(Atenção a música pode ser perturbadora e/ou trazer sérios desconfortos, se for sensível não escute!)
Enquanto tentava voltar a mim, senti uma mão suave me ajudando a levantar. Era Amanda, que se aproximou com um olhar que misturava preocupação e alívio. A dor na minha cabeça era forte, e tudo ao meu redor parecia envolto em uma névoa densa. Lembranças dos rostos dos colegas pairavam na minha mente, mas o que mais me ocupava eram os broches frios que segurava nas mãos. Algo misterioso parecia envolvê-los, e eu queria muito descobrir o que era.
— Desculpe, eu... não sei o que aconteceu — murmurei, tentando entender o que havia rolado. Meus dedos deslizavam pelos broches, percebendo os detalhes elaborados que pareciam ter histórias para contar, esperando para serem descobertas.
Amanda parecia inquieta, como se sentisse que havia algo escondido nas sombras das árvores ao nosso redor. O dia estava acabando, e a luz estava diminuindo, criando uma atmosfera estranha.
— Deve haver uma explicação para isso... O que você viu, Clara? — perguntou Amanda, sua voz tremendo um pouco.
Eu hesitei. O olhar de Miguel e suas palavras assustadoras não saíam da minha cabeça. As histórias que pareciam dançar no tempo tinham a ver com aqueles broches, e eu sabia que ignorar o que vivi não era uma opção.
— Eu vi... coisas que não consigo explicar — comecei, cada palavra saindo com dificuldade. — Eles estão ligados a algo maior, algo que talvez vá além da gente.
Amanda franziu a testa, combinando preocupação com um toque de determinação. — Eles quem? Precisamos contar isso a alguém.
Senti um impulso de resistência. A última coisa que eu queria era envolver mais pessoas nessa confusão. As advertências que ouvi de outros alunos ecoavam na minha mente: "Nem todos os segredos devem ser revelados".
— E se isso colocar mais pessoas em perigo? — Uma coragem inexplicável tomou conta de mim. Parte de mim estava cada vez mais atraída por aquelas sombras que pareciam sussurrar meu nome. — Precisamos descobrir mais sozinhas.
Amanda hesitou, lutando internamente, mas acabamos concordando que o primeiro passo era encontrar nosso próprio caminho. — Então, o que fazemos agora? — ela perguntou, ainda soando insegura.
Olhei novamente para os broches, quentes em minhas mãos, como se fossem vivos. A ideia de que eles guardavam segredos capazes de mudar nossas vidas começou a crescer dentro de mim.
— Vamos voltar para a escola, pegar algumas coisas e depois procurar respostas. Se esses broches realmente significam algo, temos que descobrir o que é — decidi, sentindo minha determinação aumentar.
As duas concordaram, mesmo que com cautela. Sabíamos que não podíamos perder mais tempo. A escuridão se aproximava, e, por um breve momento, tive a sensação de que havia alguém observando a gente nas sombras.
Quando nos afastamos do bosque, uma presença estranha parecia nos acompanhar. À medida que a estrada se desenrolava à nossa frente, uma figura conhecida surgiu entre as árvores.
— Clara! Amanda! Esperem! — Miguel chamou, sua respiração ofegante e seu semblante preocupado eram claros.
— O que aconteceu? Eu vi você desmaiar e... — começou ele, mas logo fixou os olhos nos broches que eu ainda segurava.
— Você também sabe deles, não sabe? — perguntei, incapaz de conter a curiosidade. — O que são esses broches, Miguel? — A urgência na minha voz ecoou no ar.
Ele hesitou, olhando ao redor, como se o simples ato de falar sobre eles pudesse trazer algo mais à tona. — São os mesmos broches da Mia, entende? Um dia ela me disse que eles simbolizavam sacrifícios... era um grupo que ela considerava como uma família. Era meio estranho, e a gente parou de se ver por causa disso. Eu fiquei com medo, mas antes ela me deu um livro sobre isso — respondeu.
— Vocês estavam juntos?! — disse Amanda, sua voz endurecendo com irritação.
— Não é hora para isso, Amanda — retruquei, tentando focar no que importava.
— Sacrifício? — Amanda perguntou, sua preocupação evidente.
— Não é algo que se fala por aí. É perigoso... pelo que ela me contou. Mas, se vocês realmente querem saber, estejam preparadas para o que vão descobrir. O livro diz que esses broches escolhem quem perseguem de algum jeito — Miguel olhava para longe, parecendo enxergar algo além do que estava ali.
Amanda e eu trocamos olhares, sentindo uma mistura de medo e empolgação.
— O que precisamos fazer? — perguntei, começando a sentir uma determinação arder dentro de mim.
— Primeiro, precisamos investigar o que aconteceu antes. Eu ainda tenho o livro guardado no meu armário. Vamos lá? — sugeriu Miguel.
A proposta ficou pairando no ar, um convite para desvendarmos um mistério que, apesar de perigoso, prometia nos levar a verdades esperando para serem descobertas. E, mesmo que a ideia de sacrifício estivesse em nossas mentes, havia uma força irresistível que nos empurrava para a frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Chamado Das Sombras
ParanormalAo se tornar a nova aluna do misterioso colégio São Miguel, Clara se vê envolvida em um enigma aterrador com o desaparecimento de colegas. Junto com Flora, Amanda, Pedro e Miguel, ela investiga os segredos obscuros de um suposto culto que assombra a...