ASHLEY caminhava em silêncio pelos escombros da mansão, cada passo ecoando pela estrutura que, um dia, chamara de lar. As memórias estavam ali, presas entre as paredes destruídas, no cheiro de madeira queimada e nos móveis que não resistiram ao fogo. Ela respirava fundo, tentando manter o controle sobre as emoções que estavam prestes a transbordar.
Na garagem, ao menos, algo havia sobrevivido. Sua moto e o carro estavam intactos, protegidos na parte mais baixa da casa. Era um pequeno alívio, mas ainda assim, insignificante diante da devastação ao redor.
Subindo de volta, ela encarou os móveis queimados, pedaços de sua vida que agora eram apenas cinzas. As memórias voltaram como um soco no peito, revivendo o passado que ela lutava tanto para esquecer.
"Pelo menos não são corpos," murmurou para si mesma, quase como uma tentativa de consolo.
"Corpos?" A voz de Carlisle ecoou ao seu lado, suave, mas repleta de preocupação. Ele havia se aproximado sem que ela percebesse, o olhar cheio de um carinho silencioso.
Ashley engoliu seco, sentindo o peso de compartilhar o que guardara por tanto tempo. Com um suspiro trêmulo, ela começou a contar.
"Ontem, quando recebi a mensagem de Brian… aquele medo voltou. Achei que iria acontecer de novo," ela disse, a voz falhando ao recordar. "Anos atrás, em Beacon Hills… nossa mansão pegou fogo. Alguém a incendiou. Foi uma caçadora, uma que se aproximou do meu irmão, Derek. Ela o seduziu, ganhou sua confiança e, no fim, nos traiu."
Carlisle observava em silêncio, a mão repousando gentilmente em seu ombro, oferecendo o conforto que ela nem sabia que precisava.
"Naquela noite, tudo o que conseguimos foi fugir. Laura, Derek, Cora, meu tio Peter e eu. Mas minha mãe... minha mãe não conseguiu," continuou, a voz embargada pela dor. "Eu fiquei ali, parada, vendo a casa queimando… e ela lá dentro. Era como se meu coração tivesse sido arrancado."
Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto dela, e então outras seguiram, até que ela não conseguisse mais segurar o pranto. Carlisle a envolveu em seus braços, sem dizer nada, apenas deixando que ela encontrasse consolo ali.
"Eu sinto muito, Ashley," ele murmurou, deslizando os dedos em seus cabelos em um gesto tranquilizador. "Não consigo imaginar a dor que foi… a dor que ainda é."
Ela respirou fundo, tentando encontrar forças para continuar. "Aquele lugar… havia crianças e adolescentes ali, lobisomens que ainda não haviam se transformado. Eu sempre me culpei, achando que poderia ter feito mais, que poderia ter salvado mais vidas. Esse medo nunca desapareceu."
Ashley apertou o abraço de Carlisle, e ele a envolveu com mais firmeza, como se pudesse protegê-la da dor que há muito se alojara em seu coração.
"Quando voltei ontem e vi minha casa novamente destruída," ela soluçou, a voz quebrando, "tive medo de que meus filhotes estivessem aqui dentro… que eu perderia mais uma vez as pessoas que amo."
Carlisle a segurou com carinho, deixando que ela chorasse, permitindo que aquela dor tão reprimida encontrasse espaço para se libertar. Ele a compreendia, mais do que ela imaginava. Ele sabia o que era perder aqueles que amava, o peso que essas lembranças carregavam, a solidão que o luto trazia.
"Eu estou aqui agora," ele sussurrou, passando a mão pelo rosto dela, enxugando delicadamente as lágrimas. "E não vou a lugar nenhum. Eu prometo."
As palavras de Carlisle, simples e sinceras, trouxeram um calor que Ashley não sentia há muito tempo. Naquele abraço, entre os escombros e as cinzas do que fora sua casa, ela se permitiu deixar a dor escapar. E ali, com Carlisle ao seu lado, talvez, pela primeira vez em muito tempo, Ashley sentiu que não estava sozinha.
Mas mesmo ali, o peso do passado ainda pairava sobre ela, lembrando que feridas como aquelas não se fechavam facilmente.
»»————> 𝗖𝗢𝗡𝗧𝗜𝗡𝗨𝗔 <————««
𝗡/𝗔: Capitulozinho meio Bad.
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𝗠𝗬 𝗛𝗬𝗕𝗥𝗜𝗗 - 𝖢𝖺𝗋𝗅𝗂𝗌𝗅𝖾 𝖢𝗎𝗅𝗅𝖾𝗇.
Fanfiction𝗔𝗦𝗛𝗟𝗘𝗬 𝗛𝗔𝗟𝗘, aos 24 anos, é a mais nova e destemida Chefe de Polícia de Forks, Washington, e também a irmã mais velha de Derek e Coraline 'Cora' Hale. Em uma cidade onde o sobrenatural se entrelaça com a vida cotidiana, sua jornada como hí...