13. Agora ou Nunca

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Chego na porta e vejo a chave em cima de uma mesinha

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Chego na porta e vejo a chave em cima de uma mesinha. Apanho com cuidado pra não fazer barulho e destranco. Me retiro do apartamento para o corredor e penso no arrependimento que começa a pesar. Fico por volta de dez segundos parado, segurando a maçaneta e lutando contra a vontade de voltar.

Não posso, minha consciência me leva a uma lucidez incoerente que, de alguma forma, faz sentido na minha cabeça. É agora ou nunca, eu preciso deixar Chelsea. Eu preciso abandonar, por mais doloroso que seja.

Me afasto e atravesso o corredor com passos mancos, devido à ferida na coxa. Vou me segurando na parede com uma mão até alcançar o elevador.

Enquanto desço para o térreo no elevador, puxo a mochila pra frente e retiro uma blusa moletom com capuz. Visto por cima da camiseta, colocando o capuz na cabeça para esconder meu rosto nas sombras. Verifico meu celular, está zerado de bateria. Vou ter que arrumar um táxi. Pra minha sorte, não preciso andar muito porque o apartamento fica em uma avenida grande e movimentada de Estocolmo, e mesmo àquela hora da noite há alguns táxis passando.

Pego um e, ao me sentar no banco traseiro, digo ao motorista o endereço da casa de Karl. Em poucos minutos de viagem, o taxista me deixa em frente.

Desço do carro e sigo até a porta de entrada. Como imagino, ele deve estar dormindo, mas preciso de ajuda e começo a tocar a campainha insistentemente. Um tempo depois, a porta é aberta com agressividade e eu vejo Karl somente de calça e cara de poucos amigos.

- Não acredito... - ele lamenta pondo a mão na testa, ao me ver parado adiante dele, em seu hall de entrada.

- Boa noite.

- Cadê a Chelsea?? Vamos com meu carro, eu te levo de volta... - diz inconformado, pegando a chave em um gancho à parede.

- Não. - seguro a porta antes de ele faça menção de sair. - Eu não vou voltar.

- Fritz...

- Por favor, me deixa entrar. Quero conversar.

Karl demora uns segundos me analisando, com uma evidente feição de exaustão e crítica, para depois se dar por vencido e se afastar, abrindo pra mim. Eu entro e vou mancando direto para o sofá na sala, pois minha perna dói mais do que o esperado. Karl tranca e se aproxima.

- O que tem pra falar? - pergunta se sentando na poltrona na minha frente. - Quer comer alguma coisa?

- Não... Eu só queria dizer que sinto muito pelo o que meu pai fez.

- Do nada isso? Eu nem me lembrava mais. - diz ele, disfarçando o quanto esse assunto o afeta enquanto pega um maço de cigarro no bolso.

- Eu queria que você soubesse que ele tá morto... E meu irmão também.

- Eu soube...  Não esquenta. - acende o cigarro e traga, parecendo ansioso pra mudar de assunto. - Me fala da Chelsea. Tá decidido? Vai embora e deixar ela pra mim?

A Cúmplice Perfeita || Bill SkarsgårdOnde histórias criam vida. Descubra agora