Capítulo II

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De repente, um domo rosa translúcido começa a se retrair lentamente, diminuindo até se condensar próximo ao prédio onde Clara reside. Conforme ele desaparece, o cenário ao redor volta ao normal: o muro antes destruído se restaura, as rachaduras no chão se fecham, e não há sinal de dano, exceto pelos machucados que ainda marcam Clara e Marqueza.


— Então, esse é o famoso domo? — pergunta Clara, tossindo levemente, enquanto observa o efeito ao redor.


Marqueza sorri de lado, um brilho irônico nos olhos.


— Conhece ele? — indaga com um toque de provocação.


— Já li sobre isso em alguns livros — responde Clara, mantendo um tom contido enquanto se levanta.


— Eu sei — afirma Marqueza, ainda sorrindo. — Pense no que te falei. Logo entro em contato novamente.


Clara permanece em silêncio, enquanto os primeiros vizinhos começam a aparecer, atraídos pelos estrondos, embora agora tudo pareça intacto. Marqueza se dirige até o local onde o domo desapareceu e recolhe um pequeno objeto circular do chão. Clara observa por um instante e, disfarçando o cansaço, caminha de volta para casa. Alguns vizinhos a cercam, perguntando sobre o barulho e sobre a "estranha de moletom preto". Clara se limita a dizer que não ouviu nada.


Ao chegar à oficina da família, ela percebe que tudo está trancado. Clara usa a chave que estava em seu bolso para abrir a porta lateral e sobe as escadas que levam ao apartamento onde vive com seu pai e irmão. Assim que entra, é recebida pelo olhar apreensivo dos dois. O pai, Carlos Daniel, e o irmão, Caio, a esperam na sala, visivelmente tensos.


— Quem era aquela moça, Clara? — pergunta Carlos Daniel, preocupado.


Clara mantém uma expressão neutra e responde de maneira direta:


— Era uma Bispo.


Pai e irmão trocam um olhar assustado, e Carlos se adianta:


— Uma Bispo? — ele repete, incrédulo. — Depois de tudo o que nos fizeram, eles ainda vêm atrás de nós? O que querem agora? Apagar mais testemunhas? Nós já assinamos o contrato, concordamos em não falar com ninguém! E ainda recebemos aquele dinheiro imundo...


— Ela disse que quer destruir os Bispo — responde Clara, agora com uma expressão incerta, como se ainda processasse o que ouviu.


Caio a encara, cético.


— Por que um Bispo destruiria os Bispo? Eles têm uma reputação sólida, uma fortuna imensa. E sempre escapam de qualquer encrenca.


Clara assente, pensativa.


— Pois é... Mas tive a sensação de que ela não estava mentindo.


— E se for apenas uma armadilha para te machucar? — sugere Caio, num tom preocupado. — Talvez ela esteja tentando te manipular.

Raro DiamanteOnde histórias criam vida. Descubra agora