2 - Eu sou atacado pela Hello Kitty do mal

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Oiê povo, voltei.
Peço desculpas se eu demorei, andei bem ocupado essa semana, só hoje tive simulado de Enem e me deu bastante trabalho kk, mas como já atrasou um dia o capítulo e ele já estava quase finalizado, resolvi postar de uma vez. Agradeço quem leu o primeiro e gostou, e que continua por aqui, valeu mesmo.
Mas chega de desculpas, boa leitura 💖.

~~~~~~~~~~~~~~~~•♥️•~~~~~~~~~~~~~~~

Eu esperava encontrar qualquer coisa naquele telhado quando abri a porta de emergência, menos um Pégaso.
Quero dizer, claro que pégasos não existiam. Isso devia ser coisa de minha imaginação, ou algum tanque de gás próximo estava vazando e me fazendo ter alucinações, como por exemplo eu estar vendo um belo par de asas negras nas costas de um cavalo, também negro.
Não sei dizer o que senti quando o vi pela primeira vez. Confusão? Incredulidade? Surpresa? Acho que tudo isso aí misturado e depois multiplicado por cinco.
Mas nós dois ficamos nos encarando. Não sei dizer por quanto tempo, mas só ficamos lá, analisando um ao outro.
— Err... Hum... Err.... — Tentei formular uma frase completa mas minha voz simplesmente não saía. Estava fascinado demais com o que eu estava vendo.
Um vento frio bateu e fez a crina dele esvoaçar, junto com as penas de suas... Asas? Eu não sabia identificar o que era aquilo direito. Só reparei que começou a garoar e que um trovão ribombou ao longe.
—  Pretende ficar me encarando com essa cara de sátiro bêbado até quando, hein chefia?  — ele me disse.
Aquilo me tirou do choque inicial de vê-lo, mas só aumentou o próximo. Como diabos isso falou?
Ok, "isso" é um termo ignorante. Todo ser tem vida e nome e deve ser respeitado, então, reformulando meu pensamento : "Como esse cavalo preto estava falando comigo?"
E o pior que nem era bem falar, até por que ele nem tinha lábios, mas era como se a voz dele surgisse na minha cabeça quando queria se comunicar. Como se... Fosse telepatia (??)
Ele de repente virou a cabeça e olhou nervoso na direção de onde veio o trovão. Consegui escutar um barulho alto, como tijolos e telhas sendo quebrados. E eu não gostei disso.
Ai não... — Ele murmurou. — Rápido! Precisamos sair daqui agora mesmo!
Ele se aproximou mais de mim e abaixou o pescoço na minha frente. Meus sentimentos e pensamentos clarearam vendo tamanha cena. Acho que ele queria que eu o montasse.
Mas essa idéia era ridícula. Pra começar, o que um cavalo estava fazendo no terraço de uma escola? Os donos dele deviam ser completamente irresponsáveis por permitirem isso. Segundo, como caralhos ele estava "falando" comigo? E por último, por que eu continuava vendo um par de asas enormes nas costas dele e por quê ISSO NÃO SUMIA????
ANDA! — ele me apressou.
Mas ele não quis esperar mais quando um rugido bem mais próximo ecoou. Ele enfiou a cabeça por entre minhas pernas e me jogou em suas costas, sem nem me dar tempo de reação.
Imediatamente após isso ele abriu as suas enormes "asas" e começou a voar (?????) Em direção a leste e ao Central Park.
Tive que me segurar muito em suas costas pra não cair e me esborrachar no telhado mais próximo.
E eu simplesmente não acreditava no que estava vendo, no que havia acabado de acontecer e o que eu estava fazendo.
Eu, um garoto completamente normal de dez anos, que só estava frequentando o quinto ano do ensino fundamental um, que por uma mera curiosidade havia quebrado as regras e subido no telhado da escola, agora supostamente estava voando nas costas de um cavalo de contos de fadas que nem deveria existir. E pra fechar o pacote, eu me atrevi a olhar pra trás e tinha um leão ENORME  nos perseguindo, pulando de prédio em prédio, quebrando placas, tanques de água e telhas, e nos perseguindo até a morte enquanto sobrevoávamos o Central Park.
Um leão com no mínimo uns três metros e meio nos caçava como uma fera sanguinária. Ele tinha quase o dobro do tamanho de uma picape e sua boca (cheia de dentes prateados e afiados como navalhas) poderia facilmente engolir minha cabeça como se engolisse uma ervilha, e eu o reconheci de um dos meus livros ilustrados sobre mitologia, mas aquilo era impossível. O Leão de Neméia era apenas um mito.
