Capítulo 7

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CAPÍTULO 7

De começo tive medo, mas meu medo era menor que minha curiosidade.

Então me levantei e fui caminhando devagar, com passos leves.

Não queria me assustar.

Quando entrei na sala, vi um vulto escuro escondido na sombra que o armário fazia.

*Quem está aí?

Disse cuidando para que minha voz não demonstrasse medo. Mas estava arrepiada de medo.

*Mesmo que eu diga quem sou, você minha criança, não irá lembrar de mim.

Quando ele disse "minha criança" tive uma lembrança vaga de já ter escutado antes o mesmo tratamento. Mas no momento não me lembrava de onde, ou de quem.

*Quem é você, e porque está na minha casa?

A sombra se mexeu um pouco, vindo em minha direção e percebi que era uma espécie de gato grande, muito grande na verdade.

Quando o vi se aproximar, me lembrei de já ter visto aquele tigre negro em uma das minhas viagens por assim dizer.

*Me lembro de você. Você é o tigre negro que conheci no rio.

Era o tigre que saiu do meu cajado no fundo do rio Huang He, na China, mas a pergunta que ficou na minha mente era... porque ele estava ali na minha casa...

O tigre se aproximou.

*Incrível que se lembre de mim. Respondendo a sua pergunta, este sonho é meu e não seu.

Como assim, aquele não era o meu sonho?

Estava na minha casa. Decidi perguntar diretamente o que ele estava fazendo na minha casa.

*Por que está na minha casa se o sonho é seu? E por que estou nele?

Falei olhando em seus olhos e ele não conseguiu manter o olhar, desviou em seguida, abaixando a cabeça.

Não entendi no começo, mas eu ainda não tive minha resposta, então fiquei aguardando mais um pouco.

Depois de alguns minutos, ele continuava em silêncio e de cabeça baixa.

De começo estranhei, mas eu tinha que obter o máximo de respostas hoje antes de acordar daquele sonho maluco.

*Então?

Perguntei novamente, mais para tirá-lo daquele transe.

Passou ainda alguns minutos antes dele finalmente me responder, mas os minutos se passaram tão devagar...parecia estar em câmera lenta tudo ao meu redor.

A cozinha estava na penumbra, a mesa estava posta para o jantar, mas não havia ninguém à vista, era como se minha família estivesse ali, mas eu não os via por algum motivo.

Quando ele falou sua voz tinha um timbre de cantor de ópera, uma voz grave, febril.

*Eu te chamei para dar um aviso, preciso que preste bem a atenção, pois sua vida depende disso. Não confie nas fadas, elas não são tão importantes assim em sua busca, vai haver dificuldades que só o cajado poderá te ajudar, mas se contar coisas demais a eles, não terá a confiança necessária para ter sucesso, e fracassará.

Ele estava sério, mas tinha um meio sorriso no canto de sua boca, não parecia estar mentindo, mas tinha algo muito estranho no tom da sua voz.

Não queria acreditar, mas fazia sentido, depois do que aconteceu com a fada violeta.

*Então está me dizendo que não posso confiar em ninguém.

Afirmei a ele, porque não era uma pergunta, eu tinha certeza de que ele estava certo, mas ainda tinha uma coisa que precisava entender e ia perguntar a ele agora.

Montanha do Dragão - A guerra entre as fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora