A Oportunidade Perdida

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Capítulo 1: A Oportunidade Perdida

Passei o dia todo rodando a cidade, entregando currículos em todos os lugares que pareciam minimamente aceitáveis. Era incrível como as pessoas te olhavam com indiferença, como se você estivesse ali apenas desperdiçando o tempo delas. Quando minhas pernas já não aguentavam mais e meu último resquício de paciência estava prestes a sumir, parei numa cafeteria. Tentei não pensar em como pagaria por aquele café, mas só precisava de um tempo para respirar.

Abri o jornal que havia comprado pela manhã e comecei a folhear, um pouco desinteressada. Mas uma manchete me chamou a atenção: Estágio para estudantes de Pedagogia em ONG de apoio educacional para jovens em vulnerabilidade. Eu mal pude acreditar! Seria perfeito, o que mais poderia querer? Já sabia o quanto queria fazer a diferença e sabia que o meu lugar seria ali.

Li até o fim, anotando mentalmente o endereço e as informações. ONG focada em educação. Sócio principal: Joshua Lima. Suspirei e revirei os olhos. Era óbvio que esse tal de Joshua era o tal jogador de futebol que andava em todas as revistas e capas de sites por aí. Só de pensar na ideia de ele estar envolvido naquilo já me irritava um pouco, mas decidi que não poderia deixar a oportunidade escapar.

Fui para casa, troquei de roupa e, sem pensar duas vezes, saí de novo, já me preparando para qualquer coisa que pudesse acontecer. Afinal, era uma oportunidade rara, e eu precisava impressionar – ainda que estivesse com um pé atrás sobre aquele ambiente cheio de fama e imagem.

Assim que cheguei ao prédio da ONG, entrei e me dirigi à recepção. Uma moça simpática me olhou e pediu que eu esperasse um pouco. Minutos depois, ouvi uma voz.

— Você é a candidata ao estágio? — perguntou o homem, com um tom entediado. Quando levantei os olhos, lá estava ele: Josh, em pessoa. Sim, era o famoso jogador, e sim, ele era exatamente como eu imaginava: arrogante, com aquele ar de quem pensa que é o dono do mundo.

— Sim, sou eu — respondi, tentando soar firme, mas meu estômago estava revirado de nervosismo. Entreguei meu currículo nas mãos dele, me esforçando para não mostrar minha irritação. Quem ele pensava que era para me olhar assim?

Josh deu uma olhada rápida no currículo, como se aquilo fosse a coisa mais chata do mundo, e então soltou um suspiro.

— Ok, pode esperar na sala de reuniões — disse ele, apontando a direção sem nem ao menos se dar ao trabalho de me olhar nos olhos.

Me segurei para não rolar os olhos e fui até a sala indicada. O lugar era simples, mas com uma sensação acolhedora. Sentei na cadeira e esperei, tentando me acalmar. Alguns minutos depois, Josh apareceu novamente, dessa vez acompanhado por uma mulher que parecia ser a coordenadora.

— Então, Beth — ele começou, com aquela mesma expressão impassível —, você até tem uma boa formação, mas estamos buscando alguém com mais experiência em lidar com o público que atendemos aqui.

Eu tentei esconder minha frustração, mas ele continuou, implacável:

— No momento, não podemos avançar com sua candidatura. O nível de exigência para essa vaga é alto, e você ainda não tem a bagagem necessária para o que estamos procurando.

A cada palavra dele, eu sentia o sangue fervendo. Tanta espera, tanto esforço para isso? Ele sequer tinha dado uma chance para me conhecer, entender minha motivação. E então, eu explodi.

— Quer saber, Josh? — retruquei, sentindo minha voz tremer, mas sem baixar o olhar. — Vocês pedem estagiários com “bagagem”, mas como querem que alguém tenha experiência se ninguém nunca dá uma oportunidade? Isso tudo aqui é só fachada para você parecer o herói, ou realmente querem ajudar as pessoas?

Por um segundo, o rosto dele pareceu surpreso, e percebi que minha reação o pegou de guarda baixa. Ele ergueu uma sobrancelha, me avaliando com aquele ar superior.

— Você está insinuando que isso é uma fachada? — ele perguntou, cruzando os braços. — Pode não acreditar, mas há muito mais em jogo do que sua frustração por não ter conseguido uma vaga.

A vontade que eu tinha era de dar meia-volta e nunca mais ouvir falar naquele lugar, mas me segurei.

— Estou só dizendo que, talvez, esse discurso de “ajudar” não seja tão verdadeiro quanto parece — respondi, apertando minha bolsa contra o peito. — Mas, tudo bem, obrigada por… nada.

Fiz menção de sair, mas ele me chamou novamente, e, pela primeira vez, o vi hesitar, como se não soubesse exatamente o que dizer.

— Beth, espera — ele falou, com um tom menos rígido, embora eu sentisse que aquilo custava a ele. — Olha, o trabalho aqui é sério, e você não nos conhece para falar dessa forma.

Revirei os olhos.

— Não preciso conhecer para saber o tipo de pessoa que você é, Josh. Acho que já vi o suficiente.

E, com isso, virei as costas e saí da sala. Eu sabia que talvez estivesse agindo por impulso, mas naquele momento, não me importava.

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Oq acharam? Oq preciso mudar? Pode fazer os capítulos de acordo com oq preferem 🙈🙈🙈

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