TERCEIRO MOMENTO

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Eram exatamente 05:33 quando meu celular começou a berrar. Alto, estridente.

"Droga" Me revirei na cama tateando o colchão a procura do aparelho, afim de fazê-lo parar de tocar. Ao encontrá-lo — quase caindo da cama e ainda conectado ao carregador — apenas atendi, já imaginando quem seria.

— O que você quer?

Bom dia pra você também, Princesa — Bufei, resmungando.

— Lucas, você me acorda com uma ligação às 05h e quer que eu te saúde com "bom dia meu amorzinho, como você dormiu?" — Não tentei esconder a cara de desgosto, coçando os olhos e sentando. — Tá de noite, seu imbecil! — Reclamei, observando as neblinas ainda dominarem o ar gélido de uma manhã fria de quinta-feira pela janela do quarto.

Se liga, sua rotina é uma merda. fui pra academia e fiz o meu devocional.

E você faz devocional?

Ih irmão, quem não descola é você, parça — Revirei os olhos, apoiando o telefone entre o ombro e o ouvido para amarrar os fios.

— Por que me ligou? Estou tentando tirar um tempo dessa sua voz irritante.

Qualé mermão? Minha voz é linda, para de tiração Eliza.

Sorri fraco da sua indignação, levantando da cama e indo até o banheiro fazer minhas necessidades.

— Brincadeira, você pode até se inscrever pro show de talentos da semana que vem.

Ouvi o mesmo bufar e logo em seguida, algo de metal caindo, o que suponho ter sido alguma panela, já que Lucas  é um desastre sem fim na cozinha.

Esse não é o foco, olha, a festa de hoje vai ser fantasia. O halloween bem , porém não teremos festa, então minha turma pensou em se juntar com os do último  período e fazer uma coisa .

Festa a fantasia? Hm...interessante.  Calma, fantasia?
Irrah! Eu vou poder esconder esse galo na testa!

— Lucas!

Gritei no celular alto e estridente, pulando da cama e ficando estática, enquanto várias ideias mirabolantes rondavam minha mente.

Porra Eliza, com megafone na guela é? Me deixou surdo, caralho.

Gargalhei, agora estava feliz pra caralho como Lucas diria.

— Eu vou me fantasiar de Escarlate! Vou conseguir esconder a calombo da testa!

Nem com a melhor fantasia você consegue esconder esse lapa de testa.

Antes que eu pudesse gritar mais no seu ouvido, o desgraçado desligou me deixando sozinha junto da minha raiva. Já sei, daria um castigo do silêncio nele.

Mais tarde, após todas as aulas da nossa humilde carga horária da faculdade, estávamos eu, Lucas e Gabriele no meu dormitório e por mais que ele fosse homem, tínhamos dado um jeito de despistar o reitor que rondava os dormitórios.

— Vocês são loucos — Resmunguei enchendo a boca com jujubas que Gaby tinha levado.

— Como se você não fosse também e ainda é pior que nós. — Lucas deu um peteleco na minha testa.

— Gente, eu acho que deveríamos focar nas nossas fantasias. — Gaby sendo a mais sensata do grupo falou, sentando-se na cama ao lado do monte de roupas minhas que Lucas tinha jogado lá pra que pudesse escolher uma que fosse mais parecida possível.

— Essa fantasia não tá nada Halloween.

— Cala a boca, pelo menos vou esconder esse presente que o tombo me deu de graça.

Gabriele riu pra um lado e pegou uma blusa. Blusa não, pedaço de pano.

— Eliza é realmente uma puta.

— E você concluiu isso só agora? — Debochei, pegando várias outras peças e descartando pois não tinham nada a ver com ud6 .

— Não, desde o dia em que você marcou um encontro no Tinder com um cara e levou eu e Gaby porque estava com medo de ser um serial killer e no final, foi se comer com ele enquanto eu e Gaby enchiamos a barriga com os lanches que ele pediu. — Ele falou e eu apenas bufei. Tinha repulsa daquela época da minha vida. Foi há um ano atrás. — Porque você não ficou com ele, hein? O bonitão era loiro padrão e tinha cartão Black.

—Esquece isso, foi há um século.

— Arram, sei.

— Olha! — Gaby exclamou, jogando na cama a peça aberta e deixando a mostra pra todos olharem os detalhes. A peça era uma jaqueta de couro que em mim, com certeza ficaria muito apertada, perfeitamente perfeito pra caracterização da Escarlate.

— Maravilha! — Dei pulinhos animada.

— E a parte de baixo?

— Você não tem nada? É de couro também, pode ser uma saia com tecido de couro.

— Eu não tenho, nem uso saia.

— O que é irônico, né. Você, uma puta, não ter saia.

Joguei uma camisa enrolada na sua cara.

— Palhaço.

O homem abriu a roupa e franziu o cenho, reconhecendo a blusa.

— É minha! Como veio parar aqui?

— Nem te conto... — Gaby comentou, rindo igualmente a mim. Se ele soubesse que eu tinha raptado, ele me mataria.

— Já imagino e eu quero matar você, Eliza! Eu ia usar essa mega blusa no show do Bruno Mars!

— Já passou, supera. — Gargalhei, pegando peça por peça e dobrando pra colocar de volta no lugar.

— Vocês são horríveis.

— Aliás, mais tarde eu vou no shopping Lize, você não quer que eu compre o que falta da sua fantasia?

— Pode ser. Eu te mando dinheiro.

— E pra mim? Eu quero dinheiro também. — Lucas mendigou, estendendo a mão.

— Credo Lu, você é rico.

— Quem me dera.

— Vocês vão de quê?

Gabriele deitou na cama, em cima de Lucas toda dengosa e apontei o dedo pra ambos. — É por isso que acho que vocês se pegam.

Gabriele fez uma careta, se sentando de volta.

— Vou de Moana do mau.

— Sem criatividade. E você, Lucas?

— Super Chock degolado.

— Péssimo também.

— Pelo menos eu não tenho a montanha da Moana na testa.

Revirei os olhos não me dando ao trabalho nem de lhe responder.

— Saiam do meu quarto agora, seus palhaços.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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