que é o bem, afinal? Eu preciso desse dinheiro para sobreviver, para ajudar meu pai e a mim mesmo — ponderou Luccas, justificando suas ações.

No entanto, a sensação de que estava se desviando do caminho certo ainda o incomodava. Sabia que os assaltos estavam causando medo e insegurança na cidade, e que estava contribuindo para o caos.

Ao meio-dia, em seu quarto, passava a notícia de que mais um banco de alto escalão fora roubado pela tão famosa gangue Darkness, que vinha aterrorizando a cidade com seus assaltos.

— Mais uma vez, a gangue Darkness deixa a cidade em pânico — disse a jornalista na TV.

— Temos que falar sobre o tal "Vigilante das Sombras" — disse outro jornalista, gesticulando com as mãos. — Ele é um mascarado que só rouba dos mais fracos. Já cometeu 40 assaltos a caixas eletrônicos, 20 lojas de conveniência e 2 bancos pequenos...

Enquanto a noite caía, Luccas olhou para seu reflexo em um espelho quebrado. A máscara que usava agora representava um lado dele que ele ainda não compreendia totalmente. Sua trajetória estava prestes a mudar, colocando-o diante de escolhas que poderiam levá-lo à luz ou à escuridão. Seu destino ainda estava em aberto, e as sombras da cidade aguardavam ansiosamente para ver qual caminho ele escolheria.

Meses se passaram. Luccas estava em seu quarto, contando o dinheiro que roubara, enquanto na TV passavam reportagens sobre "O Vigilante das Sombras". Ao assistir às notícias, ele refletiu sobre suas ações e começou a perceber que aquilo não era certo. Nesse momento, seu pai chegou e bateu na porta.

— Posso entrar, filho? — perguntou o pai.

Luccas, confuso, aceitou o pedido e abriu a porta. Seu pai tentou se desculpar pelas brigas e se aproximar dele, mas Luccas relembrou das agressões e xingamentos que sofreu após a morte de sua mãe e rejeitou as tentativas de reconciliação.

Revoltado, Luccas acabou revelando que era o vigilante mascarado que roubava as lojas. Após uma discussão acalorada, deixou claro que não queria mais ver o pai e saiu pela janela do quarto, utilizando seus poderes para escapar pelos prédios. Com raiva, o garoto correu e saltou pelos prédios, mas acabou escorregando na beirada de um prédio pequeno e caiu num beco, destruindo uma escada de incêndio e aterrissando numa poça de água. Ao se levantar, viu um jornal no chão com a manchete: “Vigilante – Herói ou Vilão?”. Luccas rasgou o jornal e se sentou numa grande lixeira no beco escuro, sendo surpreendido por um homem emergindo das sombras. Ele usava um paletó, um monóculo e um sorriso maléfico, segurando um cetro de metal com uma grande joia na ponta.

— Acho que você está longe de casa, Vigilante — disse o homem, com uma voz calma e ameaçadora.

Luccas se levantou, ainda tentando processar a queda e o encontro inesperado.

— Quem é você? — perguntou Luccas, tentando parecer confiante.

— Sou apenas um admirador de suas habilidades — respondeu o homem, inclinando levemente a cabeça. — Tenho observado você, Luccas. Seus poderes são impressionantes, mas seu uso deles é... questionável.

Luccas deu um passo para trás, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.

— Como você sabe meu nome? — perguntou, tentando esconder o nervosismo.

— Ah, eu sei muitas coisas — disse o homem, dando um passo à frente. — E posso lhe oferecer respostas. Posso ajudá-lo a entender e controlar seus poderes de uma forma que você nunca imaginou.

— Por que eu confiaria em você? — retrucou Luccas, sentindo a tensão aumentar.

— Porque você está perdido, meu jovem. E eu sou a única pessoa que pode guiá-lo — disse o homem, estendendo a mão. — Venha comigo, e juntos descobriremos o verdadeiro potencial das suas habilidades.

