Capítulo 1: De jeito nenhum!

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Mais um dia normal na minha vida, o cansaço me consumia enquanto escutava a merda do despertador tocar na cabeceira da cama

- Merda
eu murmuro enquanto me levanto e dou um leve tapa no despertador pra parar de tocar. Tiro meu pijama e visto uma camisa "social" e uma calça jeans, procuro as chaves do carro por toda casa, até achar elas dentro do sofá. Já tava atrasado pra ir pro batalhão, Carvalho ia cortar minha orelha.
Assim que chego no batalhão só consigo reparar em André conversando com uma mulher, ela tava segurando a farda do batalhão, mas que merda é essa?! Estaciono o carro na minha vaga e desço correndo, não dou nem bom dia pras pessoas, o que já era comum. Vou até minha sala e visto o uniforme do bope, colocaria a farda outra hora. Vou direto pra sala de Carvalho, onde todos estavam lá.

- O que tá acontecendo aqui? Quem é ela?

Falo assim que abro a porta da sala sem nem pensar direito

- A sua substituta

Carvalho fala com sarcasmo no rosto enquanto me olha

- Você tá de brincadeira né? Ela é mulher, porra só pode ser brincadeira!

- Nascimento, ela é muito qualificada! E vai ser ela sim pra ficar no seu lugar, não queria um substituto? Aí está.

- Ela nem passou pelo treinamento, Carvalho que merda é essa? De jeito nenhum essa menina vai ficar no meu lugar!

- De jeito nenhum?

- De jeito nenhum.

- Então sem férias, mas ela fica no seu batalhão.

- No meu batalhão ainda? No meu batalhão ela não fica.

- Fica.

Não tinha como bater de frente com Carvalho, puta que pariu, uma garota no bope, UMA GAROTA!

- Então, se me permitem me apresentar, me chamo Gabriella Mangoli Moreira, tenho 23 anos, sou de Avaré-SP, mas cresci aqui no Rio.

Ela falou olhando pra mim, não fui nenhum pouco com a cara dessa garota. Certeza que fez isso só pra me provocar.

Pov: Gabriella M.

Aquele marrento não foi nenhum pouco com minha cara isso eu já percebi, mas não me importo nenhum pouco com ele. O clima na sala de Carvalho tava constrangedor pra todos que estavam presente lá. Carvalho finalmente libera todos nós, vou direto pro bebedouro, aquela sala tava tensa pra cacete. Eu precisaria falar com Nascimento de um jeito ou de outro, mas por mim essa conversa podia demorar o tanto que for e eu não ia reclamar.

Pov: Roberto N.

Saio da sala de Carvalho, eu tava pra matar um de ódio, vou direto pra minha sala sabendo que eu teria que falar com a "Mangoli" de um jeito ou de outro, quanto mais rápido melhor.

- Puta merda

me sento na cadeira, apoio os cotovelos no joelho e coloco as mãos na cabeça. Depois de algum tempo enrolando, resolvo ir falar com ela. Procuro ela por todo o batalhão até achar ela no pátio conversando com Matias.

- Escuta aqui garota, se você acha que vai ser fácil, você tá enganada, bem enganada, tá me entendendo?

- O Capitão, eu sei bem como as coisas funcionam, não precisa me falar nada, nem me dar ordens, não estamos em operação agora.

afirmo com a cabeça e saio.

Algum tempo se passa, já era de noite até que ouço uma batida na porta da minha sala.

- entra

falo e dou minha atenção para a porta que logo se abre e revela Matias e Neto.

- Bora ir no bar com a gente? Já tá acabando o turno mesmo.

Roberto Nascimento | Entre Morros e Vielas Onde histórias criam vida. Descubra agora