𝐁𝐎𝐋𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐂𝐇𝐎𝐂𝐎𝐋𝐀𝐓𝐄; 𝗌𝗎𝗇𝗌𝗎𝗇

03

────── 𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐂̧𝐎 𝐃𝐄 𝐀𝐋𝐆𝐎 𝐃𝐎𝐂𝐄

  ❝Se você olhar bem, vai perceber que as
        pequenas coisas que fazem o outro
            sorrir são as mais importantes.❞

                           (John Green)

Nos dias que se seguiram à revelação de Sunoo, a atmosfera ao redor de Park Sunghoon e Kim Sunoo começou a mudar. Não era uma transformação dramática, mas havia algo novo, algo leve e suave, que pairava no ar entre os dois. Algo doce, como o gosto dos bolinhos de chocolate que Sunoo deixava em sua mesa.

Sunghoon começava a reparar em Sunoo de uma forma que nunca fizera antes. Aqueles pequenos gestos, o jeito com que ele sorria de forma tímida, a maneira como seu olhar parecia sempre buscar o de Sunghoon, com uma expressão misturada entre nervosismo e esperança. Sunghoon ainda estava um pouco perdido nos próprios sentimentos, mas algo dentro dele parecia irremediavelmente atraído por Sunoo. E, para sua surpresa, ele não queria afastar esse sentimento. Ele queria entender melhor, queria que algo florescesse entre eles.

Era uma tarde tranquila. O céu estava limpo e o vento suave soprava pela janela da sala de aula. O intervalo estava prestes a começar, e Sunghoon já se preparava para ir até a sua mesa quando algo chamou sua atenção: Sunoo estava ali, perto dele, mais uma vez com seu sorriso suave. Mas dessa vez, havia algo diferente na maneira como ele estava se aproximando. Ele parecia um pouco mais... inseguro do que o normal.

━━ Oi, Sunghoon.━━ Sunoo disse, a voz baixinha, como se estivesse pedindo permissão para falar. ━━ Eu trouxe bolinhos de novo. Não sei se você vai gostar, mas eu realmente espero que sim. ━━ Ele segurava um pequeno saquinho de papel, como os outros, e seus olhos estavam fixos no chão, claramente nervoso.

Sunghoon, que estava de pé ao lado de sua mesa, não pôde deixar de sorrir ao ver o jeito tímido de Sunoo. Mas, dessa vez, ao invés de simplesmente aceitar os bolinhos, ele sentiu uma necessidade de fazer algo mais. Algo para retribuir. Algo para demonstrar que ele, também, se importava.

━━ Sunoo... ━━ Sunghoon começou, a voz mais suave do que ele imaginava. Ele sentiu uma leveza no estômago, uma sensação nova que parecia se expandir à medida que as palavras saíam. ━━ Eu realmente gosto dos bolinhos. Mas eu gostaria de retribuir de alguma forma.

Sunoo olhou para ele com uma expressão confusa, como se não entendesse o que Sunghoon queria dizer. Seus olhos, tímidos e curiosos, encontraram os de Sunghoon, e por um momento, o mundo pareceu se tornar um pouco mais silencioso ao redor deles.

━━ Retribuir? ━━ Sunoo murmurou, a voz tremendo levemente. Ele estava claramente desconcertado.

━━ Sim. ━━ Sunghoon respondeu, um sorriso tímido se formando em seus lábios. ━━ Eu quero te agradecer por tudo o que você fez. Por me fazer sentir bem. Especial, de uma forma que eu não sabia que precisava.

O coração de Sunghoon estava batendo forte em seu peito. Ele não sabia por que estava dizendo aquilo. Não sabia exatamente o que queria fazer, mas sabia que não podia deixar aquilo passar em branco. Ele sentia algo crescente por Sunoo, algo que não podia mais ignorar. E, naquele momento, ele sabia que não queria mais apenas ser observador. Ele queria fazer parte de algo maior. Algo que ele mal compreendia, mas que parecia certo.