Seu pelo dourado brilhava enquanto suas garras e dentes prateados demoliam tudo o que estava entre ele e nós. Havia algumas gotas e manchas em seu pelo que eu suspeitava terrivelmente de que fossem sangue.
Eu arregalei os olhos.
— Mas o que é aquilo....? — Consegui murmurar, mas seria uma pergunta mais pra mim mesmo do que para outra pessoa, mas o cavalo respondeu.
O Leão de Neméia, é claro! Ele estava caçando você há tempos, mas só o encontrou agora, por algum motivo de que eu ainda não sei. Mas se não nos apressamos e chegarmos em Long Island logo, nós seremos as próximas vítimas.
Ignorei completamente a voz "dele" que escutei e me forçei a retirar o olhar da besta fera e olhei em volta. Procurei cordas nas costas do cavalo, pra ver se ele era apenas um ser inanimado guiado por um helicóptero ou coisa parecida. Não era. Verifiquei se ele era um fantoche e se aquilo era ventriloquismo, mas era impossível alguém ser habilidoso o suficiente pra ficar a uma distância invisível e não ser descoberto falando através dele. Verifiquei se ele era um robô e se ele tinha um gravador, mas mesmo não admitindo, conseguia sentir seu coração batendo embaixo de mim e sua respiração ansiosa.
Não, simplesmente não podia ser verdade. Com certeza havia alguma coisa errada com meu cérebro. Eu deveria estar apenas dormindo em meu quarto ainda e tudo isso não passava de um sonho. É. Devia ser apenas isso.
Mas mesmo não querendo, no fundo, eu sabia que essa suposição não era verdade, e simplesmente não estava acreditando. Minha natureza teimosa se recusava.
— O que você é, afinal....? — Perguntei abismado pra ele. Ignorando completamente os sons absurdos da fera atrás de nós e mesmo provavelmente já sabendo a resposta que viria dele.
Ele me olhou de soslaio e bufou, se Pégasos podiam revirar os olhos, bufar e ficarem indignados, este com certeza estava desse jeito.
A fada do dente que não né? É evidente que eu sou um Pégaso, né chefia? Um lindo e adorável Pégaso, se me permite dizer. Você esperava que eu fosse o quê?
Olhei pra ele ainda mais atônito. Não por causa do sarcasmo e de eu estar sendo debochado por um cavalo, quero dizer, Pégaso, mas por ele ter me respondido.
Quero dizer, é claro que eu sabia o que era um Pégaso. Como eu já disse anteriormente, eu lia mitos gregos com Amanda, (que eu tentava não pensar muito nem nela e nem em minha mãe) e sabia que o Pégaso original foi resultado do abuso de Poseidon com Medusa, e que todos os outros cavalos alados se originavam dele. Mas eu ainda não queria acreditar de que era real.
E mesmo acreditando, como diabos eu conseguia me comunicar com ele? Cavalos alados não são telepatas, e eu tinha certeza que eu também não era.
E ele devia poder ler meus pensamentos também, por que ele bufou de novo, só que dessa vez irritado.
Sim chefia, eu sei que eu sou um Pégaso e que minha origem não é muito gratificante, mas obrigado por lembrar.
Eu fiquei tão sem reação com essa fala que eu quase nem ouvi o estrondo de um pedação de prédio caindo. Provavelmente retalhado.
Acho que ele era um pouco sensível com esse assunto. Será que eu devo pedir desculpas? Mas o que saiu da minha boca foi automático e involuntário.
— Mas eu nem falei nada....
Mas pensou! — Ele me cortou. — Dá no mesmo!
Ele viu que eu continuava o encarando atônito e continuou.
Mas caso isso importe pra você, meu nome é...!
Mas nós dois fomos interrompidos por uma série de eventos. Nem eu sabia muito bem como descrever aquilo tudo.
Primeiro, a chuva piorou. Tipo, muito. Gotas de água começaram a me encharcar e grudar meu cabelo na testa, e eu tinha certeza de que se não me aquecesse em alguns minutos, morreria de hipotermia.
Segundo, um raio não nos matou por pouco, bem pouco mesmo. As nuvens escureceram simplesmente DO NADA e um quase nós acertou, mas ele raspou na ponta da asa esquerda do Pégaso e nós dois começamos a perder altitude bem rapidamente quando levamos um choque elétrico. O Leão de Neméia me pareceu bem contente com isso. Estava quase me esqueçendo dele.
