Parte 1 - O Sol Nasce Em Fuyuki
Pov: Anuk RoseO sol mal se levanta, mas eu já estou de pé, me espreguiçando como se fosse um gato preguiçoso em um tapete quentinho. O cheiro de café fresco preenche a casa, seu aroma intenso invadindo todos os cantos como um convite irresistível para acordar. Por mais clichê que pareça, esse é o combustível matinal de todo dia. "Anuk, você não pode viver só de café!", diz minha mente racional, que sinceramente aparece nos piores momentos. Mas quem precisa ouvir isso quando o café está quente, fumegando na caneca e o dia promete aventuras? Ou pelo menos uma nova tentativa de ajudar aquela senhora teimosa do mercado a carregar suas compras - e ser dispensado com um "Posso fazer sozinha, garoto!".
Sim, eu sou assim. Barulhento, alegre, meio desajeitado e totalmente incapaz de passar despercebido. Mas, ei, alguém tem que trazer um pouco de energia para essa cidade cinzenta, não é? Engulo o café quente demais, queima a língua, mas quem se importa?
- Aí está, coragem líquida - Murmuro, piscando para a xícara antes de tropeçar nos próprios pés em uma dança quase ensaiada para pegar minha jaqueta vermelha. Por que vermelha? Porque, vamos ser sinceros, se eu não tiver o estilo de um herói das manhãs, quem terá?
O espelho me devolve um reflexo que me faz rir. Olhos verdes espertos, o cabelo branco bagunçado em um caos perfeitamente calculado - ou assim eu gosto de pensar.
- Bom dia, campeão - murmuro, imitando uma pose heroica com direito a um sorrisinho maroto. Uma risada escapa, e eu sinto a mesma velha vontade de fazer algo grandioso hoje - ou pelo menos tentar não derrubar nada até o almoço.
Depois de enfrentar uma verdadeira saga para encontrar as chaves (spoiler: estavam no bolso o tempo todo), saio de casa com um passo leve. A manhã está fresca, o ar mordisca a pele com uma promessa de chuva mais tarde. O asfalto reflete a luz suave do sol nascente, e a cidade acorda devagar. Cumprimento todos que passam, desde o senhor Tanaka, o dono da banca de jornal, que me lança um olhar que diz "tá cedo demais para o seu humor," até a menina de cachos que vende flores e sempre retribui com um sorriso que poderia iluminar uma quadra inteira.
- Bom dia, Fuyuki! - grito, recebendo de volta alguns olhares confusos e um riso abafado de uma senhora que sacode a cabeça, provavelmente pensando: "Lá vai o garoto de cabelo branco de novo."
Mas hoje, a animação que me acompanha tem um peso diferente. Conforme ando, meus pensamentos se voltam para Hana, ou "Kursh", como eu gosto de chamá-la quando quero ver aquele olhar exasperado. Ela está planejando uma viagem importante e, claro, como a cabeça dura que é, recusa minha ajuda com a mesma decisão com que eu recuso vegetais.
- Como ela acha que vou deixá-la ir sozinha? - murmuro, chutando uma pedrinha que está no meu caminho e que voa para longe com um pulo exagerado. Brasil. A terra do samba, do sol e de uma cultura tão vibrante que parece dançar em cada esquina. Eu me pergunto como seria viver lá, perdido em ritmos e sabores desconhecidos. Será que meu inglês e um sorriso bastariam para sobreviver? Provavelmente não. Me imagino tentando pedir direções e acabando em um desfile de Carnaval, vestido de penas e purpurina. Uma risada me escapa antes que eu balance a cabeça para dispersar a ideia.
Ah, Kursh, sempre teimosa, sempre firme em seguir o caminho sozinha. E eu? Bom, eu sou o tipo que insiste em estar por perto, pronto para ajudar, nem que seja apenas para ver aquele meio sorriso sarcástico aparecer por um segundo, mesmo que ela não admita.
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Fate / Ancient Land
FantasyEm uma cidade no coração do Brasil, o Ritual da Árvore-Mãe desperta, replicando a lendária Guerra do Graal. Sete mestres e seus servos míticos se enfrentam pela promessa de um desejo onipotente, mas a busca pelo poder esconde um preço terrível. À me...