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O mundo batia vermelho e tudo tremia. Seu coração não parava, e Harry podia senti-lo por todo o seu corpo, até as pontas de seu cabelo.

Ele estava salivando. E ele nunca tinha sentido fome como sentia agora.

— O coloque na mesa. Sede ele.

— Nós já fizemos isso.

— Bem, dê mais a ele!

As vozes colidiram, agudas e dissonantes. Cada músculo do seu corpo ficou tenso. A saliva gorgolejou para fora da sua boca e pingou pelo seu pescoço.

— Amarrem-no — alguém disse, e Harry sentiu a raiva aumentar dentro dele – o medo viscoso.

Amarras mágicas esticadas em volta de seus pulsos, bíceps, pernas, tornozelos, peito e ombros. Ele sentiu uma varinha tocar seu braço e então uma mordida afiada quando algo perfurou a pele, e um tônico doce e fresco correu por suas veias.

Sua respiração desacelerou. Suas pálpebras caíram. O teto ficou cinza e escuro. E então ele ouviu uma voz de mulher suspirar.

— Alguém, chame o Curandeiro Malfoy.

.

Quando Draco se vestiu para o trabalho naquele dia, a última coisa em que pensou foi Harry Potter.

Bem, talvez não a última. Mas ele dificilmente esteve na vanguarda dos pensamentos de Draco. Seus pensamentos estavam principalmente em sua promoção e em como era bom não ter que usar mais as vestes verde-limão, poder se vestir em seu próprio preto preferido. Ele também estava ruminando sobre a conferência sobre Animagos não registrados na qual ele falaria mais tarde no mês. Draco preferiria receber um Crucio do que falar em público, mas esse era o preço de ser um especialista em alguma coisa, ele supôs.

Pelo menos haveria um bar aberto no jantar depois.

Quando Draco entrou no St. Mungos naquela manhã, ele suspeitou que a coisa mais emocionante que poderia acontecer seria a reparação de um dedo do pé decepado; essa foi a grande notícia da sexta-feira passada, pelo menos, e as segundas-feiras tendem a ser calmas.

Ele não poderia estar mais errado.

Candace Chilcott convergiu para ele do lado de dentro da vitrine da seção de departamentos.

— Sr. Malfoy. Venha rápido. Você precisa ver isso.

— Pode esperar até depois do cappuccino? Você sabe como eu amo a nova máquina de cappuccino, Chilcott. — Draco já podia sentir suas veias encolhendo devido à falta de cafeína. Ele nunca deveria ter se dedicado a um vício tão pedestre dos trouxas – um vício pedestre dos trouxas americanos, aliás. Ele poderia culpar Parkinson, mas ela havia se mudado do apartamento dois meses antes de se casar com Zabini, e Draco tivera muito tempo para abandonar o hábito de tomar café que ela havia criado nele. Ele simplesmente ainda não tinha se incomodado.

Então, aqui estava Chilcott com qualquer emergência de mordida/picada/queimadura de animal que ela tivesse esperando por sua atenção, e Draco estava murchando.

— Receio que isso não possa esperar — ela disse a ele.

Draco revirou os olhos, enfeitiçou seu casaco e luvas para seu escritório, e seguiu Chilcott em um ritmo acelerado pelos corredores e até o primeiro andar. Ela o levou para a Ala Aguda, e Draco ouviu antes que ela pudesse abrir a porta.

O rosnado...

E embora talvez alguma parte remota de seu cérebro reconhecesse a voz em um nível puramente instintivo, ele não teria acreditado em seus ouvidos. Ele só podia confiar em seus olhos, e enquanto caminhava para a enfermaria escura – escura porque muitas vezes seus habitantes não suportavam a luz – ele viu e reconheceu o corpo preso à cama, reconheceu o cabelo selvagem e, finalmente, enquanto se aproximava, os olhos verdes brilhantes quando a cabeça de Potter se virou e seu olhar, quente e raivoso, pousou em Draco.

Burning the Ground | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora