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Os dias haviam se passado, quase quatro semanas e nada da aparição do homem de presença forte entre a plateia desde aquele dia

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Os dias haviam se passado, quase quatro semanas e nada da aparição do homem de presença forte entre a plateia desde aquele dia. Axel chegando a deduzir que era somente "mais um" dentre muitos com palavras bonitas e apenas isso. Talvez tivesse se equivocado ao pensar que ele fosse diferente, que as palavras lhe soassem diferentes naqueles lábios.

Mas a questão era: "Por que estou me importando com isso?" Era apenas um de muitos pensamentos que sondavam a cabeça do bailarino. Ele já havia deixado bem claro que não saía com patrocinadores, era um limite a qual ele mesmo não queria ultrapassar.

Então, porquê?

Axel estava no palco, seu corpo moldado pelo movimento da dança, suas pernas e braços descrevendo formas perfeitas no ar. Mesmo rodeado de pensamentos ele se entregava com intensidade à coreografia, seus músculos tensos e, ao mesmo tempo, fluidos, como se ele fosse uma extensão da música.

Cada salto, cada giro, cada gesto parecia ser parte de um único organismo, onde ele e a música se fundiam em uma dança única, indivisível. Mas, como sempre, ao final da apresentação, ao cair das cortinas, ele sentia uma espécie de vazio. Não era falta de aplausos — esses, ele sempre recebia, com ou sem o brilho da paixão que ele sentia por sua arte.

Era uma solidão que só quem vive para o palco conhece.

Enquanto a plateia se levantava em aplausos, ele se retirava rapidamente para os bastidores. O suor ainda escorria pela sua testa, mas ele já sabia o que precisava fazer: se desfazer da máscara de bailarino e voltar à sua vida comum. Os camarins estavam vazios, exceto por algumas colegas que falavam sobre as próximas apresentações. Mas Axel não conseguia se concentrar no burburinho. Seu olhar estava distante, perdido em pensamentos que ele não queria ter. Foi então que ele ouviu uma voz familiar.

── Axel, você foi... impressionante, não esperava menos de alguém tão excepcional como você.

Ele se virou, surpreso ao ver Vinvent, o CEO da gigante de tecnologia, parado à sua frente. Ele estava vestido de maneira impecável, com um terno escuro que destacava seus ombros largos e sua postura imponente. Mas o que mais impressionava em Vincent não era a sua aparência, mas o fato de ele estar ali, mesmo depois de tantos dias sem dar as caras, bem ali — no bastidor de uma companhia de balé, onde certamente não pertencia.

── Senhor Moretti? ── Axel respondeu, tentando esconder a surpresa em sua voz. Ele não imaginaria que ele pudesse retornar, ainda mais com seu mundo de negócios e tecnologia, talvez se interessar por algo tão distante quanto o balé fosse absurdo de mais de se acreditar.

Vincent deu um sorriso leve, quase imperceptível, mas que carregava algo de genuíno.

── Por favor, me chame de Vincent. Vim cobrar nosso café... espero não ter chegado em má hora.

Axel ficou sem palavras. Ele não sabia como reagir, como lidar com a presença daquele homem que parecia tão distante de seu universo, mas, ao mesmo tempo, tão cativante. Seu olhar atravessava-o de maneira quase dolorosa, como se estivesse penetrando em sua alma. Por um momento hesitou, o silêncio quase se tornando tortuoso ali entre ambos.

ғᴏʀʙɪᴅᴅᴇɴ ᴅᴀɴᴄᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora