Sextou!!
Basta saber se o sextou de hoje vai ser feliz ou caso de velório né...
Boa Leitura!
O hospital exalava um silêncio incômodo, nada passava qualquer tipo de conforto, era tudo asséptico e sem vida. Frio da forma mais cruel possível. Um lugar dedicado a cura e recuperação não devia parecer tão frívolo e pouco pessoal. Bebês nasciam ali, mas era apenas como se houvesse uma grande ausência de vida e de esperança em cada parede.
Jake podia contar nos dedos de uma mão as vezes que havia pisado em um hospital. Nunca foi bom. Quando sofreu o acidente, logo após a morte de Rachel, ele pensou que paredes tão brancas quanto aquelas seriam seu túmulo. Não foram, mas isso não mudou a percepção de que era um lugar um tanto amaldiçoado.
Naquele instante, ele quase agradeceu por nunca ter precisado entrar em um necrotério para reconhecer o corpo de Rachel. Não houve um corpo propriamente dito. Haviam ossos carbonizados e uma arcada dentária que serviu como identificação. Eles a enterraram com o caixão fechado, porque era como se não houvesse o que enterrar.
Até hoje, Jake não tinha certeza se isso foi bom ou ruim. Não poder dar adeus a Rachel foi cruel, porém, tê-la visto deitada em um caixão talvez tivesse sido muito pior...
Com um suspiro pesado, ele terminou de encher o copinho plástico com água filtrada e caminhou de volta para a sala de espera.
Elena estava sentada ali, porém parecia à quilômetros de distância. O olhar vago e a postura abatida, tão imóvel quanto uma estátua exposta em um museu. Sua beleza parecia trágica e melancólica. Suas mãos estavam pousadas sobre o colo, os dedos fortemente fechados contra a papelada médica que haviam entregado na recepção, como se de alguma forma ela estivesse se agarrando ao pouco que ainda restava de sua vida.
Justo ela, que sempre foi vibrante, cheia de energia e com assuntos intermináveis na ponta da língua, agora estava em completo silêncio, sua fisionomia expressando claramente que ela esperava pelo pior.
Aquela apatia não combinava com a garota, vê-la tão vulnerável e perdida incomodava Jake em um local muito profundo de seu coração. Um lugar que ele não tinha a menor ideia que a socialite já havia se infiltrado.
A situação não devia afetá-lo tanto. Ele não devia se importar com o que sua esposa falsa sentia. A conexão deles nasceu de um acordo afinal... Ainda assim, dizer que um casamento de contrato era o motivo pelo qual Jake estava naquele hospital seria uma grande mentira. Ele estava ciente disso.
Apesar de não ser capaz de nomear, ele sabia que sua relação com Elena Rockfeller não era mais puramente um negócio. Ele não estava ali por obrigação. Era por escolha.
Se sentou ao lado dela e lhe entregou a água, fazendo com que bebesse pelo menos um gole. Tocou os braços femininos e viu o quanto estava gelada. Imediatamente a cobriu com seu terno, havia vestido a peça quando desceu do carro, apenas porque a tinha esquecido jogada no banco de trás do Porsche, agora estava sendo útil.
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FORTUNA
RomanceJake Ashford sempre achou irônico que a definição de Fortuna fosse "grande soma de dinheiro" e também "boa sorte, acaso ou destino". Afinal, tudo que conquistou na vida foi por puro esforço e trabalho duro, e não por uma simples casualidade fortuita...