Antes que Sunoo pudesse responder, Sunghoon deu um passo à frente. Ele se aproximou lentamente, seu olhar se suavizando à medida que ele via a expressão levemente assustada de Sunoo. Ele não queria assustá-lo. Mas havia uma urgência em seus sentimentos, uma necessidade de se aproximar.

━━ Sunoo.━━  Sunghoon sussurrou, com um sorriso quase tímido, enquanto estendia a mão, tocando de leve o braço de Sunoo. ━━ Posso fazer isso por você?

Sunoo engoliu em seco, seus olhos grandes e redondos, completamente atônitos. Ele estava sem palavras, claramente nervoso, mas sua respiração se acelerava à medida que ele olhava para Sunghoon. Ele assentiu lentamente, como se estivesse permitindo que algo acontecesse, mas ao mesmo tempo, ele estava tão nervoso quanto Sunghoon.

Sunghoon não esperou mais. Ele deu um passo ainda mais próximo, e então, com a suavidade de um suspiro, inclinou-se em direção a Sunoo. A sensação de proximidade fez seu estômago revirar, e ele sentiu como se o mundo ao redor deles tivesse desaparecido. Não havia mais ninguém na sala, não havia mais o som das conversas ou do vento. Só existiam os dois, ali, prestes a fazer algo que ambos sentiam, mas ainda não compreendiam completamente.

O beijo aconteceu devagar, com a suavidade de um primeiro toque, como se fosse uma descoberta. Sunghoon tocou seus lábios nos de Sunoo, com uma leveza quase tímida, como se testando a reação do outro. A pele de Sunoo estava macia, e ele ficou parado por um momento, antes de suavemente responder ao toque de Sunghoon, seus lábios se encaixando com a mesma hesitação e ternura.

Era doce. Como o gosto dos bolinhos, mas ainda mais profundo, mais intenso. As borboletas no estômago de ambos começaram a se agitar, e Sunghoon sentiu um calor se espalhar por seu corpo. O beijo foi suave, sem pressa, como se ambos estivessem saboreando cada segundo daquele momento. A sensação do toque de Sunoo, tão tímido e delicado, fazia o coração de Sunghoon bater mais forte, e ele se sentiu mais perto de Sunoo do que nunca.

Quando os lábios de ambos se separaram, ainda haviam os olhos fixos um no outro, como se estivessem tentando compreender o que acabara de acontecer. O silêncio entre eles foi confortável, e ao invés de palavras, foi o olhar compartilhado que disse tudo.

Sunoo parecia estar em choque, mas seu sorriso era genuíno, mais radiante do que Sunghoon jamais tinha visto. ━━ Você me beijou.━━ Sunoo disse, com uma risada nervosa, os olhos brilhando.━━ Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer.

━━ Eu também não.━━ Sunghoon confessou, ainda com o coração acelerado.━━ Mas, agora que aconteceu, eu não me arrependo.

Sunoo sorriu mais uma vez, esse sorriso agora cheio de calor e alegria.━━ Eu também não.

O mundo voltou a existir ao redor deles, mas nada parecia mais importante naquele momento do que aquilo que tinham compartilhado. Sunghoon sentiu, finalmente, que o mistério dos bolinhos e das pequenas trocas de olhares se tornara algo mais. Algo verdadeiro, doce e, de alguma forma, natural.

À medida que o intervalo chegava ao fim, ambos sabiam que aquilo era apenas o começo. O começo de algo bonito, algo que floresceria devagar, mas com todo o sabor doce de uma promessa silenciosa. Eles se afastaram lentamente, mas agora com algo novo entre eles. Algo que os conectava de uma maneira que palavras não podiam explicar.

E, enquanto caminhavam de volta para a sala de aula, lado a lado, o sorriso de ambos era suficiente para saber que, a partir daquele momento, nada seria mais doce do que o que começara a nascer entre eles.