Entre o Desejo e o Controle

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POV: Richard
São-Paulo

O despertador soou com força, cortando o silêncio abafado da manhã. Eu senti a luz do sol invadir o quarto, batendo diretamente no meu rosto. Era um golpe traiçoeiro, vindo da janela, me lembrando que o dia começava cedo demais para o tanto que eu tinha saído ontem à noite. A balada, o caos, as distrações. Nada de mais. Mas meu corpo, exausto, parecia gritar por descanso.

Suspirei, e ao tentar levantar, o peso da noite ainda estava em mim. Estava cansado, mas isso não me impediria de ir até o CT. Era ali que as coisas aconteciam. Ali eu me sentia em casa, ainda que algo, ou melhor, alguém, começasse a mexer comigo de formas inesperadas.

Alice. Não sabia o que exatamente estava acontecendo entre nós, mas sabia que ela tinha a habilidade de tirar o controle das minhas mãos.

O trajeto até o Centro de Treinamento foi mais do mesmo: caos. Mas meu pensamento se fixava na mesma coisa. Alice. Ela me desafiava de uma maneira silenciosa, quase imperceptível, mas para mim, estava ali, bem à minha frente. Às vezes, a resistência dela me fazia querer mais. O jeito que ela tentava manter a distância só alimentava minha curiosidade. E eu nunca resisti a um bom desafio.

Cheguei no CT e, mesmo com a cabeça pesada, o corpo coberto de suor e a mente ainda em conflito, me concentrei. Alice estava ali, observando de longe, como sempre. O que ela não sabia é que eu estava atento a cada movimento dela, mesmo quando tentava disfarçar.

Raphael me puxou para uma conversa rápida, mas meus olhos estavam em Alice, como sempre. Não era para ser assim. Eu deveria estar focado, mas meu pensamento estava em outra coisa. Ela estava na minha cabeça, e eu sabia que o jogo começava a ficar mais interessante.

O treino começou, mas parecia que meu corpo estava em piloto automático. Abel dava suas ordens, mas minha mente ainda vagava. Cada passe, cada movimento que eu fazia, eu podia senti-la me observando. Mas não era apenas uma observação casual. Era algo mais intenso, algo que me desafiava.

O treino estava no fim quando vi Alice lá, parada, com um olhar atento, mas distante. Eu sabia que aquele era o momento. Ela estava tentando manter o controle, mas eu podia ver, sentir, que a tensão já estava no ar.

Me aproximei com passos lentos, como se cada movimento fosse calculado. Não estava apressado. Ela estava ali, e eu ia aproveitar. Quando nossos olhares se encontraram, ela rapidamente desvia, como se não fosse capaz de sustentar o contato. Eu sabia que isso era um sinal. Ela estava tentando fugir, mas o problema era que eu gostava disso. Ela me desafiava sem nem perceber.

— Está se concentrando demais no trabalho, Morena — falei com um sorriso de canto, me aproximando dela com a voz baixa e tranquila.

Ela me olhou rapidamente, tentando desviar novamente, mas eu já estava muito perto, o que a fazia claramente desconfortável.

— Você já sabe que vai me deixar trabalhar, não é? — ela respondeu, tentando manter a postura. Mas eu a conhecia o suficiente para perceber a leve mudança na sua respiração. Ela estava se controlando, mas não com a mesma força de antes.

Eu dei um passo ainda mais perto, meu corpo agora quase encostando no dela. O calor da proximidade estava mais evidente, e o silêncio entre nós ficou denso, como se o mundo lá fora tivesse desaparecido. Só existíamos nós dois.

— Trabalhar, é? Eu sei que você prefere me ver de outra forma, Morena. Já percebeu, não? — minha voz estava um sussurro, quase intimidadora, como se eu estivesse testando os limites dela. Meu olhar fixo no dela, não permitindo que ela fugisse.

Alice não respondeu imediatamente. Eu via a tensão na mandíbula dela, o jeito que ela tentava controlar a própria respiração. Eu gostava disso. Ela estava se segurando, mas o instinto dela estava começando a vacilar.

— Richard… — Ela não completou a frase. Seu olhar estava evitando o meu, mas a tensão do seu corpo entregava tudo. Ela estava incomodada, talvez até nervosa. Eu sabia que estava chegando onde queria.

Me inclinei mais um pouco, o calor do meu corpo se misturando ao dela, e falei, com a voz ainda mais suave, mas firme:

— Não precisa fugir, Morena. Eu sei que você está sentindo isso também. Não adianta tentar negar. — Deixei a palavra pairar no ar, enquanto seus olhos se fixavam brevemente no meu. Ela queria fugir, mas algo na forma como ela me olhava dizia o contrário.

Ela mordeu o lábio inferior, um gesto involuntário, mas que eu não deixei passar despercebido. Ela estava tentando manter a compostura, mas sua mente e corpo estavam em desacordo.

— Eu… — Ela deu um passo para trás, mais por instinto do que por vontade própria, mas sua voz estava trêmula.

Eu dei um passo à frente, diminuindo ainda mais a distância entre nós. Sua respiração estava mais acelerada agora. Eu sabia que ela estava perdendo a batalha interna, e isso me excitava. Ela se obrigava a manter a fachada, mas eu podia sentir a vulnerabilidade começando a transparecer.

— Não adianta, Morena. Você não pode me evitar — falei, quase em um sussurro, deixando a tensão no ar.

Ela respirou fundo, tentando controlar o próprio corpo, mas eu já sabia que tinha deixado minha marca nela. Eu estava ali, e ela sabia que não era apenas o treino que a mantinha no CT.

Ela finalmente ergueu os olhos para mim, mas a intensidade daquele olhar fez com que eu sentisse como se tivesse tocado algo frágil, algo que ela queria manter escondido.

Eu me afastei um pouco, um sorriso satisfeito tomando conta do meu rosto, e não precisei dizer mais nada. Ela estava em silêncio, mas seus olhos me entregavam tudo o que eu queria saber.

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Atração Proibida - Richard Ríos Onde histórias criam vida. Descubra agora