Luccas hesitou, olhando para a mão estendida e depois para os olhos do homem. Havia algo nele, uma mistura de poder e mistério, que o atraía. Mas também havia uma sensação de perigo.

— O que você quer de mim? — perguntou Luccas, ainda sem se mover.

— Apenas sua confiança e sua lealdade — disse o homem, sorrindo. — Em troca, prometo que você será mais poderoso do que jamais sonhou. Poderá fazer muito mais do que assaltar bancos e lojas. Poderá mudar o mundo.

Luccas sentiu seu coração acelerar. A promessa de poder e controle era tentadora. Mas as palavras de Jade ecoaram em sua mente, lembrando-o de que o caminho do poder pelo poder poderia levar à ruína.

— Vou pensar sobre isso — disse Luccas, recuando lentamente.

O homem baixou a mão, seu sorriso não desaparecendo.

— Estarei esperando — disse ele, antes de se virar e desaparecer nas sombras, deixando Luccas sozinho no beco.

Com a mente cheia de dúvidas e conflitos, Luccas voltou para seu esconderijo, decidido a descobrir mais sobre o misterioso homem e suas próprias habilidades. Ele sabia que a escolha que faria nos próximos dias poderia mudar sua vida para sempre, e talvez até o destino da cidade.

Luccas se viu num dilema. A promessa de poder era sedutora, mas o custo da lealdade ao desconhecido homem era incerto. Ele sabia que precisava de mais informações antes de tomar qualquer decisão. Para isso, ele decidiu buscar Jade, sua confidente e amiga de longa data.

— Jade, precisamos conversar — disse Luccas, encontrando-a no parque onde costumavam se reunir.

— Claro, Luccas. O que aconteceu? — perguntou ela, preocupada ao ver a expressão séria no rosto do amigo.

— Conheci alguém. Um homem misterioso. Ele diz que pode me ajudar a entender e controlar meus poderes. Mas não sei se posso confiar nele — explicou Luccas, recapitulando o encontro.

Jade ouviu atentamente, ponderando as palavras de Luccas.

— Isso parece perigoso, Luccas. Precisamos ser cautelosos. Não sabemos nada sobre esse homem ou suas intenções — disse ela, tentando racionalizar a situação.

— Eu sei, Jade. Mas ele parecia saber muito sobre mim e meus poderes. Talvez ele possa realmente ajudar — respondeu Luccas, tentando encontrar uma solução.

— Talvez, mas não podemos confiar cegamente. Precisamos descobrir mais sobre ele. Vamos investigar e ver o que conseguimos descobrir — sugeriu Jade, determinada a proteger o amigo.

Juntos, Luccas e Jade começaram a procurar pistas sobre a identidade do homem misterioso. Enquanto isso, Luccas continuava a treinar e explorar seus poderes, tentando ganhar mais controle sobre eles.

No entanto, o tempo estava passando, e Luccas sabia que eventualmente teria que tomar uma decisão. Cada dia que passava, a pressão aumentava. A cidade continuava a falar sobre o “Vigilante das Sombras”, dividida entre aqueles que o viam como um herói e aqueles que o consideravam um vilão.

Enquanto isso, a presença da gangue Darkness crescia, tornando-se uma ameaça ainda maior. Luccas sabia que precisaria de toda a ajuda possível para enfrentar esse novo desafio, seja com seus próprios poderes ou com a misteriosa oferta de aliança.

A trajetória de Luccas estava prestes a tomar um rumo decisivo. Ele se encontrava em um ponto de inflexão, onde suas escolhas determinariam não apenas seu destino, mas o destino de toda a cidade. A batalha entre o bem e o mal, a luz e a escuridão, continuava a se desenrolar nas sombras da cidade, e o jovem vigilante estava no centro de tudo.

Dias se passaram desde o encontro de Luccas com o homem misterioso, e a pressão aumentava. O dilema entre confiar em Jade e seguir sua própria intuição o consumia. Ele sabia que precisava tomar uma decisão rapidamente. A presença crescente da gangue Darkness e o aumento da criminalidade na cidade deixavam claro que ele precisava de mais poder e controle.

Finalmente, numa noite, ele decidiu encontrar o homem novamente. Voltou ao beco onde o havia visto pela primeira vez. Como se estivesse esperando, o homem emergiu das sombras.

— Decidiu, Luccas? — perguntou ele, com o mesmo sorriso enigmático e largo.

— Sim. Vou aceitar sua proposta — respondeu Luccas, firme.

O homem assentiu, satisfeito.

— Excelente escolha, meu jovem. Venha comigo — disse ele, guiando Luccas por uma série de becos e passagens secretas até um grande edifício abandonado.

Dentro do edifício, Luccas foi levado a uma sala ampla, decorada com tecnologia avançada e mapas da cidade. No centro, havia um trono de metal, onde o homem se sentou, revelando finalmente sua verdadeira identidade.

— Bem-vindo ao meu domínio. Eu sou Sr. Darkness, líder da gangue Darkness — declarou, com um sorriso malicioso.

Luccas sentiu uma onda de raiva e frustração.

— Você me enganou! — gritou ele, avançando contra Sr. Darkness.

A batalha foi intensa. Luccas usou toda sua força, agilidade e habilidades sombrias, mas Sr. Darkness, mais experiente e astuto, conseguiu dominá-lo. Em poucos minutos, Luccas estava no chão, exausto e derrotado.

— Acalme-se, Luccas. Eu avisei que poderia guiá-lo e ajudá-lo a controlar seus poderes. A proposta ainda está de pé. Junte-se a mim, e será extremamente rico e poderoso. Tudo isso, é claro, em segredo absoluto. — disse Sr. Darkness, estendendo a mão novamente.

Luccas hesitou, ainda deitado no chão. A oferta de poder e riqueza era tentadora, mas ele se sentia traído e humilhado. No entanto, a promessa de controle sobre seus poderes e a possibilidade de ajudar seu pai eram difíceis de ignorar.

— Qual é a sua resposta, Luccas? — perguntou Sr. Darkness, com um tom impaciente.

— Eu... eu aceito — disse Luccas, finalmente, sentindo-se derrotado por sua própria ambição e necessidade.

Sr. Darkness sorriu.

— Excelente. A partir de agora, você será um dos meus tenentes. Juntos, dominaremos esta cidade e ninguém será capaz de nos deter. Mas lembre-se, tudo isso em segredo. — afirmou, enquanto ajudava Luccas a se levantar.

Nos dias seguintes, Luccas se integrou à gangue Darkness. Treinava intensamente sob a orientação de Sr. Darkness, aprendendo a controlar melhor seus poderes e aprimorar suas habilidades. A promessa de riqueza e poder se concretizava, mas a sombra da traição e o segredo sobre sua aliança com a gangue pesavam em sua consciência.

Luccas sabia que a decisão que havia tomado mudaria sua vida para sempre. A luta entre sua moralidade e a tentação do poder era constante, e ele se encontrava cada vez mais enredado nas sombras que havia jurado não se envolver.

Com o passar do tempo, a duplicidade de Luccas começava a afetar seu relacionamento com Jade. Ele mentia para manter seu segredo, afastando-se da única pessoa que realmente se importava com ele. A cidade via um aumento na atividade criminosa, e Luccas sabia que, como parte da gangue Darkness, estava contribuindo para o caos que tanto desprezava.

Cada noite, ele vestia sua máscara e mergulhava nas sombras, realizando assaltos e operações para Sr. Darkness. A promessa de riqueza se materializava, mas a culpa corroía seu espírito. Ele se via preso em um ciclo de poder e corrupção, questionando a decisão que havia tomado.

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⏰ Última atualização: Nov 06 ⏰

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O Vigilante das Sombras [ REMEKE ]Onde histórias criam vida. Descubra agora