Entre flores e confissões

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Roberta estava sentada na cama, o olhar perdido no vazio, enquanto a luz suave do fim da tarde entrava pela janela. A expressão dela era de derrota, como se cada tentativa de seguir em frente tivesse deixado uma marca indelével em seu coração. Quando entrou no quarto onde Macris estava, um silêncio pesado pairou entre elas.

“O que houve, Rô?” Macris perguntou, a preocupação evidente na sua voz. Ela ergueu uma sobrancelha, sem conseguir esconder a tristeza ao ver a amiga tão abatida.

“Outro encontro fracassado,” Roberta respondeu, soltando um suspiro profundo e deixando os ombros caírem como se todo o peso do mundo estivesse sobre eles. Ela se jogou na cama, olhando para baixo e brincando nervosamente com os dedos.

“Simplesmente... não foi bem. De novo,” completou Roberta, sua voz quase um sussurro.

“E o que aconteceu dessa vez?” Macris questionou, a preocupação crescendo enquanto pensava no que poderia ter acontecido. Parte dela não gostava da ideia de Roberta saindo com outras garotas.

“Eu não sei,” Roberta disse, a frustração transparecendo em seu tom. “Toda vez que penso que pode estar indo para algum lugar, eu simplesmente... estrago tudo. Ou talvez elas percebam que eu sou demais — muito ocupada, muito... eu.”

Macris estendeu a mão e colocou uma mão reconfortante no ombro de Roberta. “Roberta, você é exatamente o suficiente. Se elas não conseguem ver isso, são elas que estão perdendo, não você.”

Roberta sentiu as palavras ressoarem dentro dela e suspirou novamente, desviando o olhar. “Não, eu sei o que você está dizendo... Eu aprecio isso, mas é... eu quero me sentir como a primeira escolha de alguém. Eu quero ser a primeira escolha delas. Sem dúvidas, sem hesitação,” murmurou.

“Roberta... talvez... talvez você já seja a primeira escolha de alguém. Talvez você só não tenha percebido,” disse Macris, olhando nos olhos da amiga com intensidade.

Um pequeno sorriso esperançoso surgiu no rosto de Roberta, mas logo ela balançou a cabeça em negação. “Obrigada, Má, mas acho que eu já saberia.” Ela riu um pouco para aliviar a tensão.

Macris hesitou por um momento; uma tempestade de emoções agitava seu interior. Parte dela queria gritar — dizer a Roberta que ela já era sua primeira escolha — mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Em vez disso, ofereceu um sorriso suave e firme. “Rô, você é... uma das pessoas mais incríveis que eu conheço. E se alguém não vê isso imediatamente, então não merece você. Mas quando a pessoa certa aparecer... você será exatamente o que eles estavam esperando.”

“Obrigada, Macris. Não sei o que faria sem você,” respondeu Roberta com sinceridade.

As duas foram dormir naquela noite com pensamentos entrelaçados uma na outra; Roberta estava decidida a se confessar para Macris no dia seguinte.

Na manhã seguinte, aproveitando uma meia hora de folga do treino sem ninguém perceber, Roberta foi até uma floricultura e escolheu um lindo buquê de flores coloridas. Com o coração acelerado e um misto de nervosismo e esperança, ela entrou no quarto onde Macris estava.

“Roberta?” A voz de Macris era suave e curiosa ao mesmo tempo. “O que é isso?” Ela olhou intrigada para o buquê nas mãos da amiga.

Roberta sorriu nervosamente e segurou firme as flores. “Ei Macris. Eu... uh, eu comprei isso para você.” Ela estendeu o buquê com as mãos tremendo levemente.

O sorriso imediato e caloroso de Macris fez o coração de Roberta acelerar ainda mais. “Obrigada! Mas qual a ocasião?” perguntou ela com um brilho nos olhos.

Roberta engoliu em seco antes de responder: “Na verdade, eu quero te perguntar uma coisa.” Sua voz tremia ligeiramente enquanto ela tentava manter a compostura.

Macris levantou uma sobrancelha em expectativa; seu sorriso ainda permanecia no rosto dela. “Okay, o que foi?”

Roberta respirou fundo e deu um passo à frente. “Estou pensando sobre isso há um tempo,” começou ela com cautela. A voz saía trêmula mesmo assim: “Você e eu... Eu sei que somos amigas há tanto tempo e sei que isso complica as coisas. Mas... Eu não quero continuar fingindo que não sinto algo mais.”

Ela fez uma pausa; seu coração pulsava forte em seu peito enquanto tentava manter os nervos sob controle. O sorriso de Macris vacilou por um instante e Roberta temeu ter dito algo errado até que os olhos dela suavizaram novamente.

“Roberta,” Macris disse lentamente enquanto dava mais um passo em direção à amiga. “O que você está querendo dizer?”

Quando Roberta olhou nos olhos gentis de Macris, sentiu uma onda de coragem invadi-la: “Estou dizendo que quero te levar para um encontro. Um encontro de verdade! Não como amigas! Quero ser mais do que isso! Eu queria isso há tanto tempo!” A emoção transbordava ao sair das suas palavras.

Ela prendeu a respiração enquanto esperava pela resposta de Macris; o peso do momento parecia quase insuportável.

“Sabe,” começou Macris com um sorrisinho travesso nos lábios, “eu estava me perguntando quando você iria descobrir.”

“Espere! Você...” tentou falar Roberta.

Macris segurou delicadamente o rosto de Roberta entre suas mãos: “Estou esperando você me pedir há muito tempo.” A sinceridade na voz dela fez os olhos da amiga brilharem com esperança.

“Você é minha amiga,” continuou Macris com um sorriso terno nos lábios. “Você sempre foi. Mas eu queria mais também; eu só não queria te empurrar para algo para o qual você não estava pronta.”

Os olhos de Roberta se arregalaram enquanto seu peito inchava com alívio e alegria ao ouvir aquelas palavras tão esperadas: “Você quer sair comigo?” perguntou ela com um misto de incredulidade e felicidade ainda pulsando dentro dela.

Macris riu suavemente; seu polegar roçou delicadamente a bochecha de Roberta enquanto ela se inclinava mais perto: “Sim! Estou cansada de ver você sair com pessoas que não sou eu!” provocou antes de finalmente fechar a lacuna entre elas e pressionar seus lábios nos de Roberta em um beijo demorado e cheio de promessas para o futuro juntas.

Entre amigas,novos caminhosOnde histórias criam vida. Descubra agora