Se aquele raio tivesse nos acertado, nem que fosse um pouco mais, teríamos morrido pelo choque, mas mesmo pegando de raspão, eu senti um formigamento coletivo no corpo inteiro e meu cérebro pareceu que ia se desconectar dos membros. Mas estranhamente, pouco depois eu me senti um pouco melhor, como se tivesse sido revigorado.
Mas o meu estrago nem se comparava com o do Pégaso. Assim que recebeu o ataque (nem me pergunte como eu sabia que era um ataque), ele dobrou a asa instantaneamente e começamos a cair bem rápido. Eu via as ruas e o Metropolitan Museum of Art se aproximando bem depressa.
Aí, tá doendo... — Escutei ele gemer enquanto despencávamos para a morte.
E a partir daí, só piorou tudo.
O choque (literalmente um choque) nos fizera esquecer completamente o Leão de Neméia que estava na nossa cola até agora há pouco.
A criatura se empoleirou na ponta de um prédio e tentou abocanhar o traseiro do meu amigo equino. Por pouco errou (pelo visto nós estávamos com bastante sorte) e só raspou nos pelos do seu rabo, mas o segundo choque do dia fez com que ele desse um pulo de susto e eu começasse a cair separado dele.
O Leão de Neméia caiu também, mas como ele era um gato por natureza, (mesmo com vinte vezes o tamanho de um), ele caiu em pé com um estrondo em cima de um carro e começou a nos olhar de lá de baixo, esperando deliciosamente por suas presas.
Eu não estava dando a mínima pra ele, tinha assuntos bem mais urgentes.
Começamos a despencar mais rápido do que antes e minha mente estava a mil. Eu tentava desesperadamente pensar em algo para tirar o cavalo negro e a mim desse BO, mas a euforia e a adrenalina não me deixavam pensar.
E enquanto isso, o chão só se aproximava mais e mais. Estávamos a no máximo uns cinquenta ou sessenta metros até nós morrermos no asfalto.
Tentei pensar em alguma coisa que pudesse nos salvar ou pelo menos reduzir nem que fosse um pouco nossas chances de óbito; usar a camiseta de paraquedas? Não. Ainda que funcionasse, estávamos caindo rápido demais e isso salvaria somente a mim, e não era assim que eu queria. Tentei visualizar alguma coisa ao redor que pudesse ter o mesmo efeito e pudesse salvar nós dois, não havia nada. Um helicóptero? Nada também. Eu estava começando a perder as esperanças. Com certeza iria morrer.
E eu já estava começando a aceitar isso.
Mas se eu ia morrer, não ia permitir que o Pégaso morresse também. Eu o conhecia a só uma meia hora? Sim. Ele me obrigou a montar nele e deixar todas as minhas coisas na sala de aula? Sim. Eu sequer sabia seu nome? Não. Ele era meio irritante? Com certeza. Mas eu não ia deixá-lo morrer.
Enquanto ele tentava desesperadamente tentar alçar vôo de novo e nos salvar, eu comecei a encará-lo. Pensar em uma forma de salvá-lo.
Pensei em todas as coisas estranhas que haviam acontecido hoje. Meu pesadelo, o clima estranho, as visões esquisitas, eu estava começando a aprender que nada mais era impossível.
Comecei a perceber as correntes de ar que nos rodeava. Eu desejei que elas de alguma maneira impedissem de ele morrer. Desejei MAIS isso. ORDENEI que o salvassem.
E estranhamente, elas obedeceram.
Senti minha pressão caindo e sentindo que iria desmaiar, mas o tempo ao redor dele pareceu desacelerar e, quando ele menos percebeu, flutuou calmamente até a ponta de um terraço. Enquanto eu despencava semiconciente para a morte.

                                    *

A partir de agora, tudo o que me lembro são fragmentos, mas vou tentar detalhar o máximo possível para que vocês consigam entender bem.
Depois que misteriosamente salvei o Pégaso intrometido da morte, eu caí cada vez mais rápido. Como? Não faço a menor idéia. Muitas coisas que aconteceram naquele dia eu não tinha a mínima idéia de como explicar.
Mas naquele momento, era como se a salvação dele custasse a minha queda mas rapidamente. Não sei, mas é a melhor especulação que eu poderia dar.
Quando eu estava há apenas uns dezoito metros do chão, uma escuridão com asas passou embaixo de mim e me salvou da morte. Ele, de alguma forma, conseguiu estabilizar sua dor e nervosismo e viera correndo retribuir o favor e me salvar. Achei fofo. Mas nem pensei nisso naquele momento.
Nós dois desabamos de cansaço no chão.

                                     *

Mas eu não podia nem me dar ao luxo de morrer em paz, por que o maldito Leão de Neméia veio correndo pra cima de nós assim que viu onde nós caímos.
Mas eu estava com zero condições e motivações para lutar. Meu corpo inteiro doía e minha cabeça latejava com a pressão baixa que eu havia sentido enquanto jogava truco com Tânatos quando estava caindo.
E também eu nem sabia como lutar com aquela coisa. Eu era só um menino de dez anos. Ela poderia facilmente me usar de palito de dente.
Mas o monstro não iria se retesar só por que nós não podíamos lutar. Pelo contrário, ele estava se deliciando com isso.
O felino lambeu as presas enquanto atropelava os carros como se fosse um tanque de guerra. Ele parecia a versão do mal da Hello Kitty.
Muitas pessoas diziam que a gata era do demônio, e agora eu acreditava nelas.
Ok, desculpe pelo comentário.
Eu já havia aceitado a morte e estava quase me preparando para o impacto quando o cavalo saiu um pouco de baixo de mim e gemeu.
Como vamos morrer, saiba que o nome do cavalo alado que acaba de salvar você é BlackJack. E obrigado pelo que fez lá em cima, você foi incrível chefia... — E ele deitou o pescoço no chão, inconsciente.
Lágrimas vieram aos meus olhos, mas eu só esperava que ele não estivesse morto.
Coloquei a mão em seu peito e felizmente, seu coração ainda estava batendo.
Mesmo eu sentindo minha morte se aproximando cada vez mais de mim, consegui reunir palavras para meu salvador.
— Você é o Pégaso mais corajoso que eu já vi.
E eu apaguei também.

                                      *

Acordei não sei quanto tempo depois, em um lugar escuro, mofado e úmido.
Por um instante, achei que tivesse morrido. Mas BlackJack ainda estava ao meu lado, inconsciente e não muito bem, mas estava.
Toquei seu pescoço e fiz carinho em sua crina, tão brilhosa e sedosa quando eu o encontrei, mas agora toda arrepiada e áspera devido ao ocorrido. Felizmente ele ainda estava vivo, mas eu duvidava de que ele fosse abrir as asas e voar novamente outra vez igual antes, especialmente por que ele estava com uma das asas queimadas e com certeza deve ter quebrado alguns ossos. Eu só esperava que ele desse sorte e tivesse quebrado somente a pata, e não a coluna.
Eu me endireitei e consegui ficar sentado, ignorando a dor. Olhei ao redor e realmente não fazia idéia de onde estava. Aquele monstro deveria ter nos matado.
Eu era Ateu, ou seja, não acreditava em Deus nenhum, mas eu com certeza deveria estar em qualquer outro lugar, menos aqui. Será que era isso que era morrer?
Mas isso não explicava o por quê de BlackJack estar comigo. Quando morríamos, morríamos sozinhos, disso eu tinha absoluta certeza.
Minha visão clareou um pouco e eu me vi em um lugar bem escuro (dããã) mas agora estava mais visível. Visualizei uma porta e janelas. Todas quebradas. Uma casa abandonada.
Mas como caralhos eu vim parar aqui?
Mas um ruído me chamou a atenção. BlackJack começou a gemer e voltei minha atenção pra ele. Sua respiração estava falha, mas pelo menos ele estava vivo.
— Donuts...
Franzi a testa. "Donuts?"
Até que um barulho atrás de mim desviou minha atenção dele. A porta velha se abriu e de lá apareceu um homem, de uns vinte e poucos anos, com uma  jaqueta meio velha no estilo de Sherlock Holmes, mas preta, calças jeans, também pretas e cabelos desgranhados, também negros. Suas feições eram meio cadavéricas, se querem minha opinião, mas havia algo de estranho nele.
Uma "aura" de poder emanava dele e eu não pude ver os seus olhos, só que eles eram bem brilhantes e que me encaravam. Até que ouvi sua voz, e ela não era nem áspera, nem rouca, e nem nada disso que eu esperava, mas a padrão de um homem com uns vinte e dois anos
— Como vai primo?

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Eita kkkkkkkkk qual primo divino daquele caso de família veio dar as caras hein? Prometo tentar não demorar muito, mas até a próxima 🥰

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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